Resumo

Pessoas com deficiências visuais são susceptíveis à inatividade física e seus efeitos deletérios à saúde. A criação e adaptação de instrumentos de medida capazes de monitorar prática habitual de atividade física neste segmento da população tornou-se, por conseguinte, necessária. OBJETIVO: Validar o formato eletrônico da versão curta do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) para uso em adultos com deficiências visuais. MÉTODOS: Trinta adultos com deficiências visuais foram recrutados (17 mulheres, idade média 44,8 ± 18,0 anos). A concordância entre formatos impresso e eletrônico do IPAQ deu-se usando um delineamento cruzado e randomizado. Cada respondente preencheu o formato eletrônico do IPAQ em um computador com sintetizador de voz no começo da sessão, e após duas horas de intervalo, o formato impresso em braile do questionário foi preenchido (ou vice-versa). Cada respondente preencheu novamente o formato eletrônico do IPAQ após 14 dias para determinar confiabilidade teste reteste do instrumento. Coeficientes de correlação de Spearman (ρ) e intraclasse (ICC) e testes t pareados foram usados para examinar concordância entre formatos e confiabilidade teste reteste da versão eletrônica do IPAQ. Índices α cronbach foram usados para examinar consistência interna. RESULTADOS: Todos os itens do formato eletrônico do IPAQ possuem coeficientes de consistência interna satisfatórios, com índices α > 0,80. Correlações significativas e moderadas (ρ > 0,83 e ICC > 0,85, P < 0,01) foram notadas para todos os itens entre os diferentes formatos do instrumento. Nenhuma diferença foi notada entre os diferentes formatos do IPAQ nos itens analisados, com exceção do item tempo sentado (P < 0,05). Referente a confiabilidade teste reteste, verificouse que todos os itens do formato eletrônico do IPAQ possuem coeficientes de consistência interna satisfatórios, com índices α > 0,90. Correlações significativas e moderadas (ρ > 0,80 e ICC > 0,79, P < 0,01) foram notadas para todos os itens no teste e reteste do instrumento. Nenhuma diferença foi verificada entre as duas aplicações consecutivas do formato eletrônico do IPAQ, com exceção do item tempo sentado (P < 0,05). Usando teste qui-quadrado (X 2 ), verificou-se que muitos respondentes preferem a versão eletrônica do instrumento (~77% vs. 23%, P < 0,05). CONCLUSÃO: Os achados deste estudo revelam que o formato eletrônico da versão curta do IPAQ é válido para estimar prática habitual de atividade física em adultos com deficiência visual, assegurando características psicométricas como concordância com a sua versão original e confiabilidade teste reteste.

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