Andei lendo nos últimos tempos vários blogs referente ao tema: treinamento. Percebi que muitos "estudiosos" falam do futebol como uma ciência quase exata, onde é possível prever tudo. Não sei de que maneira esses "especialistas" chegaram nessas conclusões, mas acho que tudo isso pode reverter num bom debate.

Lí que a maioria aconselha os treinamentos integrados e os multi-facetados, com ênfase na dinâmica do jogo. Ou seja, deixar de lado os treinos prioritariamente tecnicistas para entrar no futebol total. Percebo também que a maioria absoluta desse blogueiros são jovens com pouca ou nenhuma experiência prática. Muitos ainda estão sentados nos bancos das universidades. Podemos dizer que são "pura teoria".

Será que eles estão com a razão? O futebol brasileiro patina faz alguns anos e a derrota acachapante do Santos frente ao Barcelona turbinou esse debate. Será que os treinadores brasileiros estão desatualizados ou tudo não passa de mais um "oba-oba" que de tempos em tempos pingam na terra do futebol?

Abraços,

Comentários

Por Roberto Affonso Pimentel
em 16 de Março de 2012 às 08:02.

Professor Edison, Dificilmente encontraremos um "pesquisador" entre os treinadores de futebol no Brasil. Certamente, uma das exceções é o meu colega de escola Carlos Alberto Parreira, que se instruiu na Alemanha. A "escola metodológica" que está sendo desenvolvida no clube Barcelona é o que chama a atenção do mundo na atualidade. Mas o grande trabalho não está na ponta do iceberg - a equipe principal - mas na chamada categoria de base, ou melhor, na Formação. Como o sucesso de uma equipe, todos os olhos se voltam para "como conseguiram isto?" e, como sempre foi feito, os mais afoitos se prestam a copiar-lhes os passos. Só que não sabem como fazê-lo e, pior, não possuem a estrutura necessária e, principalmente, quem lhes diga como fazer. São meros "copiadores de receitas técnicas". A especial atenção e os melhores treinadores deveriam estar na Formação, quando aqui tudo é ao contrário. E não só no futebol. Aproveitando o grande momento do Barça, especialmente em dezembro quando deu um banho no Santos, aproveitei-me para compor um artigo sobre a metodologia de ensino desportivo,intitulado "Formação no Barcelona" e "Futebol de Talentos"?. Mais adiante, em fevereiro, um outro, " Ensinar Vôlei e Futebol, que Diferença?" Poderão, você e seus colegas, apreciá-los e comentarem também em www.procrie.com.br/. Caso queiram se aprofundar nas pesquisas sobre o treinamento de qualquer desporto, sugiro um olhar crítico em "Novo Sumário", onde estão alinhavados vários temas: Como se Adquire Habilidade? (I, II) - Habilidade Vs. Talento - Como Ensinar - Psicologia e Forma de Treinar. E, garanto-lhes, são 390 postagens voltadas para uma boa educação, especialmente para as crianças ditas "pouco ou não dotadas", em que se pretende expurgar tal mito. Apareçam e digam-me o que acharam.

Por João Guilherme Cren Chiminazzo
em 19 de Março de 2012 às 11:41.

Prof. Edison, bom dia!

Bem provocante seu post, é  tema  para conversarmos por horas e horas.... mas  tentarei expor minha opinião a  respeito das  coisas que  abordou. No primeira  delas, futebol não é uam ciência  exata. Concordo contigo, mas  como em ciência  busca-se entender os fenômenos, ela também  tenta  entender o futebol. Foi isso que  alguns professores  portugueses (por  exemplo, Bento, Graça, Garcia, Garganta, Sergio) fizeram para  entender o JOGO. Não  falaram do jogo de  futebol, de  volei, de  basquete, mas tentaram entender a  lógica do jogo, com sua  ludicidade, seus  fenômenos, suas adversidades, com seus  elementos  peculiares.... falar de  jogo não é  tarefa para qualquer um, é  difícil!!! Por  isso que, devido as  suas características, não se  trata de  uma  ciência  exata, difícil de  ser  mensurada!!!

