Cevnautas da AMA,

A imprensa tende a medir a atividade paradeportiva só com medalhas. Tem mais.

Na reportagem destaque para o cevnauta, também companheiro aqui na CEVAMA, Ciro Wimkler http://cev.org.br/qq/ciro-winckler/.

Laércio

ESPORTE ADAPTADO: MUITO MAIS QUE SAÚDE
Após a Segunda Guerra Mundial, a atividade física passou a fazer parte da reabilitação de soldados que voltavam a seus países com mutilações e deficiências. E só trouxe benefícios: além de prevenir o aparecimento de doenças, agregou ganhos sociais e psicológicos

08/07/2016 - 13h01 - Atualizado 08/07/2016 13h02

O esporte adaptado, ou seja, a prática de uma atividade esportiva adaptada para pessoas com deficiência "por exemplo, basquete em cadeira de rodas ", mostrou-se um eficiente instrumento de reabilitação e promoção de saúde desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os soldados voltavam para seus lares com mutilações e deficiências.

O fato é que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática regular de exercícios " cerca de 30 minutos, três ou quatro vezes por semana " contribui para a melhora de qualidade de vida de qualquer pessoa: aumenta a resistência, mantém o peso saudável e previne doenças. E, para a pessoa com deficiência, é ainda mais importante por ajudar a evitar o aparecimento de problemas secundários, como obesidade, e controlar distúrbios crônicos já instalados, como hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidemia (colesterol ou triglicérides altos) e cardiopatias. "A atividade física pode impactar na menor necessidade de medicamentos e internações”, diz Ciro Winckler, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador técnico de atletismo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Outro ganho é o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de habilidades para quem convive diariamente com limitações. O indivíduo que tem paralisia cerebral, por exemplo, sofre com falta de equilíbrio; o deficiente visual tem dificuldade de orientação espacial. As diversas modalidades de exercícios ajudam a trabalhar força, coordenação, flexibilidade, equilíbrio, agilidade e coordenação motora. "Esse conjunto contribui para que a pessoa seja mais independente e tenha mais autonomia no dia a dia", diz o treinador Mário Mello, representante da Achilles International no Brasil, organização sem fins lucrativos que tem como objetivo motivar atletas amadores com deficiência a praticar esportes.

Para Winckler, no entanto, um dos maiores benefícios do esporte na vida da pessoa com deficiência é tirá-la de casa, ajudando a estabelecer novos vínculos e a traçar novos objetivos. "Familiares, médicos, fisioterapeutas devem estimular. Mas é preciso que ele tenha vontade e encontre uma modalidade de seu interesse", diz o professor.

O resgate da autoestima também é um ganho importante. "Muitos chegam tristes, achando que a vida acabou. E o esporte transforma! É uma excelente ferramenta para o indivíduo redescobrir seu valor, acreditar em suas possibilidades e melhorar sua autoestima", afirma Mello. E mais: o exercício ajuda a diminuir a ansiedade e a combater a depressão, graças ao aumento das doses de endorfina e serotonina " neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer, bem-estar e de alívio da dor " no organismo após o esforço.

Mesmo quem tem mobilidade muito reduzida pode se dedicar à prática esportiva. Existem diversas modalidades "nos Jogos Paralímpicos, por exemplo, são 22 opções, praticadas por atletas com os mais variados graus de comprometimento. No entanto, é essencial que toda orientação seja feita por médicos, fisioterapeutas e educadores físicos aptos. Independentemente do desempenho, os benefícios físicos, psicológicos e sociais são garantidos.

Da depressão à ultramaratona
 
Há 19 anos, o metalúrgico Paulo de Almeida sofreu um grave acidente de trabalho. "Fui manobrar uma empilhadeira, que capotou e esmagou meu pé direito. No hospital, fui informado que teria de amputar a perna abaixo do joelho. A ficha demorou a cair", conta. Passou por cirurgias e sessões de fisioterapia e enfrentou momentos de angústia e depressão por não aceitar a amputação. Até que um dia, assistindo a um programa de esporte na televisão, viu um atleta competindo com prótese. "No dia seguinte, comecei a buscar informações. No início, não foi fácil, pois minha prótese machucava."

