Resumo

O presente estudo tem como objetivo descrever as respostas metabólicas e termorregulatórias durante uma corrida de 21km em ambiente quente com intensidade autorregulada. Métodos: Um estudo descritivo, observacional, foi conduzido com corredores recreacionais adultos do sexo masculino. A amostra foi do tipo não probabilística por conveniência com dez corredores de 33,40 ± 10,04 anos, massa corporal de 66,40 ± 9,15 kg, estatura de 1,71 ± 0,06 m, índice de massa corporal de 22,58 ± 2,05 Kg/m2. O consumo máximo de oxigênio obtido no teste foi de 58,57 ± 5,47mL.kg¹.min¹, tendo os voluntários uma frequência de treinos semanal de cinco dias com quilometragem média de 62,5 ± 28,8km. A corrida de 21km foi realizada individualmente sob radiação solar em um trajeto pré-determinado e marcado a cada 3000 metros, com temperatura ambiente (TA) de 27,96 ± 1,70ºC, temperatura de globo (TG) de 28,52 ± 2,51ºC, umidade relativa do ar (URA) de 76,88 ± 7,49% e Índice de Temperatura de Globo e Bulbo Úmido (IBUTG) de 25,80 ± 1,18ºC. O consumo de oxigênio foi obtido a partir de um analisador metabólico portátil e os valores médios expresso a cada 3km durante toda a prova. Medidas de temperatura da pele realizadas através de um termômetro com mira laser em diferentes pontos foram mensuradas dois minutos antes do início, a cada 3km e imediatamente ao término da corrida. A temperatura interna foi mensurada pelo sistema de capsula CorpTemp a cada 3km. A corrida teve pontos de hidratação ad libitum a cada 3km. Para todos os testes foi utilizado o nível de significância estatística valor de P<0,05. A normalidade dos dados foi analisada através do teste de Shapiro-Wilk. Comparações das medidas antes e durante a corrida de 21km foram feitas por meio do teste ANOVA one-way, com post hoc de Tukey. Para comparar a variável PSE foi utilizado uma análise não paramétrica com teste de hipótese de Friedman para verificar diferença ao longo do tempo e quando encontrado diferença foi utilizado o teste de Wilcoxon. Todas as análises estatísticas foram feitas pelo software SigmaPlot versão 11.0. Resultados: Os participantes completaram a corrida de 21km em 101:00 ± 9:52 minutos o que corresponde a 12,93 ± 7,83% superior ao melhor tempo médio já atingido em provas oficiais de meia maratona (p=0,02). O ritmo de corrida médio dos voluntários durante a corrida de 21km foi de 4:50 min/km. O consumo de oxigênio médio dos participantes durante a corrida de 21km foi de 40,93 ± 5,09ml/kg/min, que corresponde a 70,25 ± 11,06% do VO2pico. A temperatura interna aumentou até o sexto quilometro, apresentando em seguida um comportamento estável até o final da corrida de 21km. Além disso, a temperatura média da cabeça e da pele apresentou redução, das regiões medidas (topo da cabeça, testa, bochecha, peito, braço e coxa), a temperatura do topo da cabeça foi a menor (31,2°C ± 2,11°C) e a da testa foi a maior (33,7 ± 1,35°C). Conclusão: Durante uma corrida de 21 km em ambiente externo quente e úmido com intensidade autorregulada o aumento da temperatura interna e frequência cardíaca ocorreu dentro dos limites aceitáveis mesmo com desidratação moderada. A partir do terceiro quilômetro começa haver uma redução na velocidade de corrida o que resultou a partir do sexto quilômetro uma menor produção de calor, fazendo com que a temperatura interna permanecesse acima dos 39°C.

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