Resumo

A antropologia do esporte se dedica ao estudo de um fenômeno de imensa presença na nossa contemporaneidade. Neste contexto, de maneira geral, se estabeleceu a definição de esporte como atividade física competitiva, regrada e dinamizada por organizações oficiais esportivas. Entretanto, esta conceituação não contempla numerosas práticas que não se ajustam a tais características. Assim, a definição de esporte é um campo de disputas ainda não completamente acordadas. E a antropologia, diferentemente de outras áreas das ciências humanas e sociais, com seu cabedal teórico-metodológico, nos possibilita reflexões, muitas vezes comparativas dos campos etnográficos, sobre as representações, valores e normas que os interlocutores estudados produzem em suas vivências culturais. Dentro desta perspectiva, alguns dos dados construídos na minha tese de doutorado sob o título “Sociabilidades no Clube de Malha: perspectivas antropológicas sobre jogo, masculinidade e envelhecimento”, assim como a pesquisa desenvolvida por mim no IFRJ intitulada “Sociabilidade no Clube de Malha Mauá: significados atribuídos por jogadores de malha a sua prática esportiva” destacam o jogo de malha como uma atividade que se encontra em certa medida na fronteira entre os objetos em diálogo: o jogo e o esporte. Destarte, este trabalho intenta apresentar o meu projeto de pós-doutorado cujo objetivo é ampliar este campo etnográfico, trazendo questões para refletir os processos de esportivização vividos pelos diferentes jogos, pistas, clubes de malha na cidade de Volta Redonda. A partir da construção destes “novos” dados, centrar o foco na análise dos conceitos de jogo e esporte a partir de reflexões antropológicas mais contundentes sobre estes campos de ideias. Dentro deste escopo, os jogos de malha que acontecem na cidade de Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, foram escolhidos como locus do presente estudo, exatamente por serem os únicos dentro deste estado que estão vinculados a uma Liga Esportiva. Encontram-se reunidos na cidade em torno de 20 clubes de malha, sendo que somente 8 deles participam da Liga Sul Fluminense; os outros continuam praticando o jogo de malha, porém não necessariamente seguindo as regras estipuladas pela Liga. Como metodologia, o estudo apoia-se na etnografia utilizando-se da perspectiva de perto e de dentro. Essa opção se adequa aos estudos urbanos que possuem dificuldades de realizar a imersão total no campo, como é o meu caso. Moro na cidade de Niterói e o meu campo etnográfico fica em torno de 140 km de distância da minha residência. O propósito é estar presente nos finais de semana dos jogos da Liga Sul Fluminense de malha, acompanhar o time de Volta Redonda em campeonatos nacionais e ir visitar Clubes de malha que não participem da Liga Sul Fluminense.
 

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