Resumo

Este trabalho tem como objetivo investigar os sentidos de Educação Física produzidos e fixados em disciplinas acadêmicas oferecidas no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Busco articular a História do Currículo e das Disciplinas Escolares com as teorizações sociais do Discurso, expondo suas relações e os debates disseminados atualmente por esta hibridização. Dialogando com Foucault e seus interlocutores (FISCHER, 2001; SOMMER, 2007; MACHADO, 2009), entendo os currículos como espaços discursivos nos quais múltiplas articulações vieram sendo sócio-historicamente produzidas, em processos de significação permanentes, visando a hegemonização de certos sentidos em detrimento de outros. Por meio de vinte e um trabalhos acadêmicos coletados em periódicos A1, A2, B1 e B2 nos últimos doze anos que versavam sobre Educação Física e séries iniciais, analisei pela ótica discursiva o que é educação física e o que não é considerado educação física de acordo com os discursos acadêmicos. Constatei que a visão tecnicista, instrumental e mecanizada de corpo, assim como certas abordagens estão fora da ordem do discurso e a visão crítica, pautada por uma ressignificação do corpo pelo viés cultural está na ordem do discurso acadêmico. Tomando as disciplinas acadêmicas investigadas nesse trabalho como produções discursivas que configuram aquilo que somos e entendemos sobre as séries iniciais do Ensino Fundamental, destaco, em quatro matrizes curriculares, dez disciplinas que se aproximam da Educação Física como área disciplinar. Significativas compreensões sobre as matrizes curriculares foram constatadas. Argumento que os discursos pedagógicos de origem técnica, crítica e cultural estão presentes neste curso, além de dialogarem com os sentidos sobre educação física. Esses, portanto, são binarismos (POPKEWITZ, 2001) presentes sobre o estudo do corpo e apresentam-se nas disciplinas acadêmicas em meio a regulações de poder e ‘impedem’ que os graduandos em Pedagogia lecionem educação física.

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