É nesta linha que segue o pensamento do Barcelona, uma  equipe que, realmente,  tem um projeto pedagógico bem estruturado na linha do  treinamento e formação. Se existe  algo que sustenta nossas  ações, pode  até  dar  errado, mas as chances de errar são menores. O que o pessoal não sabe, não vê é isso, o que  existe por trás de  tudo isso, dessa magnitude que toma o assunto, dessa  beleza que é ver o time deo Barcelona jogar, o que sustenta suas ações. Se vc ler o livro "a  BOLA NÃO ENTRA POR ACASO" verás que em 2004  Barcelona era um time  falido, e  como se  reestruturou.... brincadeira o que o presidente Ferram Soriano fez com clube. Isso sim é um exemplo de gestão esportiva. Enfim,  tem muuuuuita  teoria sim pro trás  disso, mas teoria que por sua vez, quando bem dominada sustenta  as  ações, serve de referencial teórico para suas ações. É imprescindível que isso aconteça, que  haja um ponto de referencia teórica para  determinar as ações. Sem isso, as ações ficam soltas no ar, repete-se gesto, transplanta-se treinos, faz-se uma atividade com fim nela mesma!!! É triste reduzir o JOGO a simples  reprodução de  gestos motores, descontextualizadas de seu ambiente.

Não  existe o certo, existe  sim o coerente, aquilo que  está  sustentado através de um  referencial teórico, assim  axiste fundamentos que explicam , ou pelo menos  tentam  explicar, suas  ações, dando significados, respeitando os  contextos e traçando  metas (atingíveis)  que se quer chegar!! Agora se me  permite, vamos pensar em algumas  coisas: Quem são os técnicos brasileiros? Qual foi sua formação para ser técnico? Possuem competências e  habilidades  para  serem técnicos? E a produção  científica no futebol, como estamos? Quem faz  ciência no futebol atualmente? Quem realmente  pensa,  entende e conhece  do JOGO? Enfim, essas e  outras  tantas perguntas surgem quando o assunto é  Futebol!!!!!!

Enfim, termino com um a frase de  Phil Jackson " Falar de  touros não é a mesma  coisa que  entrar na  arena".

Um abraço,

JG

Por Roberto Affonso Pimentel
em 20 de Março de 2012 às 17:36.

 

Melhores Professores, Melhores Treinos, Melhores Atletas, Mais Talentos

- Como se adquire talento? O que torna os indivíduos de sucesso diferentes do resto de nós?

- Qualquer talento depende unicamente de uma prática diferenciada, não de uma predisposição genética.

Edison, pegando o gancho do Professor João Guilherme que citou alguns professores portugueses que se dedicaram ao estudo do JOGO, e tendo em vista que estou postando vários artigos para professores e treinadores portugueses (tb. brasileiros) a respeito do "Jogo Voleibol" em seus aspectos metodológicos. Como se trata do motivo de sua colocação inicial, deixo a seu critério e dos demais que nos acompanham interpretarem com serenidade as colocações e o sentido do que está consignado em termos de Metodologia desportiva. Imagino eu, esta minha intenção, de pesquisar e divulgar o que pode ser colocado na prática, e não o que “Não se faz há milênios”.

Com quem então deveremos aprender? Com os treinadores mais antigos? Mas se eles pouco ou nenhum estudo têm sobre o assunto, como aprenderemos? Os cientistas e pesquisadores nen sempre têm o conhecimento prático, concordamos todos. Contudo, um professor interessado pode se aproximar deles e colher informações, além de emprestar seu conhecimento prático para avaliações futuras de comportamento e soluções. Assim fizeram alguns que Daniel Coyle aponta no livro “O código do talento”. Aponta um novo caminho metodológico que já vem sendo praticado de forma desconhecida e em muitos casos, empírica. Seu valor? Dá nome aos bois, isto é, identifica para todos nós caminhos a seguir e a descobrir, não deixando de lado a boa crítica.      

O estudo da Metodologia é suficientemente inóspito para muitos que se dedicam ao magistério, mesmo para aqueles que cursam Pedagogia. Imagine para um professor de futebol no Brasil, onde se formam técnicos em 3 meses. Mas talvez para outros, que pretendem se aprofundar nas mentes e interpretar com seriedade o que precisam para crescer e se desenvolver, não é um estudo específico para o futebol ou qualquer modalidade desportiva, mas para a própria VIDA. Não apregoam que o esporte educa? É assim desde que damos os primeiros passos. São coisas que dificilmente saberemos interpretar na prática sem a ajuda da experiência de alguns teóricos da ciência.

