A SEE/SP, na gestão José Serra, continua apostando na "criminalização" dos professores pelo fracasso escolar. Entre tantas outras medidas que responsabilizam individualmente o professor, como a remuneração por desempenho, a SEE/SP acaba de oficializar que o professor é o responsável pela sua formação. Lança uma evolução funcional, baseada na certificação de professores, isto é, os professores farão provas a cada três anos, se forem bem recebem um reajuste salarial. Apenas um detalhe, só os 20% melhores terão direito ao referido avanço na carreira. Gostaria que vocês comentassem sobre o assunto.

Comentários

Por Débora Martins Machado
em 5 de Agosto de 2009 às 00:22.

Mudanças e novos projetos, politicos ou não, sempre proporcionam desconfiança e questionamentos. Penso que está na hora de acontecer uma mudança na educação, porque, como vemos, ao final do ensino médio temos um considerável número de alunos com dificuldades na leitura e na escrita. Essas dificuldades deveriam ser sanadas nas series iniciais. O profissional da educação também é responsavel por sua formação, afinal, antes de ser funcionário públicou, optou por uma faculdade e também optou por ser professor da rede estadual. AGORA, se o profissional escolheu ser  serviço público somente para ter estabilidade, digo, somente para não ficar desempregado, concordou com as politicas públicas e com o sistema e esqueceu de pensar na educação que realmente acredita.

  Não sei se o termo adequado seria fracasso escolar, porém, deixo claro que todos são responsaveis pelos resultados: secretario de educação, dirigentes, supervisores, diretores, coordenadores, vice-diretores e professores. Afinal de contas, quando se diz que o trabalho é de equipe os resultados bons ou ruins são de todos. Gasta-se muito tempo procurando o culpado e enquanto isso os alunos estão esperando por intervenções pedagógicas para que aprendam o que lhes é de direito.

  Talvez, o que se faz necessário questionar é a maneira que foi escolhida para realizar a avaliação dos professores. Provas e aumento de salários não darão conta de uma educação pública de qualidade. Os materiais organizados pela educação estadual são de excelência, porém poucos são os profissionais que compreendem o que está " escrito", e não estou falando somente dos professores, estou falando também da equipe gestora.

Agora eu pergunto: QUEM É O RESPONSÁVEL PELA FORMAÇÃO DO PROFESSOR?

Por Mario Luis Monte Machado
em 5 de Agosto de 2009 às 00:51.

Gostaria de participar com alguns comentários a respeito do tema: acredito que a iniciativa da SEE/SP é interessante no sentido de atrair os professores que estão acima da média a permanecer na rede, e inspirar outros a buscarem a excelência do ensino, em benefício dos alunos. Funcionaria  também como um estímulo a busca de um aperfeiçoamento por parte do professor em busca de sua excelência. Acredito que o professor é sim responsável por sua formação e aperfeiçoamento, até por uma questão de sobrevivência, afinal de contas, a estagnação é o atalho para a  extinção, e quem sofre as consequências desta estagnação é o aluno. Evidentemente, seria necessário outras iniciativas pontuais para melhorar o desempenho dos alunos , como voltar o foco para a organização escolar, de sua equipe gestora, talvez com uma administração mais voltada para a obtenção de resultados positivos. Entendo que não podemos deixar de ter consciência de nossa responsabilidade nos avanços e fracassos de nossos  alunos, e lutar que, caso ocorra fracassos, que possamos ter a oportunidade de retomarmos o caminho e avançar. Concordo que a forma de avaliação apresentada carece de mais esclarecimentos, pois o que foi divulgado ressalta os melhores, mas a rede não é formada somente pelos melhores. O que será e como será feito a reciclagem dos  profissionais da educação que não atingirem os objetivos propostos? Entendo que seria importantíssimo intensificar o processo de resignificação da proposta em vigor e também da formação pedagógica com esses profissionais.

Por Guilherme Tucher
em 5 de Agosto de 2009 às 07:51.

