Resumo

O esporte brasileiro foi e ainda é amplamente preenchido e protagonizado por homens. No futebol, tido como ícone de identidade nacional, isso se torna ainda mais evidente. Além disso, a desconfiança em relação à capacidade das mulheres esteve sempre muito presente no senso comum, tanto de forma explícita quanto mascarada. Mas será que essa visão encontra-se presente também nas análises de escritores que versaram sobre o esporte? Essa é a questão a qual o seguinte artigo ansiou responder, e para tanto, foram analisados alguns personagens literários femininos apresentados nos textos de cronistas como Nelson Rodrigues e Luis Fernando Veríssimo. Por se pautar na análise de fontes, a metodologia de pesquisa pode ser definida como qualitativa, de caráter histórico. Sua especificação é literária, focada em crônicas esportivas. Nas crônicas analisadas, nas quais as mulheres aparecem no papel de personagens, claramente pode-se notar certo preconceito com relação ao entendimento delas sobre o futebol. Os cronistas as colocam em seus textos para explicar a importância das coisas ou algumas regras básicas desse esporte, como no caso da “grã fina das narinas de cadáver” de Nelson Rodrigues. Em outras oportunidades, como nas crônicas de Luis Fernando Veríssimo, as mulheres são vistas como “empecilhos” na vida futebolística de seus companheiros. Dessa forma, evidencia-se que, mesmo artística e literariamente, ou seja, de maneira que se deve ser considerada a liberdade de criação dos escritores, algumas ideias sociais dos papeis, atribuições e características diferenciais entre os gêneros encontram-se presentes nos discursos desses importantes literatos brasileiros. Seus textos, por possuírem grande capacidade de alcance populacional, de certo modo, podem ser considerados atuantes na manutenção de tais papeis historicamente estabelecidos.

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