Resumo

INTRODUÇÃO

O surgimento do futebol se deu oficialmente durante a primeira metade do XIX, nas Universidades Públicas Inglesas. Entretanto, segundo Melo (2000), jogos similares ao futebol já eram praticados pelos povos Maias, Egípcios e Chineses, muito tempo antes que essa prática fosse desenvolvida neste país.
No Brasil, esse esporte já era praticado por alunos de Colégios Jesuítas e também por marinheiros, antes mesmo da difusão feita por Charles Miller em 1894. Em São João del –Rei, segundo Assis (1985) o futebol teve suas primeiras manifestações por volta do inicio do século XX, onde se originaram clubes como o Atletic Club (1909) e o Minas Futebol Clube (1916), os quais possuíram papeis importantes na emergência do futebol local.
Com o passar dos anos, o futebol em São João del-Rei se expandiu e a partir disso a imprensa local começou a apoiar a prática desse esporte na cidade. Em 1947 fundou-se a rádio São João del– Rei, a qual desde aquela época apoiava o futebol da cidade. Um dos principais nomes nas narrações esportivas foi Antônio Fraga, que segundo Resende (2012) iniciou sua trajetória no Oratório Festivo Santo Antônio, onde narrava partidas de jovens naquele espaço. Com o incentivo de amigos, em 1956, Fraga, iniciou oficialmente sua carreira na rádio São João del – Rei. Tendo em vista toda a carreira desportiva do radialista Antônio Fraga, este trabalho se propõe pesquisar as coberturas de rádio do futebol São-Joanense, no período que corresponde à segunda metade da década de 1950 e inicio da década de 1960.

OBJETIVO
Este estudo tem como objetivo resgatar a história do Radiojornalismo Esportivo na cidade de São João del-Rei, a partir das memórias do radialista Antônio Fraga.

METODOLOGIA
Este estudo é pautado em uma investigação exploratória, de natureza qualitativa. Para Triviños (1987), a pesquisa qualitativa comporta a opção de um problema, uma coleta e a análise das informações. Enquanto as informações são coletadas ocorre à interpretação, originando a necessidade de procura de novos dados, significando a dinâmica flexível da pesquisa qualitativa e a exigência de revisão aprofundada de literatura relativa ao objeto de pesquisa. Estas características da pesquisa qualitativa demandam do pesquisador “amplo domínio não só do estudo que está realizando, como também do embasamento teórico geral que lhe serve de apoio” (TRIVIÑOS, 1987. p. 132). Ainda para a realização da pesquisa foi utilizado como instrumento de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, registrada em vídeo e áudio e posteriormente transcrita.
A entrevista utilizou como base os referenciais bibliográficos levantados. Posteriormente foi formulado um roteiro de perguntas que norteou o desenvolvimento da pesquisa. O roteiro da entrevista foi dividido em três blocos, onde, no primeiro bloco, perguntas relativas à origem da história de Antônio Fraga no rádio e suas primeiras transmissões. O segundo bloco, perguntas do âmbito de histórias do futebol e a relação com os torcedores. Já o terceiro, aspectos gerais das transmissões de Antônio Fraga e algumas curiosidades. A coleta de dados ocorreu nos dias: 29 de maio, 01 de junho e 13 de Junho de 2012.

ANÁLISE E DISCUSSÃO
A análise dos dados foi por meio das informações obtidas na entrevista em articulação com o referencial teórico levantado inicialmente. O inicio das entrevistas se refere ao começo da carreira do radiojornalista no Oratório Festivo, onde sua voz ficou conhecida e chamava atenção das pessoas que por ali passavam. Devido a suas transmissões no Oratório um amigo inscreveu Fraga em um concurso da Rádio São João, onde o mesmo venceu e passou a transmitir os jogos de futebol. Fraga relata que em suas primeiras transmissões se deparou com dificuldades técnicas, como a falta de linhas telefônicas para as transmissões. Outro problema recorrente era os cabos que quando não eram roubados eram cortados, levando a rádio a montar o equipamento no próprio dia do jogo.
Fraga em suas falas deixa claro o reconhecimento da paixão que o futebol exerceu junto à população são-joanense, confirmada pela presença maciça aos estádios e pelo acompanhamento dos jogos via rádio. O radialista afirma que as transmissões tiveram papel fundamental na ida dos torcedores para os campos de futebol, principalmente nos clássicos.
A respeito de curiosidades existentes nas transmissões, Fraga relata algumas, a principal e mais famosa, é a do radialista Murilo Neves, seu antecessor na Rádio São João. O jogo transmitido era Athletic e Minas, e em um lance decisivo, o radialista além de falar um palavrão, demonstrou sua preferência por um dos clubes. O episódio gerou grande repercussão na sociedade são-joanense da época.
O período da segunda metade da década de 1950 e inicio da década de 1960, representou o período áureo das transmissões de futebol, onde Fraga deu suas contribuições. Além das transmissões de futebol, Fraga também realizava transmissões religiosas, tinha um programa esportivo semanal e após deixar as transmissões se dedicou a programas de auditório para adultos e posteriormente para o público infantil.

CONCLUSÕES
As memórias aqui apresentadas contribuíram para que além de preservar um legado a ser deixado para as futuras gerações, foi um estímulo para que o chamado “esporte das multidões”, em São João del-Rei desde os primórdios do século passado e difundido pelas ondas do rádio, não seja esquecido e reencontre seus momentos de glória.

REFERÊNCIAS
ASSIS, Astrogildo. Futebol em São João del-Rei. In: Revista do IHG.São João del-Rei.Vol. III, 1985.
MELO, Victor Andrade de. O esporte e o projeto de modernização do Rio de Janeiro na transição dos séculos XIX-XX: As relações com as autoridades governamentais. In: NETO, Amarílio Ferreira. Pesquisa Histórica na Educação Física. 5, Aracruz, ES: Facha, 2000.p,27-52.
RESENDE, Rodrigo. É disso que o torcedor gosta: a história das transmissões radiofônicas de Futebol e São João del-Rei (MG). São Paulo: Scortecci, 2012.
TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987. 174p

FONTE DE FINANCIAMENTO
FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais).


 

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