Cevnautas,

Como sabemos todos, o CEV foi criado há quase vinte anos integrando também uma iniciativa de popularização da ciência - a intermediação entre a produção escrita pelos cientistas pelos em divulgação científica -  do LABJOR - Laboratório de Estudos Avançados em jornalismo da Unicamp e, e tb das novas tecnologias de comunicação aplicadas à Educação da "Escola do Futuro" da USP.  

Tentamos praticar a definição de ciência do professor de filosofia da ciência Rubem Alves:"Ciência nada mais é que o senso comum refinado e disciplinado"  

Vamos ao exemplo de hoje, com o artigo da UOL, reproduzido em vários jornais e blogs brasileiros. Ele foi baseado num artigo do Washington Post de 6 de abril. Como não é costume no Brasil citar o endereço das fontes, fomos até o Post para buscar. De quebra, deu pra visitar a página do professor"Dipartimento di Scienze della Formazione per le Attività Motorie e lo Sport" da UIROMA, Francesco Di Russo.   

Como a introdução já está longa, colo o artigo do UOL e, em seguida, as referências. Laércio  

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Ciência identifica atividades físicas que mais ajudam o cérebro 20/04/201512h00 Mariana Bazo/Reuters  

Que exercícios fazem bem para a saúde, todo mundo já sabe; mas o que é menos conhecido são os benefícios dos esportes sobre o funcionamento do cérebro, a "saúde da mente".  

"Há várias décadas se acumulam evidências indicando os benefícios da atividade física, tanto aeróbica como de força (ou resistência), na função cognitiva, tempo de reação e memória, entre outras propriedades", disse à BBC César Kalazich, especialista em medicina desportiva da clínica MEDS, no Chile.  

Embora as pesquisas indiquem que qualquer atividade física, incluindo caminhadas, seja benéficas, há evidências de que nem todas contribuem da mesma forma ou geram os mesmos efeitos para a saúde.  

Esgrima

Um estudo publicado em 2012 pela Universidade Foro Itálico de Roma comprovou que os esportes que requerem tomar decisões em frações de segundos melhoram a função cognitiva tanto em pessoas jovens como em idosos, o que permite reduzir problemas associados ao envelhecimento.  

A velocidade da esgrima, tanto para atacar como para defender, ajudaria a melhorar as funções cognitivas do cérebro.  

A pesquisa partiu da premissa de que atividades em que participantes precisam se mover de forma constante e adaptar-se rapidamente às mudanças que ocorrem, como a esgrima, podem compensar os efeitos relacionados ao passar dos anos, como problemas de aprendizagem, de memória e tempo de reação.  

"É mencionado o efeito que este tipo de disciplina tem na execução de funções e nos tempos de reação em sujeitos de meia-idade -- de 55 a 65 anos--, comparados com outros tipos de exercício e com pessoas sedentárias", afirmou Kalazich.  

Para diferenciar os esportes, os pesquisadores estabeleceram duas categorias: abertos e fechados.  

"Os esportes considerados de habilidades abertas - em que a tomada de decisões rápidas, reações instantâneas, de precisão em velocidade são a premissa - seriam, por exemplo, futebol, basquete, vôlei, esgrima, tênis de mesa (ping pong), hockey etc."  

"Os outros, de habilidades fechadas (repetição de movimentos, ritmo estável), seriam atletismo, ciclismo, boliche e patinação, entre outros", explicou o especialista em medicina esportiva. 

Combinação

Um dos líderes da pesquisa, Francesco Di Russo, contou ao jornal The Washington Post que esportes como esgrima requerem tomadas rápida de decisões e demandam um alto grau de atenção visual e flexibilidade.  

"Queríamos ver se o esporte ajudaria a manter o cérebro rápido e efetivo, reduzindo o envelhecimento cognitivo", afirmou Di Russo.  

