Resumo

INTRODUÇÃO: A redução do tônus vagal cardíaco e, por conseguinte, da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), está associada à doenças crônico-degenerativas e ao maior risco de mortalidade, sendo um importante indicador do estado de saúde (ALMEIDA; ARAÚJO 2003). A redução da VFC está associada a diversos fatores de risco cardiovasculares. Contudo, a maioria dos estudos envolve indivíduos com doenças crônicas já instaladas. OBJETIVO: Comparar variáveis morfofisiológicas, perfil glicêmico e modulação autonômica cardíaca em repouso e identificar o grau de associação entre estas variáveis em jovens com excesso de massa corporal. METODOLOGIA: Foram avaliados 26 voluntários sedentários do sexo masculino, entre 18 e 25 anos. As medidas coletadas foram: massa corporal (MC) para determinação do IMC; circunferência abdominal (CA), glicemia capilar casual (Accu-Chek, Advantage®), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica - PAD (posição supina após 10 minutos de repouso - Microlife BP A100), frequência cardíaca (FC) e VFC (intervalos R-R, tratados no programa Kubios HRV, índice SD1) mensuradas durante 5 minutos, na posição supina, após repouso de 5 minutos (POLARÒ RS800CX). RESULTADOS: Houve diferença significativa (* Teste T de Student’s, p<0,05) entre indivíduos eutróficos (IMC entre 18,5 e 24,9 kg.m-2; n:16) e sobrepesos (>25 kg.m-2, n:10) para as variáveis MC (kg): 65,20±6,72 vs 91,49±11,18*; IMC (kg.m-2): 21,71±2,39 vs 29,48±3,34*; CA (cm): 77,21±5,25 vs 98,00±10,31*; PAS (mmHg): 109,90±7,68 vs 121,70±7,33*; PAD (mmHg): 66,40±6,56 vs 72,65±5,68*. Contudo, as variáveis glicemia capilar (mg/dl): 100,00±11,85 vs 107,90±15,95, FC (bmp): 66,59±10,29 vs 73,05±10,23 e VFC (ms): 38,19±15,31 vs 43,82±24,24 não apresentaram diferenças entre os grupos. A PAS e a PAD, respectivamente, apresentaram correlação significativa (correlação de Pearson) com as variáveis MC (r=0,61; r=0,43), IMC (r=0,51; r=0,49) e CA (r=0,52; r=0,45). Da mesma forma, a MC se correlacionou com a FC (r=0,44). CONCLUSÕES: A partir disto, pode-se concluir que, os jovens com excesso de massa corporal apresentam maior depósito de gordura na região central, o que já repercute numa maior pressão arterial sistólica e diastólica e numa tendência a menor modulação autonômica vagal, o que em longo prazo, pode ser um indicador de maior predisposição a doenças crônico-degenerativas. Tais constatações são fundamentais para iniciar uma tentativa de prevenção precoce por meio de alimentação adequada e prática regular de exercícios físicos.

Apoio financeiro: CNPq, FAPEMAT, PROPeq.