Vejam a série (cinco) de artigos que postei e estarei postando sobre Métodos de Treinamento e congêneres em www.procrie.com.br/ : Um Olhar no Voleibol Português (editado) – Como Produzir Talentos? (editado) – Melhores Treinos, Melhores Atletas – Melhores Professores, Mais Talentos (1 e 2).

Cuidado com o conceito do que seja talento para que não se percam em elucubrações desnecessárias e pouco profícuas.

 

Por Edison Yamazaki
em 21 de Março de 2012 às 03:00.

Roberto,

Muito obrigado pela participação.

Estarei lendo os artigos no site do "Procrie" e tentando contribuir de alguma forma.

Em relação ao futebol, tenho a impressão de que o exito atual do Barcelona é momentâneo, mesmo com toda estrutura de sua base. Não consigo acreditar que eles tenham aplicado um método de treinamento tão diferenciado. Tiveram também a competência de selecionar jogadores que se encaixam. Enfim, só saberemos disso quando os atuais jogadores forem substituídos e a qualidade continuar o mesmo.

Vejo você citar o Parreira que teve o mérito de tirar o Brasil de anos de derrotas em Copas do Mundo. Como estudioso que é, será que ele não teria como influir para mudar o atual conceito de treinos e administração do futebol brasileiro? Os professores da base precisam obrigatoriamente terem boas formações teóricas, mas sem um "norte" de trabalho, será que as coisas funcionariam? Como se vê, dúvidas é que não faltam.

Eu sempre me pego pensando sobre os treinadores brasileiros, principalmente os que foram técnicos da seleção em Copas do Mundo. Acho que tirando Parreira, Lazzaroni e Claudio Coutinho, nenhum outro foi um grande estudioso. Aí me pego pensando se não será uma grande bagagem prática aliada à capacidade de extrair o melhor de cada atleta é que torna um treinador campeão, independente de métodos certos ou não, de  treinamentos.

Um grande abraço,

Por Edison Yamazaki
em 22 de Março de 2012 às 02:40.

Chiminazzo,

É verdade... falar sobre futebol é assunto para muitas horas. rsrs

Faz muito tempo que analiso, solitariamente, o perfil dos nosso treinadores, principalmente os dos times profissionais. A conclusão a que cheguei é que um treinador de equipes profissionais não precisa ser necessariamente um grande conhecedor de métodos de treinamentos. Talvez a virtude maior "dos professores" seja o de analisar o desempenho dos atletas nos treinos e conseguir encaixá-los dentro de um sistema tático, onde todo potencial desses jogadores possam ser explorados. Os treinamentos técnicos propriamente ditos e noções sobre a filosofia de jogo a ser empregada ficariam ao cargo dos auxiliares, que teriam boa formação curricular e conhecimentos sobre metodologias dos treinamentos. É assim que eu ví Zagallo, Telê Santana, Felipão e Dunga. Com os treinadores de clubes, a mesma coisa. Não vejo nenhum treinador de times profissionais com conhecimentos profundos de métodos de treinamentos, mas pessoas com conhecimentos práticos suficientes para colocar um punhado de atletas para jogar de forma minimamente organizada. São os casos de Abel, Muricy, Luxemburgo, Tite, Jorginho, Osvaldo de Oliveira, Mancini, Dorival Jr., etc, somente para ficar em algumas equipes grandes.

O que me deixa com a pulga atrás da orelha é sobre alguns assuntos que estão na moda atualmente, principalmente na cabeça de alguns "pesquisadores" , sobre treinos integrados e mini jogos, que me parece uma mescla dos treinos fisicos, táticos e de fundamentos. Aplica-se em cima disso uma noção sobre táticas e filosofia do jogo a ser desenvolvido. Alguns chegam até a afirmar que os treinos essencialmente tecnicistas estão com os dias contados e ultrapassados. O que não vejo são exemplos práticos de como se faz desenvolver um "treino integrado". Como será que é isso? Será uma "pelada" à moda antiga com orientação? Será deixar uma bola rolar, ver o que acontece e ir fazendo correções? Afinal, o que são esses treinos "modernos" que ninguém consegue explicar?

Chiminazzo, sei também que o futebol não é uma ciência exata, mas já li "pesquisadores" achando que "quase é uma ciência exata" de tantos dados quantitativos colhidos. Aí me pergunto... e quando chove? um escorregão? uma expulsão aos 30 segundos? vento? dor de barriga? sorte?

Será que o futebol pode ser analisado sobre uma ótica de ciências? Como um esporte mensurável?

Um grande abraço.


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