Resumo

O objetivo do presente estudo foi investigar se existe correlação entre hormônios que tem suas concentrações impactadas pelo sono (testosterona, cortisol e razão T/C) e lesões musculoesqueléticas de atletas adolescentes. Além disso, comparar estas variáveis em diferentes fases de treinamento e férias escolares dos atletas. A amostra foi composta por 19 atletas atletismo (13 meninos e 6 meninas), entre 12 e 21 anos, das categorias de 100, 200, 400 metros, que participaram de competições nos últimos seis meses. As avaliações foram divididas em: Fase preparatória: período de meio da temporada esportiva; Fase competitiva: período competitivo; e Fase de Férias Escolares: período de sono livre. Em cada fase, os atletas foram utilizaram um actígrafo por 10 dias, concomitante a coleta de saliva por cinco dias consecutivos de treinamento para a mensuração de testosterona e cortisol. O registro das lesões foi realizado diariamente em conjunto com a equipe fisioterápica. Para a análise estatística foi utilizada a ANOVA de repetidas para a comparação entre as fases. Para estimar o grau de associação entre as variáveis hormonais e lesões, foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. Na fase de Férias Escolares apresentaram maior tempo total de sono de 7:33 horas ± 56,96, quando comparado a fase competitiva, 6:56 horas ±46,44. Menor tempo acordado após o início do sono nas férias (36 minutos ±15,28) e na fase competitiva (29 minutos ±9,95) quando comparado à fase preparatória (46 minutos ±12,42). Não foram observadas diferenças nas demais variáveis de sono, assim como, nas lesões e variáveis hormonais. Foi possível observar que atletas que apresentaram boa qualidade de sono não lesionaram. Atletas do sexo feminino apresentaram uma correlação positiva forte entre cortisol e lesões musculoesqueléticas na fase competitiva (ρ=0,68; p=0,06) e atletas do sexo masculino apresentaram correlações positivas regulares entre as mesmas variáveis nas fases preparatória (ρ=0,55; p=0,02) e competitiva (ρ=0,45; p=0,08). Não foram observadas correlações significativas entre as lesões musculoesqueléticas e testosterona ou razão testosterona/cortisol. Concluímos que em atletas adolescentes o sono é uma variável importante, pois pode impactar nas concentrações hormonais que influenciam no risco de lesões musculares, uma vez que, no presente estudo, os atletas avaliados apresentam quantidade de sono abaixo do ideal e, além disso, foi possível observar correlações importantes entre as concentrações de cortisol e as lesões musculoesqueléticas nas fases preparatória e competitiva.

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