Resumo

O objetivo desta tese é a ampliação da hermenêutica simbólica (exercício da interpretação compreensiva do imaginário) e mitohermenêutica nos termos da relação entre a figura do atleta olímpico e o mito do herói realizada por Rubio (2001, 2019) que a operacionalizou por meio da identificação das etapas constituintes da jornada do herói (unidade nuclear do monomito - Joseph Campbell) e de elementos da estrutura heroica do Regime Diurno das imagens (Gilbert Durand), sobre o registro das narrativas biográficas dos atletas olímpicos brasileiros. A “jornada interpretativa” deste trabalho, perseguindo as postulações do conceito da trajetividade, se lançou em grande angular sobre a jornada de vida de quatro atletas olímpicos brasileiros em trajetos entre a alvorada do ser habilidoso (solar) e o crepúsculo deste corpo. Para a apresentação destes trajetos biográficos realizou-se a delimitação de um instrumento expressivo ao qual nomeamos contos biográficos, que possui o objetivo de fazer brilhar e destacar as imagens e os produtos hermenêuticos através de imagens literárias e poéticas de uma pequena narrativa (o conto), obedecendo ao nosso desejo de se distanciar do ímpeto da taxonomia das imagens. Os contos biográficos, tal qual característica das narrativas míticas, deslocam o conteúdo de um discurso, se desdobrando da narrativa primeira (narrativa biográfica). O itinerário traçado por esta tese, que se iniciou pela delimitação de um complexo de imagens de Ifigênia como produto da investigação sobre o imaginário da condição do gregário no ciclismo de estrada, ampliou o inventário das constelações de imagens e significações que se erguem além das concentrações diurnas relacionados ao herói solar, e apontou, até o momento, o espaço crepuscular na etapa do retorno da jornada do atleta-herói, marcado pela alternância da predominância do regime de imagens para as matérias noturnas, que sustentam manifestações de outras faces míticas além do herói, a saber; a figura do Mestre. Cantar o trajeto da alvorada habilidosa ao conhecimento crepuscular, confere a estes heróis olímpicos toda a espessura da ordem do humano, e a marca de sua postura diante das “faces do tempo”.

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