22 de setembro de 2009

A Revolta da Chibata Exposição destaca o movimento dos marinheiros para acabar com os castigos corporais no Brasil, no início do Século XX

Para quem vai ao Rio de Janeiro ou para quem mora na cidade, uma ótima opção é visitar a exposição A Revolta da Chibata - o jornalista e o marinheiro, organizada pela Fundação Biblioteca Nacional (BN), vinculada ao Ministério da Cultura.  A mostra fica em cartaz até 30 de novembro e a entrada é franca.

O trabalho foi criado para comemorar os 50 anos de lançamento do livro A Revolta da Chibata, escrito pelo escritor e jornalista cearense Edmar Morel (1912-1989), que pela primeira vez retratou a vida do marinheiro negro e filho de escravos João Cândido Felisberto (1880-1969), líder, em 1910, de uma rebelião que teve o objetivo de acabar com os castigos corporais contra os marujos na Marinha de Guerra brasileira. Apelidado de “Almirante Negro”, inspirou a música Mestre-Sala dos Mares, de João Bosco e Aldir Blanc, composta na década de 1970, interpretada por Elis Regina.

Segundo o historiador e professor Marco Morel, neto de Edmar Morel, naquela época, os marinheiros, formados em sua maioria por pardos e negros, ainda apanhavam de chibata, mesmo depois da assinatura da Lei Áurea, em 1888, que pôs fim à escravidão no Brasil.

Edmar com jornalista em uma rádio

Edmar com jornalista em uma rádio

Muitas foram as tentativas pacíficas de acabar com a violência, mas nenhum sucesso foi obtido. Então os marujos se organizaram, e no dia 22 de novembro de 1910, sob a liderança de João Cândido, tomaram os principais navios de guerra da Marinha e apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e para o palácio de governo, exigindo o fim dos castigos. O movimento foi vitorioso.

Curiosidades -  De acordo com Marco Morel, uma das curiosidades dessa história é que tanto o autor do livro quanto o personagem principal foram perseguidos por seus feitos. Após a vitória do movimento, o gaúcho João Cândido foi preso por um tempo, sofreu torturas e foi expulso da Marinha. Morreu aos 89 anos, pobre, trabalhando na Praça XV, no Rio de Janeiro. Edmar Morel tornou-se um dos mais famosos jornalistas brasileiros, mas depois da publicação do livro, sofreu perseguições e foi impedido de ser repórter com o advento do golpe de 1964.

Para redigir o livro, Edmar reuniu uma série de documentos oficiais, jornais, publicações e também entrevistou várias testemunhas, inclusive João Cândido, de quem se tornou amigo. O material pesquisado pelo jornalista está guardado na BN e serviu de base para a exposição.

A mostra está montada no terceiro andar da Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.

Leia também: Mostra - A Revolta da Chibata - o jornalista e o marinheiro.

(Gláucia Ribeiro Lira, Comunicação Social/MinC)

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