Para Kalazich, é possível que exista uma combinação de elementos, porque também se observou "que estimular o cérebro com leitura ou jogos tem efeitos semelhantes".  

"Então haveria uma soma da estimulação cerebral/intelectual do esporte específico de habilidades abertas aos benefícios que provoca o exercício em si."  

Desde cedo

O consenso entre os especialistas em medicina desportiva é que a atividade física oferece benefícios a pessoas de qualquer idade e que é melhor começar tarde do que nunca. Médicos recomendam fazer exercícios desde cedo, embora nunca seja tarde para começar.  

"Observou-se que pacientes idosos melhoram parâmetros como memória, capacidade de reação e capacidade cognitiva em poucos meses (de 3 a 6 meses) a partir de uma rotina de exercícios com orientação."  

Mas ele esclarece que é evidente que os benefícios aumentam se os exercícios começam a ser feitos mais cedo.  

"O ideal é começar a praticar exercícios durante a infância, para que isso tenha influência na plasticidade cerebral e na aprendizagem de habilidades de coordenação e capacidade aeróbica e força."   "Um conceito bem interessante e cada vez mais estudado é o da plasticidade neuronal [capacidade de os neurônios formarem novas ligações], que é muito importante para o crescimento e a aprendizagem de crianças e adolescentes", acrescentou o especialista da Clínica MEDS.  

"Isso não se perde nos adultos, mas pode ser estimulado significativamente com os exercícios mencionados."  

Kalazich considera que o estudo da universidade italiana oferece um ponto de partida sobre que tipo de exercícios e em que dose são os mais adequados para as distintas idades e capacidades, mas diz que "ainda há muito a investigar".

FONTE com foto: http://bit.ly/cev1240   

Artigo do Washington Post (com links para 6 referências): This is your brain on fencing: How certain sports may aid the aging brain http://bit.ly/cev1241  

Artigo original: Medicine & Science in Sports & Exercise: June 2012 - Volume 44 - Issue 6 - p 1057–1066. Neural Correlates of Attentional and Executive Processing in Middle-Age Fencers. TADDEI, FRANCESCO1; BULTRINI, ALESSANDRO1; SPINELLI, DONATELLA1,2; DI RUSSO, FRANCESCO1,2 http://bit.ly/cev1242  

Página do Prof Francisco Di Russo: http://www.uniroma4.it/?q=node/1016

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Comentários

Por Mário Augusto Silva Lemos
em 21 de Abril de 2015 às 18:07.

É sempre necessário dizer que toda prática de atividade física orientada é muito importante para a saúde. O que vem se tratar aqui agora, é a importância de determinadas atividades físicas no controle da saúde do cérebro. Como constatado no estudo apresentado acima, as atividades que envolvem tomadas rápidas de decisão e repentinas mudanças de comportamento, tem um grande efeito fisiológico. Foram classificadas em dois aspectos: habilidades abertas (com rápida tomada de decisão) e habilidades fechadas (ritmo estável). A meu ver as habilidades abertas podem contribuir mais com essa compensação para o cérebro com o passar da idade, já que nesse tipo de habilidade as mudanças de comportamento são constantes, ou seja, o ambiente de execução é imprevisível, promovendo assim uma maior concentração e reação do executante o que pode ser mais benéfico. De todo modo, a prática de atividade física deve ser sempre incentivada para uma maior promoção da saúde.

Por Thayane da Silva Campideli
em 21 de Abril de 2015 às 22:39.

Sabemos que quanto mais cedo se iniciar no esporte, mais chances são as de preservar a saúde física e mental no futuro. Diferentes esportes trazem diferentes benefícios a seus praticantes, e nós profissionais de Educação Física devemos estar sempre preparados para conseguir orientar bem nossos clientes para que estes escolham as melhores opções dentro de seus objetivos. É necessário saber conjugar diversas habilidades oferecidas pelos esportes, e conquistar com treinos bem elaborados uma saúde garantida.


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