Resumo

O processo de envelhecimento leva ao declínio dos componentes da capacidade funcional que por sua vez pode resultar em um maior medo de quedas. Desse modo, as atividades da vida diária (AVDs) são comprometidas, uma vez que os idosos passam a realizar AVDs com maior cautela. Uma tarefa que é frequentemente executada durante o dia a dia e pode sofrer influência direta do medo de cair é o levantar e andar (LEA). Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar a correlação entre o medo de cair e o desempenho da LEA. Como hipótese, acreditamos que idosos apresentarão uma alta correlação entre o medo de cair e as variáveis de desempenho da LEA, como o Índice de fluidez (IF) e tempo total da LEA (TT). Participaram do estudo 13 idosos saudáveis (idade: 70,46 + 4,84 anos). Os idosos realizaram a LEA, onde permaneceram sentados em uma cadeira sem braços e sem encosto, com os pés descalços posicionados em uma posição confortável. Após ouvirem um toque de telefone posicionado 4 metros a sua frente, os indivíduos foram instruídos a atender ao telefone o mais rápido possível, com o intuito de não deixarem a ligação "cair". Cada participante realizou 5 tentativas. Através de uma avaliação cinemática foi determinado o IF (determinado em porcentagem, como a máxima queda do momentum anteroposterior do Centro de Massa (CM) em relação ao seu pico inicial). Já o TT foi determinado como o tempo entre o toque do telefone até o momento do toque do calcâneo de balanço no solo. O medo de cair foi analisado por meio da Falls Efficacy Scale - International (FES-I). Essa escala é composta por 16 perguntas sobre o medo de cair em diferentes situações de nível de dificuldade variada. Para cada pergunta atribui-se um critério de pontuação de 1 (menor medo de cair) a 4 (maior medo de cair). Para a análise estatística foi utilizado o teste de correlação de Spearman, e o nível de significância foi mantido em 5%. Não foi observada nenhuma correlação entre o FES-I e IF e TT. Apesar de 9 dos 13 idosos apresentarem uma moderada preocupação em cair (apresentaram entre 20 - 27 pontos na FES-I) e 1 idoso, grande preocupação em cair (apresentou entre 28 - 64 pontos na FES-I), o desempenho da LEA não teve nenhuma relação com o medo de cair. Baseado nesse resultado é possível concluir que, mesmo apresentando algum nível de medo de quedas, esses idosos conseguem desempenhar a LEA com uma boa fluidez. Esse resultado é atribuído principalmente à execução da tarefa com uma demanda temporal importante: os indivíduos superam o medo de cair para realizar a tarefa em um menor tempo possível. Considerando a alta ocorrência de quedas nessa população e suas consequências, esse é um resultado preocupante, logo, que esses indivíduos parecem não "respeitar" suas limitações físicas quando executam tarefas locomotoras com uma demanda temporal importante. Intervenções físicas devem considerar esses aspectos apresentados aqui.

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