Resumo

INTRODUÇÃO 

A proposta de Ensino Aberto (HILDEBRANDT & LAGING, 1986) tem como característica principal a construção coletiva dos saberes através dos sentidos incorporados na interação social por processos interpretativos. O presente relato trará um referencial de metodologia de Ensino Aberto atrelado a outras abordagens que privilegiam a formação crítica e social. 

JUSTIFICATIVA
Diante das dificuldades em planejar as aulas de Educação Física, frente a um currículo predominantemente tecnicista e esportivista, existe a preocupação em reverter a ação educativa em prol da sensibilização dos sujeitos e produção de uma formação emancipatória. 

OBJETIVOS
Lançar mão da possibilidade de democratização da experiência pedagógica e valorização cultural, apostando assim na aproximação da intervenção educativa com as reais necessidades e aflições desses atores culturais através das manifestações da cultura corporal apontadas por eles, tudo em um processo democrático, propício portanto ao desenvolvimento da autonomia e consciência crítica. 

DESENVOLVIMENTO
A primeira etapa consistiu em informar sobre a cultura corcoral como objeto de estudo da disciplina, os conteúdos e objetivos a serem perseguidos. Em seguida foram distribuídos na lousa os conteúdos (jogos, danças, esportes, lutas, atividades circenses, exercícios físicos, brincadeiras, ginástica), cabendo à turma indicar as atividades dos respectivos conteúdos e em seguida elencar dois ou três de cada para ser desenvolvido durante o ano. Optei por não restringir qualquer escolha dos alunos, me dispondo apenas a escrever as atividades sugeridas e indicar as características de cada conteúdo.

Paraquedismo 

Desacreditado pelos alunos do 9º ano da escola estadual onde leciono a cerca de um ano em Ijací, Minas Gerais, busquei nas minhas brincadeiras de infância e na pesquisa o preparo da atividade. Em 1495, Leonardo da Vinci trabalhou em um projeto e escreveu “ Se um dia alguém dispuser de uma peça de pano impermeabilizado, tendo os poros bem tapados com massa de amido e que tenha dez braças de lado, pode atirar-se de qualquer altura, sem danos para si“. De posse dessa informação e outros conceitos sobre o tema, juntei alguns bonecos, sacolas plásticas e barbante e levei para os alunos a proposta de confeccionar paraquedas em miniatura com referência na afirmação. O teste do equipamento obteve sucesso causando grande euforia nos alunos. Trabalhamos também, na dimensão atitudinal, a boa utilização do paraquedas como possibilidade de salvar vidas e também a má, como instrumento de guerra. Como avaliação redigiram redações contando a experiência e sentimentos. 



Vídeo Game

Essa atividade aconteceu em uma escola pública em Carmo da Cachoeira, Minas Gerais. A preocupação seria a ociosidade que ficariam os alunos que esperam para jogar, visto que só podiam dois alunos por vez. 
Surgiu a idéia de utilizar os jogos contidos nos celulares dos alunos e funcionou bem, porém mais tarde fui repreendido pela diretora, que afirmou ser proibido o uso dos celulares na escola. Na dimensão conceitual trabalhamos com a evolução dos jogos, o primeiro jogo eletrônico inventado surgiu da tecnologia empregada na guerra, uma simulação de disparo de canhão. Para o desenvolvimento das atitudes, debatemos as questões da violência nos jogos e sua influência nos indivíduos e a troca das relações de contato entre as pessoas pela vida virtual nos computadores. 

RESULTADOS
À partir dos relatos e trabalhos escritos, bem como na observação, foi possível averiguar grande interesse e envolvimento por boa parte dos alunos. Sobre a direção e demais professores da escola não foi tomado conhecimento de qualquer crítica ou comentário, a não ser o ocorrido do celular. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os modelos tradicionais de ensino e relacionamento impositivo demonstraram ser barreiras para o desenvolvimento da proposta. Como exemplo o problema do uso dos celulares nas escolas, onde a proibição apenas mascara o verdadeiro problema que é a utilização inadequada e não o objeto em sí. 
Em contrapartida, Ferreira (2001, p.75) afirma que “(...) a sala de aula pode se transformar num ambiente de busca das formas de sujeição, tornando-se local da luta por um novo e orientador espírito científico porque tanto a ciência quanto o conhecimento são descobertas que supõe criatividade e renovação”. Portanto, o desafio da educação passa pelas questões do currículo enquanto instrumento de manutenção das hegemonias. Educar para a autonomia e justiça social depende portanto da participação daqueles que farão uso desses saberes. 
Ainda segundo Correia (1996, p.): “com vistas a uma educação para a autonomia, garantir o acesso da criança e do adolescente aos possíveis entendimentos sobre a realidade, ou seja, os conhecimentos, necessitamos de um processo e de uma experiência autônoma que implique no exercício da reflexão crítica, na escolhas e nas tomadas de decisões dentro do próprio processo educativo, sendo esta condição indispensável para que uma educação pela e para a cidadania ocorra.”

Acessar Arquivo