Resumo

Entre as missões do Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro – Bope-RJ, está o combate ao crime organizado, o resgate de reféns e a contenção de rebeliões. Sendo assim, o estresse é parte integrante da rotina dos militares de elite. As fontes de estresse englobam fatores físicos e mentais que levam a uma resposta fisiológica envolvendo a ativação do sistema adrenal e das cascatas hormonais associadas. Partindo deste pressuposto, o presente estudo tem como objetivo investigar o comportamento do eixo GH/IGF-I e dos níveis séricos de testosterona, SHBG, cortisol, CK, glicemia, insulina basal, hemoglobina glicada, sódio, potássio e cálcio de policiais militares do Bope-RJ. Trata-se de um estudo transversal que avaliou 75 voluntários, divididos em dois grupos, G1 (soldados no início da jornada de trabalho, n = 47) e G2 (soldados ao final da jornada de trabalho, n = 28). Foi realizada a coleta sanguínea dos sujeitos do G1 antes e do G2 após uma missão de 12 horas, portando 35 kg de armamentos em ambiente de guerra urbana. A caracterização de ambos os grupos é descrita a seguir: G1 37 (±6,63) anos de idade, 81,10 (74,50;86,20) kg de massa corporal, 1,77 (1,72;1,80) metros de estatura; G2 36 (±5,19) anos de idade, 79,50 (75,00;81,95) kg de massa corporal, 1,72 (1,70;1,77) metros de estatura. Os dados foram analisados no software IBM SPSS. Para as análises inferenciais foi realizado o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Para comparar os grupos G1 e G2 foi realizado o teste Levene para as variáveis de distribuição normal e o teste de Mann-Whitney U para as variáveis de distribuição do tipo não normal, e a Regressão Logística para avaliação das chances de alterações nos parâmetros sanguíneos entre os grupos. Foi calculado o effect sizes para todas as comparações. Para todas as análises adotou-se o nível de significância de 5%. Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas dos parâmetros bioquímicos entre os dois grupos analisados, exceto para os valores de “cortisol” e “hemoglobina glicada” que foram significantemente maiores no G2. Conclui-se que os militares de elite, em questão, são altamente adaptados aos estressores fisiológicos a que são expostos durante as missões, além disso, o effect sizes mostrou poder acima de 80%, dessa forma, os resultados dessa pesquisa podem ser extrapolados para populações similares.

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