Olá amigos,

Gostaria de registrar o lançamento da revista eletrônica "Recreação Magazine"

em www.recreacaomagazine.com.br

editada pelo Centro de Estudos do Lazer, Educação, Integração, Recreação e Ócio - CELEIRO

Confiram, comentem e participem.  A revista é um mecanismo democrático e aceita sugestões de pautas, divulga publicações e livros, trabalhos científicos, congressos, simpósios e cursos.  Conta ainda com seções de práticas recreativas e reflexões como "a importância do brincar" e "a utlilização da recreação na escola".

Leiam e opinem.  Este é um novo mecanismo de manifestação cultural que está apenas em seu primeiro passo.  Ajude-o a se tornar um grande mecanismo de comunicação educacional.

Um grande abraço a todos

Ronaldo Tedesco Silveira

Comentários

Por Ronaldo Tedesco Silveira
em 11 de Novembro de 2009 às 09:03.

Olá amigos.

Confiram.  Nossa segunda edição já está no ar.   www.recreacaomagazine.com.br.    A primeira revista brasileira sobre recreação e educação com 100% do seu conteúdo disponível gratuitamente na internet.

A revista aborda temas que vão de públicações científicas à passo a passo de uma escultura de bexiga.  Prática de campo e ensaios sobre origem, fundamentaçao e futuro da recreação e educação, apresentados de maneira leve e agradável.  Vale a pena conferir...

Atenciosamente

Ronaldo Tedesco Silveira

Centro de Estudos do Lazer, Educação, Integração, Recreação e Ócio - CELEIRO

Por Ronaldo Tedesco Silveira
em 2 de Dezembro de 2009 às 11:14.

Olá amigos da comunidade CEV,

Apresento ensaio publicado na Recreação Magazine de Novembro, para apreciação e comentários, críticas e colaborações.

Leia este e outros textos, na íntegra e gratuitamente em www.recreacaomagazine.com.br

Rodas Cantadas... educando a emoção!

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Você lembra de quando freqüentava a escola, as aulas que o prepararam para uma vida emocional equilibrada?  Eu também não!  Acho que poucos tiveram esta possibilidade desenvolvida dentro da proposta curricular de sua escola.

As escolas acabam se preocupando mais em desenvolver os aspectos cognitivos, as expertises para o trabalho.  Mas como desenvolver estes temas em um aluno emocionalmente desestabilizado?  Como preparar para o trabalho um aluno que não tem perspectivas de longo prazo, que não aprendeu a sonhar?

Nosso grupo de alunos, não só no Brasil, mas em todo o mundo, apresenta uma quantidade cada vez maior de quadros de transtornos ligados à emoção... e cada vez de maneira mais precoce.  Encontramos cada vez mais, e com maior intensidade, crianças passando por depressões, fobias, intolerâncias, insegurança, baixa perseverança, pouca solidariedade, incapacidade de se sociabilizar, de fazer amigos, instabilidades de humor, agitação, agressividade, baixa auto-estima, entre outros.

Um aluno com algumas destas características terá problemas em sua vida escolar e em sua capacidade de aprender e utilizar o conhecimento recebido da escola, por melhor que sejam os professores e métodos de ensino.  Agitado, em atrito com outros colegas, acuado, com medo, intimidado ou sem perspectivas... seja lá em que estado de desequilíbrio se encontre, este aluno não aprenderá bem.

O trabalho com o corpo, com o movimento, com os gestos dotados de significado, o ritmo e a música, propiciam uma série de estímulos que ajudam no desenvolvimento e amadurecimento dos aspectos emocionais do indivíduo.

Claro que também propiciam incrementos em outras área como o desenvolvimento físico, cognitivo e social, mas neste ensaio analisaremos com ênfase os incrementos emocionais.

Gostaríamos ainda de ressaltar que o desenvolvimento humano ocorre de maneira integrada e é indivisível  e que nossa segmentação ocorre apenas sob aspectos didáticos, facilitando a análise e observação.

Iniciamos então analisando o fato das crianças serem excessivamente agitadas e pouco concentradas no processo de ensino aprendizagem escolar.  Isto está em grande parte relacionado ao crescente número de estímulos que nossas crianças recebem hoje em dia, quase que simultaneamente, da televisão, que concentra imagem, movimento, som, informações em uma sucessão de quadros e assuntos, diferentemente dos livros.  O computador também, que traz o mundo todo até você em alguns cliques.  Isto combinado a um grande número de outdoors e luminosos, a velocidade do transporte motorizado, que nos permite ver muito mais rapidamente o mundo, em se comparando com o andar.  Também o número de brinquedos eletrônicos, que fazem muita coisa quase sem a participação da criança, mas com muito movimento, som e luzes.