Olá, amigos. Sou do Rio de Janeiro e a realidade não é diferente. Realmente precisamos de mudanças urgentes na educação do nosso país. Mas vamos propor o seguinte também: a cada ano, todos os "homens da política" serão avaliados pelo que fizeram. Os que tiverem acrescentado alguma coisa e não tiverem "tirado" nada, serão bonificados. Os que estiverem estagnados ou "tirando" muito, terão seus benefícios retirados!

Por Guilherme Borges Pacheco Pereira
em 5 de Agosto de 2009 às 09:01.

Caros,

Não vejo problemas com certificações, promoções e parte dos ganhos relacionados à produtividade. Mas no caso dos professores há muitas ressalvas a serem feitas. A primeira é, para quem conhece a história, a corrosão da educação (pública e privada) no Brasil, a começar pela falta de investimentos, em particular sobre o salário. Isso dura cerca de 40 anos. No passado, pesoas com o perfil de professor, podiam viver dignamente com seus salários, sem trabalhar 3 turnos. E o país era mais pobre. Meus pais, professores, agora octogenários, viveram dignamente e com saúde. Hoje, os jovens fogem da profissão - fuga de cérebros. Ainda que testemunhemos algumas poucas iniciativas para melhorar esta condição, a imagem do professor está tão destruída, que ninguém mais quer ser professor. Os professores certamente são os profissionais de nível superior com a menor remuneração entre todos. Vamos combinar assim, os empregadores (públicos e privados) oferecem boas condições de trabalho, depois avaliam. Querem começar pelo fim, é desesperançoso. Como disse o Tucher, façamos o mesmo como os gestores públicos.

SDs

Por Débora Martins Machado
em 5 de Agosto de 2009 às 09:27.

Caros,

A avaliação do desempenho dos governantes é feita de 4 em 4 anos: vivemos numa democracia. Infelizmente poucos são os que cobram dos politicos todas as promessas faladas e impressas nas campanhas eleitorais.  Observo, muitas vezes, que os profissionais preferem não se indispor, acreditam que manter o silêncio no espaço dedicado para discussão é mais "fácil". Lembrando, que não adianta falar aos quatro ventos, é necessário ter argumento e ser pontual.  Precisamos buscar o conhecimento para não ficarmos a mercê do que nos é imposto.

(...)FOCO TAMBÉM SIGNIFICA TER A SEGURANÇA DE DIZER NÃO QUANDO TODO MUNDO ESTÁ DIZENDO SIM." (Steve Jobs)

Por Bruno Gonçalves Lippi
em 5 de Agosto de 2009 às 11:20.

Parece que os princípios neoliberais estão permeando o nosso debate. Primeiro, todo trabalhador tem direito a salário digno independente da sua "produtividade". A rede estadual passou uma década sem oferecer reajustes compatíveis com a realidade econômica brasileira e, agora, vem oferecer "migalhas" àqueles que fizerem milagres. Milagres porque a SEE não quer discutir quantidade de alunos por sala, não quer discutir os projetos políticos pedagógicos das escolas, não quer discutir jornadas com tempo disponível para a formação e para organização de atividades pedagógicas, não quer discutir remuneração, não quer discutir uma política consistente de formação em serviço, não quer receber os sindicatos, entre outras coisas que comprovadamente dão bons resultados, mas requerem investimentos. E por fim quer responsabilizar o professor pelos deveres que não cumpre.

