Resumo

Esta pesquisa teve o objetivo de mensurar variáveis motoras e funcionais do membro superior (MS) na fase aguda e nos três meses após um Acidente Vascular Encefálico (AVE), visando identificar e observar a relação dos déficits residuais (DR) destas variáveis em cada avaliação, assim como o ganho entre os dois períodos em pacientes com comprometimento motor leve/moderado e severo no MS na fase aguda. Foram avaliados 29 indivíduos (17 severos e 12 leve/moderados) adultos (63,7±14,3 anos) de ambos os sexos com seqüela de hemiplegia/hemiparesia devido ao AVE na fase de aguda (9,3±3,4 dias pós-AVE) e nos três meses após a lesão. Nas avaliações foram medidas as evoluções das variáveis motoras (espasticidade - Escala de Ashworth modificada; grau de déficit motor e somatossensorial - Escala de Fugl-Meyer-MS; força de preensão - dinamômetro manual Chatannoga®, destreza digital - Nine Hole Peg Test/NHPT) e da variável funcional (nível de independência nos auto-cuidados - MIF). Para verificar e comparar o déficit motor, a força de preensão manual, a destreza e a independência funcional entre a fase aguda e 3 meses em todo grupo e nos sub-grupos de pacientes severo e leve/moderado foi utilizado o Teste de Wilcoxon. Para a comparação entre sub-grupos, foi utilizado o Teste de Mann-Whitney. A mensuração da força da associação entre: a força de preensão manual (média da força máxima) e destreza digital com os níveis do déficit motor, e nível de independência nos auto-cuidados utilizou-se a correlação de Spearman. Para investigação das diferenças entre as variáveis estudadas (déficit motor, força de preensão e destreza digital) na fase aguda e sub-aguda, foi utilizado o teste-t de Student. As maiores correlações do DR força foi com déficit motor tanto na fase aguda como aos três meses (ρ=0,91 e 0,82 respectivamente) e do DR da destreza digital foi com a independência funcional nos auto-cuidados na fase aguda e com o déficit motor aos três meses (ρ=0,72 e 0,78 respectivamente). A correlação entre o DR da força e destreza digital apresentou-se maior aos três meses (ρ=0,75) em comparação a fase aguda (ρ=0,70). O conhecimento da evolução da força de preensão e destreza nos primeiros meses após o AVE poderá trazer informações relevantes para o planejamento da prática clínica e a reabilitação do membro superior parético visando a independência funcional do paciente.