Resumo

Este estudo teve dois propósitos: 1) determinar agregação familiar em diferentes indicadores da aptidão física, e 2) a sua componente genética (h2). A amostra foi constituída por 330 sujeitos (174 meninos e 156 meninas) dos sete aos 17 anos de idade, pertencentes a 132 famílias de Calanga, uma localidade rural de Moçambique. A aptidão física foi avaliada com os seguintes testes: sentar e alcançar, impulsão horizontal, tempo de suspensão na barra, dinamometria manual, corrida da milha, abdominais e corrida vaivém (10 x 5 m). Para estimar semelhança entre irmãos foram calculadas correlações e a sua contribuição genética foi realizada pelo método da máxima verosimilhança para estimar componentes de variância. Todos os cálculos foram ajustados para a idade, sexo, idade2, idade3, idade*sexo, idade2*sexo, bem como um "score" de atividade física. A análise de dados foi realizada no programa de Epidemiologia Genética SAGE. As correlações foram baixas em cada indicador de aptidão física: irmãos (entre 0,01 e 0,25), irmãs (entre -0,19 e 0,45) irmão-irmã (entre -0,02 e 0,39). A componente genética em cada item de aptidão foi a seguinte: sentar e alcançar h2 = 0,41 ± 0,16, p = 0,01; impulsão horizontal h2 = 0,60 ± 0,14, p = 0,001; tempo de suspensão na barra h2 = 0,18 ± 0,20, p = 0,37; dinamometria manual h2 = 0,19 ± 0,13, corrida da milha h2 = 0,49 ± 0,14, p = 0,001; abdominais h2 = 0,09 ± 0,13, p = 0,59; p = 0,16; corrida vaivém h2 = 0,07 ± 0,15, p = 0,63. Conclusões: 1) a agregação familiar foi mais elevada nas irmãs do que nos irmãos do mesmo sexo e sexo oposto; 2) foram encontrados fatores genéticos moderados na flexibilidade, capacidade aeróbia e força explosiva; 3) a variância entre irmãos nos outros fenótipos foi explicada por fatores de natureza ambiental que podem estar relacionados com atividades de subsistência familiar.

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