Resumo

O objetivo deste estudo descritivo exploratório foi avaliar as características cinemáticas do agachamento em crianças, considerando sexo, faixa etária e forma de execução do movimento (espontâneo e padronizado). Especificamente: caracterizar e comparar a flexibilidade ativa e passiva de crianças; caracterizar e comparar as amplitudes angulares do tronco, quadril, joelho e tornozelo; analisar e comparar as velocidades angulares entre fases descendente e ascendente; caracterizar e comparar o tempo de execução. Participaram 103 crianças, entre 7 e 12 anos (43 meninos e 60 meninas) categorizadas em dois grupos: 1 (7 a 9 anos) e 2 (10 a 12 anos) autorizadas pelos pais. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UDESC, processo n°. 67/2007. Utilizou-se como instrumentos uma câmera de vídeo e uma máquina fotográfica. Selecionou-se as variáveis: amplitudes articulares ativas e passivas (flexão quadril, joelho e flexão e extensão tornozelo), cinemáticas (ângulos, velocidade e tempo de execução) do tronco, quadril, joelho e tornozelo nas formas espontânea e padronizada, fases descendente e ascendente. Após devidamente autorizadas às crianças foram encaminhadas ao Laboratório de Biomecânica da UDESC. As crianças passaram por um período de familiarização com o ambiente e equipamentos. Após o preenchimento da ficha de identificação e a demarcação dos eixos articulares segundo critério de Kalfues, foi realizado a aquisição dos dados de flexibilidade e das variáveis cinemáticas com uma freqüência de 60 Hz. As crianças executaram cinco movimentos de agachamento válidos. Os dados cinemáticos foram filtrados com Butterworth 4 ordem, passa baixa com frequência de corte de 6 Hz. Utilizou-se para normalidade: teste de Kolmogorov Smirnov, estatística descritiva (distribuição de frequência, médias, desvio padrão e coeficiente de variação) e estatística inferencial (testes paramétricos de comparação intra-grupo e entre grupos, teste t de student), adotou-se p≤,0,05. Os valores antropométricos encontram-se condizentes com a literatura estudada. Independente de sexo e faixa etária os padrões de flexibilidade são similares. Comportamentos angulares do agachamento espontâneos com maiores angulações para flexão do tronco (p< 0,014) e joelho (p<0,001); meninas apresentam menor flexão anterior do tronco (p=0,017) no agachamento padronizado; crianças mais novas apresentaram maior dorsiflexão do tornozelo na forma padronizada (p<0,001). Para velocidade angular nos diferentes segmentos corporais, independente do sexo e faixa etária, na forma espontânea e na fase descendente estas velocidades foram maiores, estes mesmos resultados foram observados para o tempo de agachamento. Conclui-se que o comportamento angular do tronco, quadril, joelho e tornozelo durante o agachamento é melhor executado nos movimentos espontâneos, independentes de sexo e faixa etária. A amplitude articular e a antropometria interferiram somente na angulação do tronco durante o agachamento alterando a estratégia postural.