Resumo

Como sabemos, o esporte e o lazer foram incorporados à agenda pública brasileira como objeto a merecer intervenção do Estado, a partir da década de 1930. Temos conhecimento ainda que na Constituição de 1988 o lazer foi reconhecido legalmente como direito social. Em decorrência, é certo que políticas públicas de esporte e lazer, sem considerar o caráter e a especificidade das mesmas, estão sendo desenvolvidas pelo Estado e se estão acontecendo, também é fato que existem profissionais atuando diretamente nesse espaço. A partir dessa premissa adotamos então como objetivo desse estudo conhecer e analisar a atuação do profissional de lazer diretamente vinculado ao serviço público municipal no contexto diário de trabalho. Objetiva ainda identificar e examinar suas escolhas que pautam cotidianamente as trilhas traçadas por uma gestão no processo de democratização do lazer assim como construir, a partir das representações destes profissionais, um entendimento acerca da política, da estrutura e natureza do Estado e dos interesses que se legitimam por meio dele, do lazer e de seu tratamento como conteúdo de política pública. Para isso estabelecemos uma metodologia de trabalho que abarcou pesquisa bibliográfica combinada com pesquisa de campo e com a realização de entrevistas semi-estruturadas, instrumentos principais de coleta de dados. Desse recorte metodológico iniciamos construindo uma trama que desse sentido e significado à atuação profissional nesse setor específico. Fizeram parte da análise 13 servidores públicos vinculados às ações de esporte e de lazer da Secretaria Municipal de Esportes de Betim (MG). Concluímos que esses profissionais são atores sociais no processo de constituição de políticas públicas embora exerçam pequeno poder de intervenção nas escolhas de uma gestão. Essa questão é justificada por uma série de fatores entre ele: a formação dos sujeitos, a ausência de concurso público para o setor, a desarticulação dos profissionais, entre outros. Por fim, não há como deixar de sugerir que outros estudos sejam realizados. Cumprimos algumas etapas, mas existem inúmeras ainda por se fazer. Acreditamos que o investimento na formação de profissionais para a atuação no setor público não deverá ser pautada somente no mercado em franca expansão, mas em um projeto de sociedade mais justa e igualitária. No que se refere ao lazer, precisamos nos atentar para princípios que vem delineando as políticas na atualidade. Pensamos que conseguiremos cumprir a proposta de redistribuição colocadas pelas políticas sociais quando agirmos intersetorialmente, quando estimularmos a participação social, quando reconhecermos as características territoriais e quando dermos condições efetivas para que os municípios possam consolidar suas políticas. É necessário ainda que nós servidores públicos, profissionais de lazer, estejamos capacitados para lidar criticamente com os desafios que estão se constituindo e com os outros tantos que carecem resolução. 

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