Quanto à formação, o poder público é responsável pela formação sim! Porque a educação em todos os níveis é dever do Estado. Pena que os atuais gestores da SEE/SP, quando estiveram no MEC, concederam a formação de professores a nível de licenciatura a qualquer um. Cadê a cobrança de responsabilidade das universidades privadas, que visam apenas o lucro, sobre a formação dos professores que hoje estão na rede pública. 90% dos professores da rede estadual cursaram a licenciatura na rede privada de ensino superior, por que não vamos punir essas universidades que não fizeram seu papel como prevê a legislação? Que tal confiscar os lucros dessas universidades para ver se elas melhoram a "produtividade"? Agora, o professor vai ser punido mais uma vez, pois ele já foi punido ao ter que pagar pelo seu curso, que em geral, foi de qualidade regular para ruim. Ele terá que estudar sem qualquer suporte da SEE/SP para poder galgar um pequeno reajuste salarial, lembrando que ele não terá nenhuma garantia, pois se ele tirar 9,9 na prova e 20% da rede tirar 10, ele assume o rótulo de "incompetente" e não será merecedor.

Quanto às publicações da SEE/SP, não considero produções de excelência. Primeiro, foram construídas sem qualquer participação da rede. Segundo, uma proposta currícular que pretender unificar realidades tão díspares não pode ser de boa qualidade. Terceiro, as intenções da SEE parecem estar voltadas para legitimar uma determinada perspectiva de educação pautada em competências e habilidades.

Continuamos debatendo...

Por Camila de Lima Medeiros
em 5 de Agosto de 2009 às 16:17.

Concordo Bruno, desculpe por ser radical, mas as eleições estão próximas e imagina que coisa linda isso numa propaganda político-partidária. Que orgulho para o Estado assistir a isso?

É uma pena que nossos alunos ainda com o espírito crítico em construção não compreendam isso e, mais ainda não coloquem isso em discussão com outras pessoas.

Em minha opinião, essa manobra e muito boa politicamente, mas na prática pouco será feito, já que o professor terá que "se virar nos 30" para ser reconhecido e remunerado como um bom profissional. Precisamos sim de cursos BONS e gratuitos para professores da rede pública (se for o caso). Materiais, novas salas de aula com o intuito de dividir as classes, afinal todos sabemos (inclusive aqueles que nos governam), que o exagerado número de alunos por classe atrapalha no aprendizado, tanto na sala de aula quanto na quadra, onde o material disponível é mínimo, quando existe.

A discussão com o sindicato deve ser aberta para a melhora de fato na qualidade da educação. Pelo que entendi, o SEE/SP parte do pressuposto que funcionário “bem remunerado” é funcionário feliz, mas esse paradigma já caiu nas empresas, acredito que o caminho será o mesmo neste caso.

Por Leandro Batista de Sousa
em 20 de Novembro de 2009 às 21:41.

Olá pessoal gostaria de retomar a discussão, uma vez que agora é fato concreto, já n próximo início de ano será realizada a primeira prova desta certificação.

É tão claro as intenções eleitoreiras deste projeto, que dois dias depois de aprovado eu como professor em cidade do interior já estava recebendo uma cartinha do nosso então secretário de educação sr "Paulo Renato Souza" com a tal "Valorização pelo Mérito" mostrando todos valores com a carga horária máxima de 40h aulas/sem., outro fato interessante ignorado pelo atual governo, foi a discussão totalmente ignorado por ele, sr Serra, pelo aumento da horas de planejamento escolar, para 30% da carga horária.

Com certeza este projeto divide opiniões mas acredito que servirá mais como propaganda política do que realmente valorização do trabalho docente. uma vez que quanto tempo levará para que estiver entre os 20% dos aprovados comece a receber assim como muita coisa no estado e bem demorado para ser publicado em diário oficial, vamos ver quando isto ocorrerá???

Desculpe pois só agora pude visualizar esta discussão, gostaria de comentar sobre o comentário da Débora, que infelizmente quem realmente elege não são os professores, mas a maioria da população, não tem uma visão crítica da realidade, vivemos na sociedade dos analfabetos funcionais, e de seus filhos/netos, pois muitos na adolescência ja são pais.

Bruno, vc como aluno da pós da usp, sabe melhor informar, este mesmo governo prometeu curso de pós a distância aos professores, organizado pelas univ. publicas paulistas, pelo visto nada foi concretizado, vc tem conhecimento de algo neste sentido??

espero retorno deste debate....

saudações Leandro


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