Dentro deste universo se desenvolve uma mente acostumada à velocidade e a pouca profundidade.  "Sabemos sobre quase tudo, mas quase tudo mal" diz a canção.  Isto propicia a ansiedade e o baixo envolvimento, ou comprometimento.  Nossos alunos começam cada atividade pensando em qual será a próxima, no que faremos depois.  Não há entrega.

Quando trabalhamos com música e movimento conseguimos desacelerar este pensamento.  O cantar e mover-se, independentemente da intensidade dos gestos e altura da voz, promove uma canalização do pensar, ocupando todos os canais do cérebro, não sobrando espaço para pensamentos paralelos.  Experimente você, cantar, dançar e pensar em outras coisas.

Esta característica do trabalho é capaz de desacelerar o pensamento simultâneo, que é prejudicial ao desenvolvimento, treinando assim a concentração, o envolvimento, a participação integral da atividade e do grupo. 

 

 

O corpo sente então o prazer da integralidade.  Se o aluno é exposto com constância a esta situação pode desenvolver aos poucos um maior poder de observação, notar detalhes, se concentrar, aumentar seu comprometimento com o fazer presente.

Isto pode gerar uma segunda conseqüência. Com o aumento do envolvimento surgem sinais de maior estabilidade emocional.  Participar de algo, integralmente, fazendo parte de um grupo, promove uma maior segurança, uma sensação de proteção por parte do grupo, possibilitando o aumento gradual de exposição e a diminuição do medo quanto a julgamentos.

Nesta questão a prática de rodas cantadas também auxiliará bastante.  Como a atividade é complexa e envolve muitos setores da inteligência da criança, esta não tem muito tempo de observar detalhadamente o outro, tendo poucas possibilidades de julgar o movimento ou a performance deste outro.  Não julgando e não se sentindo julgado o aluno vai pouco a pouco aumentando sua coragem de expressar-se.  Como o processo se dá de maneira coletiva, esta segurança se desenvolve no seio do grupo, permitindo um incremento social.  A socialização permite maiores amizades, maior contato, enquanto que o não julgamento gera, a longo prazo, cooperação e tolerância.

Como as canções envolvem personagens, animais, histórias impossíveis, entre outros temas divertidos, a criança inicia um processo de representação, onde fará de conta que é algo, ou algum animal, ou outra pessoa.  Sei corpo e suas partes representarão objetos e formas.  Neste exercício, a criança começa a observar o mundo que está fora de si, observar que existe um outro, se passar por ele, representar.  Com isto desenvolve uma inteligência particular, além de muita criatividade.  Estes elementos juntos possibilitam um maior possibilidade de apreciação do que existe no mundo, de como as coisas são belas, e aumenta o poder de sonhar.  Vivendo um personagem o indivíduo pode se deparar com novas emoções e entender o processo de ser o que se quer ser.

Canções infantis muitas vezes envolvem ainda um grande desafio, na letra, nos gestos, nas longas seqüências de palavras que devem ser lembradas e repetidas em ordem.  Como há um prazer em cantar e participar, o aluno tenta vencer, continuamente os desafios das canções, sendo motivado pelo profissional que conduz a atividade e/ou por seus companheiros, treinando sua perseverança e tolerância ao erro.  Nesta atividades errar é engraçado.  Todos erram, uma vez que os desafios são difíceis mesmo.  Muitas vezes até o condutor erra, e se desculpa, e ri, e mostra como errar é normal!

Uma atividade de roda cantada bem conduzida nos levará a um aumento crescente da auto estima do participante, uma vez que une características artísticas, de canto e representação, que causam exposição das crianças a situações fora de suas zonas de conforto.  A dança quebra barreiras de preconceitos.  O bom profissional saberá como conduzir estas quebras de paradigmas passo a passo, aumentando gradativamente a exposição do aluno, com dificuldades crescentes, permitindo que todos se soltem, se permitam participar, mesmo que timidamente, da dinâmica, e se tornem seguros de seus corpos, gestos, olhares, postura.  Permitindo que se relacionem dentro do grupo de maneira leve e descontraída, permitindo a sociabilização, a estabilidade, a tolerância.  Em um próximo nível permitirá a afirmação do fazer livre de julgamento criando segurança e, por fim, incrementando a auto estima da criança, que se torna capaz de agir, falar e olhar o mundo de frente.

Este é o processo que acreditamos e que queremos difundir, a partir da prática pedagógica das rodas cantadas no ambiente educacional como estratégia de apoio para um programa de fortalecimento dos aspectos emocionais de nossos alunos e recreandos, seja nas esferas formais ou informais de ensino.

 

Ronaldo Tedesco Silveira


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