Resumo

Na campanha eleitoral de 2006 foi possível acompanhar, pela primeira vez no Brasil, propostas para o Turismo e para o Lazer no contexto de uma exclusividade ministerial, que já fora implementada com a criação do Ministério do Esporte e do Ministério do Turismo, gestão 2003-2006 do governo do PT. Este artigo propõe desvelar as promessas de ações transversais para as duas áreas nos discursos eleitorais deste Partido e coligados, em 2006. As análises pairam exclusivamente sobre as propostas do Programa de Governo, e estruturam-se em dois eixos teóricos: costuram-se as possibilidades de políticas públicas transversais de Turismo e de Lazer e retomam-se dois conceitos teóricos da Ciência Política que se aplicaram no tratamento dos dados: o issue salience (nível de atenção, número de propostas) e o policy framing (conteúdo verbal) extraídos do corpus. De acordo com os dados, o Lazer se articula com as propostas da Cultura, da Educação e do Esporte, mas com predominância na pasta de Esportes. Já o Turismo é transversal aos temas do desenvolvimento e da infraestrutura de Transporte, sendo alocado em área ministerial própria. No Programa, não há propostas explícitas de parcerias entre os ministérios responsáveis pelo Lazer e pelo Turismo no Brasil, realizando assim uma dicotomia entre essas áreas, o que empobrece algumas possibilidades de planejamento, atuação e gestão de áreas complementares. 

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