Resumo

O objetivo principal da pesquisa foi analisar a relação mãe-criança nos primeiros meses de vida da criança através de um estudo comparativo com gêmeos, um dos quais nasceu com uma síndrome de herança autossômica recessiva: doença de Werdnig-Hoffmann. Utilizando uma câmera filmadora para a coleta de dados, foram realizadas observações na residência das crianças para o registro das interações mãe-criança, em situações de vida diária. Os sujeitos, dois meninos gêmeos nascidos a termo, um com desenvolvimento normal, outro lesionado orgânico, foram observados dos quatro aos sete meses, na interação com a mãe. Foram registradas doze sessões de observação com cada par mãe-criança, três em cada situação: alimentação, banho, troca de roupa e brinquedo - totalizando 24 sessões, 12 para cada par. Realizou-se também, uma entrevista semi-estruturada com a mãe das crianças. Os dados das observações são descritos com o auxílio de categorias comportamentais indicadoras das formas de comunicação entre a mãe e as crianças: sinais de comunicação verbal e corporal como mímica, olhar, emissões vocais, movimentos e contatos corporais. Os resultados são analisados no contexto teórico da pesquisa, utilizando-se os conceitos de apego e vínculo (Bowlby, 1982; Klaus e Kennell, 1992; Brazelton, 1988; Robertson, 1982). A análise dos dados indica diferenças entre os elementos do par quanto à freqüência e significado dos sinais de comunicação, na interação das crianças com a mãe. No âmbito do aparato teórico utilizado, estes resultados sugerem diferenças no desenvolvimento do apego e na formação do vínculo, relacionadas com a patologia da criança atípica e com o nascimento gemelar. O olhar aparece como o sinal de comunicação mais significativo na expressão dessas diferenças, quer nas tabelas de freqüência dos sinais de comunicação quer no depoimento da mãe.

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