Resumo

O objetivo da pesquisa consistiu em compreender a presença de tribos urbanas no fenômeno de coabitação do Parque Barigüí aos finais de semana. O Parque Barigüí está localizado na cidade de Curitiba, onde encontramos o barateamento do transporte coletivo aos domingos favorecendo o contato entre pessoas de diferentes setores da sociedade nos mesmos espaços urbanos. Se existem muitas pessoas coabitando duradouramente o mesmo parque nos mesmos dias, desejamos compreender como é que vileiros e caminhantes integram esse processo em curso, o fenômeno de coabitação do parque aos sábados e, sobremaneira, aos domingos. O percurso da investigação envolveu três etapas metodológicas, através das quais reunimos ganhamos vias de acesso aos costumes e discursos de caminhantes e vileiros. São elas: a observação in loco; a observação in virtuale; e a realização de entrevistas semi-estruturadas. As conclusões foram produzidas através de um diálogo com Norbert Elias, Antonio Gramsci e Émile Durkheim, uma vez que esses três pensadores contribuíram sobremaneira para a delimitação do problema da pesquisa, a condução das observações e a interpretação do material discursivo. Pensando com Elias, analisamos sobre as relações entre autocontrole, personalidade e poder presentes na participação de caminhantes e vileiros nos diferentes episódios que compõem o final de semana no Parque Barigüí. Pensando com Gramsci, encaramos o discurso e os costumes do caminhante como manifestações verbais e não-verbais nas quais encontramos opiniões, preocupações e concepções fomecidas pelo sincretismo entre o liberalismo, a medicina e a biologia. Pensando com Durkheim, aproveitamos o conceito de anomia para elucidar o estado de espírito do vileiro como sendo um tipo social que vivencia os primeiros anos de uma ampliação das suas possibilidades de mobilidade e infiltração socioespacial. 

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