Pessoal, vamos balançar nessa rede nova? Laercio

JC e-mail 3902, de 02 de Dezembro de 2009.
   
18. Pesquisador propõe rede de pesquisa independente
    
"Dessa forma, os recursos serão solicitados individualmente ao Edital Universal, às agências de fomento estaduais, às Universidades e às fontes de fomento internacionais"

Leia mensagem de Luiz G. Gawryszewski, professor do Departamento de Neurobiologia e do Programa de Pós-Graduação em Neurociências da Universidade Federal Fluminense (UFF):

"Em Busca do Universal

Estou propondo constituir uma rede de pesquisa baseada no interesse mútuo e coletivo de pesquisadores que não se sentem adequadamente representados na forma de fomento à pesquisa e à tecnologia no Brasil de hoje. O principal objetivo desta rede seria fortalecer o Edital Universal do CNPq e permitir interações intensas e eficientes.

Desta forma, os recursos serão solicitados individualmente ao Edital Universal, às agências de fomento estaduais, às Universidades e às fontes de fomento internacionais.

Poderemos chamá-la Rede Autofinanciável, Rede Autopoiética e/ou Rede Caótica.

Por que autofinanciável? Porque os recursos serão solicitados individualmente ao Edital Universal, às agências de fomento estaduais, às Universidades e às fontes de fomento internacionais, não se excluindo a formação de grupos de pesquisadores que serão estruturados e desfeitos com total livre-arbítrio dos seus membros.

Por que autopoiética? Porque expressa a essência das formulações teóricas e práticas dos membros da rede que construirão uma estrutura plástica e prazerosa que não dependerá das políticas governamentais (variáveis) para chegar ao seu objetivo principal (uma homeostasia que garanta uma continuidade ao progresso da ciência brasileira).

Por que caótica? Porque a infidelidade criativa será a tônica nas nossas atividades. Os grupos terão total liberdade para se constituirem e se desfazerem.

Objetivos

1- Incrementar a proporção dos recursos financeiros destinados ao Edital Universal, ao qual qualquer pesquisador pode concorrer em igualdade de condições com seus pares. Em 2009, o Edital Universal distribuiu recursos correspondentes a cerca de 30% do montante financeiro total destinado pelo CNPq aos seus múltiplos e específicos editais (sem incluir os Institutos Nacionais, Finep, etc). Esta situação não é nova, como é possível acompanhar nas matérias escritas por mim e publicadas nos JC e-mail 2550, 2689, 2724 e 2840. O meu tema sempre recorrente é: "Reafirmo a importância dos mecanismos de financiamento baseados na relação direta entre o pesquisador e o CNPq com o apoio dos Comitês Assessores e dos Consultores ad-hoc, tradição que vem da época da fundação do CNPq" (JC e-mail 2724);

2- Aumentar o número de projetos financiados pelo Edital Universal. "CNPq aprova mais de 2.700 projetos no Edital Universal 2009. Este ano, o Edital Universal recebeu cerca de 13 mil propostas, com uma demanda bruta de R$ 604,97 milhões" (sic). Mas, o que acontecerá com os 10.300 projetos que não serão financiados? Como os pesquisadores destes projetos conseguirão manter funcionando os seus laboratórios, orientar os seus estudantes de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado? Quantos recursos financeiros e humanos são desperdiçados quando linhas de pesquisa em andamento são interrompidas por falta de financiamento. Esta situação não é nova (ver JC e-mail 2689, de 17 de Janeiro de 2005).

3- Reestabelecer a figura do pesquisador autônomo (autopoiético), o que não significa solitário mas, ao contrário, um pesquisador interativo com seus pares sem perder a sua identidade jamais. Temos como exemplos: Carlos Chagas Filho, Maurício Rocha e Silva, César Timo-Iaria, Carlos Eduardo Rocha-Miranda, Eduardo Oswaldo Cruz, seus mestres, seus primeiros discípulos e tantos outros;

4- Fortalecer a multi e a transdisciplinaridade como a fonte primordial e essencial para o progresso do conhecimento, rompendo o corporativismo crescente em todos os níveis das atividades acadêmico-científicas, o qual, às vezes, tem tornado um diploma da graduação mais relevante do que um Doutorado, mesmo nas áreas básicas do conhecimento - ver JC e-mail 3680 de 11/09/08: "Se Watson (biólogo) e Crick (físico) vivessem no Brasil de hoje talvez não se encontrassem e descobrissem a estrutura do DNA" (sic);

5- Reinstituir o fazer ciência como fonte de prazer intelectual;

6- Incentivar a publicação em Open Access Journals, de acesso livre a todos;

7- Apoiar efetivamente os profissionais que se afastaram das suas universidades para fazer doutorado ou pós-doutorado no exterior e voltaram ao Brasil. Estes foram selecionados em função do seu talento, da sua tenacidade e da sua capacidade criativa antes e durante a sua formação no Brasil e/ou no exterior. Infelizmente, muitos destes pesquisadores desistem da carreira científica alguns anos após seu retorno ao país, pois não encontram condições satisfatórias de trabalho. Isto resulta no desperdício de todo o capital nacional investido na sua formação."

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