Resumo

Estudos que investigaram a influência do envelhecimento nas respostas fisiológicas na caminhada e corrida executadas na velocidade de transição caminhada-corrida (VTCC) são escassos e a identificação destas respostas pode ser útil para a prescrição do exercício. O objetivo do nosso estudo foi comparar as respostas cardiorrespiratórias e perceptivas de indivíduos jovens e idosos, em sessões de caminhada e corrida, executadas na VTCC. Participaram do estudo 20 indivíduos jovens (28 ± 5,01 anos; 174 ± 6,41 cm; 74 ± 1,76 kg) e 18 idosos (67 ± 5,93 anos; 169 ± 6,44 cm; 73,5 ± 8,7 kg), que realizaram quatro visitas ao laboratório separadas por no mínimo 48 horas cada. A primeira visita foi destinada a exame clínico, medidas antropométricas e realização do teste cardiopulmonar de exercício (TCPE). A segunda visita foi destinada a realização do protocolo de detecção da VTCC. Na terceira e quarta visitas os indivíduos caminharam ou correram na VTCC durante 30 minutos. Nestes dias, as respostas cardiorrespiratórias e perceptivas foram comparadas a cada 5 minutos de atividade. Para comparar as respostas na caminhada e corrida entre os grupos foi utilizada uma Anova de dupla entrada com medidas repetidas no fator tempo, acompanhado de post hoc de Fisher, quando necessário. O teste t de student para amostras independentes foi utilizado para comparação da VTCC e do dispêndio energético entre os grupos, tanto na caminhada quanto na corrida. Para todos os tratamentos foi adotado um nível de significância de p ≤ 0,05. Os principais resultados mostram que a VTCC não diferiu entre os grupos (6,9 ± 0,31km.h-1 vs 6,8 ± 0,53 km.h-1 para jovens e idosos, respectivamente). Os valores de consumo de oxigênio e frequência cardíaca (FC), não se diferenciaram entre jovens e idosos nas formas de locomoção ao longo dos 30 minutos de atividade. Porém, os percentuais do consumo máximo de oxigênio e da frequência cardíaca máxima apresentaram diferenças a favor dos idosos, já a partir de 5 minutos, tanto na caminhada quanto na corrida. Além disso, em ambas as formas de locomoção, os idosos se exercitaram a percentuais mais elevados do limiar ventilatório, quando comparados aos jovens (103% a 122% vs 80% a 85% na caminhada e 131 a 158% vs 92% a 105% na corrida). Já as percepções de esforço, geral e local, não se diferenciaram entre os grupos, porém sofreram efeito do tempo de exercício para ambos os grupos. Quanto ao dispêndio energético total, não houve diferença entre jovens e idosos nas sessões de exercício (190 kcal vs 174 kcal durante a caminhada e 236 kcal vs 215 kcal na corrida, respectivamente). Em conclusão, apesar da velocidade de transição de jovens e idosos não diferir, as respostas cardiorrespiratórias e perceptivas se diferenciaram em ambas as formas de locomoção, o que afeta diretamente as estratégias de prescrição de exercício entre os grupos.

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