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Copa e conferência mobilizam crianças e adolescentes em situação de rua

Rafael Carneiro da Cunha rafaelcunha@aprendiz.org.br

A partir de 14 de março acontecem na cidade de Durban, na África do Sul, a 1ª Copa do Mundo de Criança de Rua e a Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente. Formado por nove adolescentes, que já viveram em situação de rua e hoje estão em abrigos, o time brasileiro, além de preparado para praticar futebol, está pronto para debater seus direitos.

O evento é realizado pela instituição inglesa Amos Trust, pela Consortium for Sreet Children, pela Street Action, e pela Global Goals, além da sul-africana Umthombo Street Children. Elas escolheram em cada país participante organizações pra coordenar o projeto. No Brasil, a escolhida foi a Action Brazil’s Child Trust (ABC Trust), que por sua vez selecionou as organizações Projeto Quixote e Cidade Escola Aprendiz, de São Paulo (SP), além da São Martinho, do Rio de Janeiro (RJ), para a formação dos jovens em direitos humanos e comunicação.

”A Copa chama muita atenção. Os organizadores viram nisso uma maneira de atrair o público e também as autoridades”, diz a coordenadora de projetos da ABC Trust, Roberta Tasseli.

Na Conferência, os adolescentes brasileiros vão debater questões que cercam seu mundo. “Queremos mobilizar as autoridades pelos direitos dos jovens”, afirma R., que há seis anos participa de conferências pelos direitos dos adolescentes em situação de rua. A identidade dos jovens é preservada nesta reportagem, direito assegurado pelo Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Eles foram entrevistados em uma coletiva organizada pelas instituições que realizaram as formações.

Como resultado final, a Conferência produzirá o Manifesto da Criança de Rua, que será assinado por todos os presentes e vai nortear as ações das organizações envolvidas. Oito países disputarão a Copa – Brasil, África do Sul, Índia, Ucrânia, Nicarágua, Filipinas, Reino Unido e Tanzânia. Está prevista ainda a presença da delegação do Vietnã, que deve participar dos debates.

Os meninos e as meninas que compõem a seleção brasileira se conheceram no Projeto Quixote, onde já participavam de oficinas de grafite, teatro, dança, futebol, entre outras. O jovem R.J. conta que está ansioso e ao mesmo tempo apreensivo com a viagem. “É estranho sair do nosso país e ir para outro que não conhecemos nada”, diz.

O Projeto Quixote ofereceu oficinas sobre vivência na rua e futebol. Já a Cidade Escola Aprendiz auxiliou o Quixote, mostrando formas de comunicação que os jovens têm para reivindicarem os seus direitos, como blogs e vídeos.

No Rio, a São Martinho também ofereceu formação na área de comunicação, porém o grupo de jovens é diferente. Eles não irão para Durban e diferentemente dos adolescentes da capital paulista, vivem em situação de rua ou de invasão. Segundo o assessor técnico do Núcleo de Relações Institucionais da organização carioca, Leonardo Costa, haverá uma troca de aprendizado entre os jovens das duas capitais e que isso continuará depois dos eventos.

A equipe levará para a cidade de Durban além da bandeira brasileira, uma que estampa a personagem Gabriela. Criada pela delegação, ela representa a junção da história de cada integrante da delegação e é uma homenagem a uma educadora do Quixote. “Acho engraçada essa homenagem. Estava escrevendo a história deles na lousa e perguntei qual seria o nome da personagem, não tiveram dúvidas e colocaram o meu”, lembra a educadora Gabriela Urbano.

“A nossa expectativa também é muito grande e é mais uma forma de reestabelecer o vínculo familiar – chamado de rematriamento pela instituição – que já estamos fazendo”, afirma o educador do Quixote Bruno Rocha.

Os jovens ainda criaram blogs para se comunicar com as pessoas que ficarão no Brasil e neles irão mostrar o que está acontecendo no país africano. Depois da viagem, a intenção é continuar as discussões por meio deste instrumento. “Nós temos que continuar batalhando pelos nossos direitos aqui no Brasil”, diz R.J.

http://aprendiz.uol.com.br/content/chisluwipr.mmp

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