Resumo

Considerando que a concepção de obesidade predominante no campo da Saúde vem sendo reproduzida no campo da Educação Física, buscamos neste estudo outras possibilidades de investigação deste fenômeno. A partir da utilização de técnicas para a identificação das abordagens metodológicas e dos elementos técnicos, epistemológicos e teóricos das investigações de pós-graduação em Educação Física que estudaram a obesidade, abordamos criticamente os resultados da análise realizada nessas produções levando em consideração a concepção da determinação social do processo saúde-doença, desenvolvida pelo campo da Saúde Coletiva e Epidemiologia Crítica. Com vistas a melhor compreender este fenômeno, destacamos elementos fundamentais da perspectiva histórica da alimentação e sua relação dialética com o processo de obesidade e com as ações privilegiadas pelo campo da Educação Física. Os resultados apontam que, das trinta e três pesquisas analisadas, ocorreu o predomínio da abordagem metodológica empírico-analítica, estando presente em trinta e duas delas (96,96%). Em apenas uma pesquisa identificamos a abordagem metodológica fenomenológica-hermenêutica (3,04%) e nenhuma pesquisa utilizou a abordagem críticodialética. A partir da identificação de que a vertente metodológica predominante é fundamentada pela lógica causal, considerando a obesidade meramente como correlação entre o aumento da ingestão calórica e diminuição do gasto energético, e da constatação de que as prescrições para que seja evitada ou revertida estão pautadas na reeducação alimentar e na atividade física, buscamos evidenciar os condicionamentos sociais que determinam as dimensões deste quadro. Um olhar para a construção histórica da obesidade como problema médico e social e sua contextualização como um fenômeno com profundas determinações políticas e econômicas, buscamos recolocar a complexidade deste fenômeno no âmbito da produção do conhecimento. Dessa maneira compreendemos que existem outras possibilidades de relações entre a obesidade e a Educação Física, por meio de perspectivas crítico-pedagógicas deste campo, e nos contrapomos ao reducionismo no trato das práticas corporais apenas como atividade física.

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