Gosto muito de cachorro quente, muito mesmo, mais até do que deveria à medida que a idade vem chegando. Confesso que tentei gostar menos, mas não consegui.

Uma noite esperava em uma barraquinha lotada a minha senha ser chamada quando um policial militar apareceu no local. Não pegou senha nem pediu nada, foi a um canto junto ao dono da barraquinha, que abriu a pochete e retirou várias notas de cinquenta reais e entregou ao policial; este se retirou e pouco tempo depois quatro militares da cavalaria passavam altivos fazendo sua ronda, se postando como fiéis agentes da lei, entre eles o que foi buscar a "caixinha" com o dono da barraquinha de cachorro-quente.

Não sei precisar quanto tempo depois, talvez duas ou três semanas, eis que estou aguardando na mesma barraquinha, diga-se de passagem um negócio pequeno, de família, e uma viatura da polícia militar parou no local, ninguém saiu do carro. Uma mulher foi atende-los e o dono da barraquinha gritou: "Aqui é outra jurisdição"! Logo algum problema ocorreu e mais duas pessoas se juntaram à porta do carro de polícia enquanto o dono, já meio desesperado, talvez por medo de falir se tivesse que pagar "caixinha" a toda viatura que passasse, insistiu: "Aqui é outra jurisdição"!

As vias da corrupção se entrelaçaram na barraquinha de cachorro quente. De repente todos sairam de perto da viatura, o dono telefonou para alguém e tudo "ficou resolvido", os policiais saíram do local, não sem antes levar alguns cachorro quentes, lógico que não pagaram por eles. Talvez por isso o bendito do cachorro quente seja tão caro mesmo com ingredientes tão baratos, até aqui a corrupção no Brasil leva a sua parte.

E é em nome da moralidade que alguns ainda bradam pela ditadura militar? Pfff...

http://diariodocontista.blogspot.com.br/2015/12/as-vias-da-corrupcao-se-entrelacaram-no.html

Comentários

Por Roberto Affonso Pimentel
em 28 de Dezembro de 2015 às 19:42.

Lembrando o saudoso Rui, que no Senado já sentenciava:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa, v. 41, t.3, 1914, p.86)

Todavia, amigo, não perca a esperança: deixe que seus filhos o fitem nos olhos e neles se espelhem. 

Abraço.


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