Resumo

Este estudo teve como objetivo buscar sentidos de violência como forma de constrangimento nos discursos de alunos na faixa etária de 8 a 9 anos que freqüentam aulas de Educação Física em escola localizada em uma favela do Município do Rio de Janeiro. A partir da constatação de que muitos alunos eram “interpretados” de maneiranegativa em relação a comportamentos ou atitudes dentro da escola, sendo considerados “violentos”, buscou-se “compreender” estes alunos como um todo, através de seus discursos. Para tanto, construiu-se um arcabouço teórico reunindo as contribuições de autores que: (1) situam o problema da violência e as formas que ela vem assumindo na sociedade contemporânea; (2) estabelecem os estágios do desenvolvimento moral de crianças e adolescentes e as condições necessárias para que eles ascendam à fase de responsabilidade moral consciente e crítica; (3) penetram na dimensão do imaginário, permitindo compreender como as representações dos alunos sobre a violência como constrangimento influenciam seus discursos, sendo mapeadas as marcas lingüísticas que remeteram a diferentes formas de constrangimentos: de aprovação e desaprovação, de merecer ou não o castigo, de passar vergonha, de sentimento de humilhação, de culpa, tristeza, rejeição, impedimentos, bullying, aceitação como força do bem ou de forma “silenciada”. Constatado o papel que o professor pode exercer no sentido de minimizar os constrangimentos que surjam dentro da escola, são apontadas pistas para o desempenho de um trabalho pedagógico baseado no amor, no respeito, no prazer de ensinar e aprender, na aceitação das diferenças, na compreensão das práticas simbólicas em suas várias formas e expressões, e que integre escola, família, comunidade e alunos – em suma, um trabalho pedagógico diferente da forma autoritária ou que remeta a constrangimentos, como os discursos dos alunos entrevistados expressaram. 

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