Resumo

A literatura apresenta evidências de que o apoio social (AS) exerce influência na prática de atividades físicas (AF). As instituições religiosas parecem funcionar como um canal para o AS. Além disso, a literatura tem demonstrado que parece haver associação entre a frequência a igrejas e maior engajamento em AF. O objetivo do estudo foi analisar a associação entre a religiosidade, o AS e a AF de lazer de adultos residentes na cidade de Curitiba-PR. O presente trabalho é composto por três artigos, sendo um de revisão e dois originais. O artigo de revisão, que objetivou a síntese da literatura sobre a relação entre a religiosidade, o AS e a AF, foi realizado através de buscas eletrônicas nas principais bases de dados da área da saúde (Medline e Lilacs) e psicologia (PsycInfo), através da combinação dos descritores: “religião”, “religiosidade”, “religioso”, “espiritualidade”, “espiritual”, “suporte social”, “apoio social” “atividade física”, “exercício” e “exercício físico”, bem como seus correspondentes na língua inglesa. Foram selecionados artigos originais, publicados em inglês, português e espanhol, realizados com adultos (entre 18 e 65 anos) e que incluíssem ao menos um dos domínios da AF. Duzentos e dez estudos foram identificados, sendo que 39 atendiam os critérios de inclusão e oito apresentavam resultados sobre a associação entre as variáveis de estudo. Os artigos foram escritos entre 2001 e 2008 e todos foram realizados em estados dos Estados Unidos. Seis estudos foram transversais, um experimental e um de coorte. Os resultados da revisão sugerem que pessoas que frequentam com mais frequência as igrejas estão mais propensas a iniciarem e se engajarem em alguma AF e que AS obtido através das instituições religiosas parece não ser suficiente para promover AF em níveis recomendados. O artigo original 1 objetivou testar a validade e a idedignidade da versão brasileira da escala de AS para a prática de AF (EASAF) em adultos. Para tanto, a escala foi aplicada em conjunto com um questionário multidimensional face-a-face em 1.461 indivíduos e submetida à testagem da validade (fatorial e construto) e fidedignidade (consistência interna e reprodutibilidade). A análise fatorial resultou em 4 fatores com eingenvalues entre 4,29 e 1,39 que explicam 82,8% da variância total. Nos fatores 1 e 2 ficaram agrupadas as questões sobre AS recebido dos amigos para AFMV e caminhada, respectivamente. Os fatores 3 e 4 ficaram constituídos dos agrupamentos do AS recebido da família, para AFMV e caminhada, nessa ordem. A reprodutibilidade apresentou ICC entre 0,63 e 0,80 e consistência interna alfa entre 0,87 e 0,91. A validade de construto foi evidenciada pela associação ignificativa (p<0,005) entre os escores de AS com caminhada e AFMV. Concluiu-se que o instrumento testado apresenta características psicométricas adequadas para emprego em adultos brasileiros. O artigo original 2 que objetivou analisar a relação entre a religiosidade, o AS e a AF de lazer foi realizado com a participação de 1.461 moradores de regiões com diferentes níveis socioeconômicos (NSE) e condições de ambiente para a prática de AF. Vinte e cinco entrevistadoras foram treinadas e contratadas para realizar a coleta. A taxa de recusa foi de 7,9% (n=121). O controle de qualidade foi realizado em 12,5% da amostra. A entrada de dados foi realizada no software Epidata, por dois profissionais com experiência em digitação e o controle de qualidade foi realizado através da função “Validar arquivos duplicados”. As divergências encontradas foram conferidas e corrigidas. A regressão logística (p<0,05) foi utilizada para verificar a relação entre religiosidade, AS da família e amigos, idade, NSE e percepção de saúde. Os resultados emonstram que o aumento da idade está positivamente associado com o aumento das chances de caminhar e inversamente associado com as chances de realizar AFMV, mesmo quando ajustado. O AS recebido dos amigos e da família foi associado com maiores chances de cumprir as recomendações de caminhada e AFMV. A religiosidade e o apoio recebido de pessoas da igreja não foram associados com o umprimento das recomendações. Concluiu-se que o AS é um importante fator de influência para a prática de AF e que a religiosidade e o apoio recebido das pessoas da igreja não são suficientes para promover o cumprimento das recomendações de caminhada e AFMV.

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