Resumo

Introdução: a epidemia mundial de obesidade aumentou a prevalência de doenças metabólicas, como a síndrome metabólica que afeta a população cada vez mais jovem, aumentando os riscos de morbimortalidade precoce. A Federação Internacional de Diabetes estabeleceu critérios para a definição da síndrome metabólica em adolescentes, sendo a circunferência de cintura um fator obrigatório somado a alteração de outros dois fatores, dentre eles: triglicérides, glicemia, HDL-c e pressão arterial. Outro fator importante é o estado psicológico de adolescentes, pois pode afetar sua interação social com os pares e reduzir envolvimento com práticas saudáveis à medida que o adolescente apresenta baixo autoconceito. Objetivo: analisar a prevalência de síndrome metabólica e dos fatores associados como o excesso de peso, comportamento ativo e sedentário e sua relação com o autoconceito de adolescentes na faixa etária de 15 a 18 anos. Métodos: estudo descritivo com delineamento epidemiológico de corte transversal. Fizeram parte do estudo 190 adolescentes de ambos os sexos, estudantes do Ensino Médio de uma Escola Técnica Estadual da cidade de São Paulo. Foram coletados dados antropométricos, hemodinâmicos, amostras de sangue para determinar os fatores de risco da síndrome metabólica e questionários estruturados de autoconceito e tempo ativo/sedentário. Resultados: a prevalência de síndrome metabólica foi de 1,1% e só estava presente nas adolescentes do sexo feminino. O autoconceito físico foi significativamente menor nos adolescentes com ≥ 2 fatores de risco da síndrome metabólica em relação ao grupo “nenhum fator”. O autoconceito físico dos adolescentes do sexo masculino correlacionou-se negativamente com o índice de massa corporal e com a circunferência de cintura. Já a circunferência de cintura das adolescentes do sexo feminino mostrou correlação negativa com os autoconceitos físico e social. O tempo fisicamente ativo, correlacionou-se de forma positiva com o autoconceito atlético de ambos os sexos. Então, por meio da modelagem de caminhos estruturais foram observadas influências negativas de 30% das variáveis bioquímicas, 16% das hemodinâmicas e 12,6% das antropométricas no autoconceito dos adolescentes do sexo masculino, já o tempo fisicamente ativo mostrou exercer uma influência positiva de 40,6% no autoconceito dos adolescentes do sexo masculino. Conclusão: esse estudo encontrou menor prevalência de síndrome metabólica do que outros estudos com adolescentes de outros países. Foi encontrada relação entre os fatores de risco da síndrome metabólica e autoconceito, sendo que esses fatores exerceram influência negativa no autoconceito e o tempo fisicamente ativo influência positiva. Contudo, o tempo sedentário não mostrou influenciar o autoconceito nesse grupo de adolescentes, mas outros estudos mostram ser um importante indicador de risco metabólico. Entretanto, outros estudos são necessários para compreender se os fatores de risco da síndrome metabólica são causa ou efeito do baixo autoconceito em adolescentes.

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