Resumo

O futebol é conhecido como um esporte onde ocorrem diversas ações musculares excêntricas que por consequência podem gerar danos e traumas musculares ao longo de uma temporada de treinos e jogos. E uma das ferramentas mais utilizadas para identificar a prevalência de dano muscular nesse âmbito esportivo é por meio da resposta da creatina cinase (CK). Assim, o conhecimento sobre o resultado desta enzima de maneira crônica ainda não está claro, além do mais em jovens jogadores de futebol. O objetivo deste estudo foi verificar a resposta da atividade da enzima CK ao longo de um programa de treinamento periodizado no futebol. Foram selecionados quinze jovens jogadores de futebol da categoria sub 17 para participarem deste estudo. O treinamento periodizado constituiu-se de 22 semanas, dividido em três etapas: etapa preparatória, etapa competitiva I e etapa competitiva II. Os participantes foram avaliados em quatro momentos: início da temporada de treinamento (TO), final da etapa preparatória (T1), final da etapa competitiva I (T2) e no final da etapa competitiva II (T3). A coleta de sangue venoso foi realizada no mesmo horário (72 horas após o último treino). Em cada momento foram coletados 10mL de sangue de cada participante, sendo essa quantidade armazenada em um tubo com anticoagulante Após este procedimento de coleta de sangue e separação, o plasma foi separado em várias alíquotas e imediatamente congelado a -80°C para posterior análise bioquímica. A média e o desvio padrão foram calculados. A normalidade foi testada com o teste de Shapiro-Wilks. Após esta hipótese, uma análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas e quando necessário utilizou-se o pós teste de TukeyKramer. Toda a análise dos dados foi realizada através do programa SPSS 17.0. O nível de significância de 0.05 foi escolhido Observa-se que houve diferença significante (p < 0.05) ao comparar o momento T0 com os demais momentos (T1-T2-T3). Houve também diferença significativa (p < 0.05) entre T1 e os dois últimos momentos (T2 - T3). O decréscimo da CK ao longo do treinamento periodizado, verificado no presente estudo, pode ser atribuída a uma adaptação do músculo esquelético a carga do treinamento específico submetido a esses jovens atletas, pois no início da temporada (T0 e T1) os estímulos pareciam não serem tão habituais e com o passar da periodização dos treinos os estímulos se tornam mais comuns, gerando um processo menos estressor ao organismo. Outro fator explicativo para estes resultados é o efeito da carga repetida, evidenciando que após treinos repetidos, de intensidade e volume parecidos, há decréscimos da magnitude do dano muscular. Portanto, conclui-se que ocorreram alterações na resposta desta enzima de dano muscular indireto durante um programa de treinamento periodizado.

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