Mesmo sem equipamento adequado, começou a dar suas corridinhas " antes do acidente, ele só jogava futebol com os amigos. Até tomou conhecimento de modelos importados, com tecnologia específica para o esporte, porém custavam caro. Assim, seguiu participando de corridas de rua " inclusive uma maratona, que concluiu em quase seis horas. Mas, com a mídia divulgando seu feito, as coisas começaram a mudar. Em 2000, surgiu a oportunidade de fazer a Maratona de Nova York, convidado pela Achilles International, com direito a uma prótese específica para corrida. E cumpriu os 42 quilômetros na Big Apple em 3h28m, consagrando-se campeão em sua categoria.

Hoje, aos 50 anos, Almeida tem no currículo 50 maratonas internacionais, algumas competições de triatlo e ultramaratonas. "Minha maior conquista foi ter completado a Comrades, prova de 89 quilômetros na África do Sul. Como alguém vai chamar um deficiente de coitadinho se ele correu essa distância? Busquei a igualdade por meio do esporte e mostrei até onde se poder chegar mesmo sem parte do corpo", diz.

Surge uma paratleta

A professora Danielle Nobile, de Ribeirão Preto (SP), 30 anos, sempre foi apaixonada por esportes, especialmente corrida de rua. Em 22 de outubro de 2012, um acidente de carro mudou sua vida. "Fui olhar a hora no relógio de pulso e perdi o controle do carro. Capotei e bati na mureta de concreto que dividia as pistas. O resgate chegou rápido e o bombeiro perguntou se eu conseguia sair do veículo sozinha. Mas não consegui nem tirar o cinto de segurança. Achava que era só cansaço de tanto chacoalhar no capotamento, mas já estava tetraplégica", conta.

A jovem teve uma lesão medular na altura da C7, a sétima vértebra do pescoço. "Fiquei com todas as funções neurológicas e musculares e os movimentos comprometidos do pescoço para baixo. "Ela passou a morar com os pais e a depender deles para tudo. E trocou o esporte pela fisioterapia.

Três meses após o acidente, foi encaminhada ao Hospital Sarah, referência em reabilitação, em Brasília. Apesar de ter lesão alta e ser considerada tetraplégica, Danielle recuperou parte dos movimentos das mãos. "No hospital, aprendi como me tornar mais independente. E foi lá que um educador físico me colocou, pela primeira vez, em uma handbike (tipo de bicicleta pedalada com as mãos).".

A sensação de retomar a atividade física foi a melhor do mundo. "O esporte me salvou emocionalmente, não deixando a tristeza me pegar e não permitindo que me entregasse – eu tinha algo por que lutar", conta. Ela ressalta também os ganhos físicos. "Cadeirantes já têm problemas de intestino, de bexiga, de excesso de peso... E eu ia querer colesterol alto, hipertensão, diabetes? Claro que não! Por isso, decidi me cuidar.".

Esgrima, atletismo de campo (arremesso de peso, lançamento de dardo e de disco), natação e até vela foram algumas das atividades que experimentou. "Mas gosto mesmo de triatlo e corrida de rua. Sou campeã brasileira de paratriatlo 2015 e acabei de completar minha primeira maratona, em Porto Alegre", conta Danielle, que hoje é paratleta.

FONTE com fotos e links: http://epoca.globo.com/Especial-Publicitario/Braskem/noticia/2016/07/esporte-adaptado-muito-mais-que-saude.html

Comentários

Por Ivaldo Brandão Vieira
em 4 de Janeiro de 2019 às 22:20.

Boa noite a todos do grupo.

Vem ai o II seminário Internacional Paralímpico Escolar. Julho de 2019. 


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