Caros, gostaria de trazer à tona um tema que considero fundamental em qualquer área de negócios e que me parece tímida na área da educação física, esporte e lazer - Gestão de Projetos. Se houve falar em plano de treinamentos, projeto de eventos, projeto para leis de incentivo, plano de aula, periodização, plano de custos e recursos, plano de negócios, mas pouco se fala e meu medo é que de fato muito pouco do conhecimento em gestão de projetos esteja sendo usado da área. Como gerente adjunto do SESC São José dos Campos, SP, toda e qualquer ação que vamos realizar, logo pedimos um projeto, no mínimo que seja, numa folha de rosto, mas procuramos observar e induzir os colaboradores a empregarem ferramentas de controle, registrar lições, acompanhar prazos e custos, monitorar a qualidade e principalmente garantir a entrega final ao público alvo. Infelizmente, vivemos um ativismo exacerbado que encavala os ciclos de vida dos projetos entre si, muitas vezes sobrepondo-os ao longo de cada mês e tornando inaplicáveis o uso de ferramentas de controle, mas as substituímos por checlists de projetos e conseguimos garantir uma boa gestão da gama de projetos que realizamos. Nesse sentido, pergunto: Vocês do grupo percebem interesse de suas instituições e empresas na internalização de uma metodologia de gestão de projetos? Há evidências de que essa área está sendo assimilada na sua organização? As metodologias de gestão de projetos são viáveis em suas organizações? Como vocês adaptam o dia a dia da gestão de projetos?

Abraços João Omar Gambini

Comentários

Por Rodrigo Rangel de Oliveira
em 16 de Agosto de 2012 às 11:36.

Olá João, infelizmente são raras as entidades e poucos os profissionais que se preocupam com o gerenciamento de projetos no esporte. Faço um MBA em Gerenciamento de projetos na FGV e quando falo que sou formado em esporte todos olham espantados. O que parece é que vem a pergunta: Ö que ele tá fazendo aqui?" Mas todos os professores falam da importância dos profissionais da nossa área aprenderem essa nova expertise. Não só pelos mega eventos que estão chegando, mas principalmente pela gestão do esporte brasileiro. O TCU emitiu alguns relatórios sobre os programas de governo para a prática do esporte. Os maiores problemas começam na preparação do projeto e na capacitação do gestor. 

Acredito que temos duas situações:

A primeira é relacionada aos profissionais: pouquíssimos profissionais da nossa área buscam conhecimentos diferentes para aplicarem nas entidades. Por exemplo, como um gestor de equipamentos esportivos pode fazer uma boa gestão sem saber o básico de contabilidade, matemática financeira, gerenciamento de riscos e gestão empresarial? Não digo conhecimentos profundos, mas o básico para entender o que está fazendo. Sem falar o planejamento que na maioria das vezes é mal feito e não pode ser seguido.
Essa melhoria acredito que tenha que partir do profissional. Uma ação Botton up (de baixo para cima)

A segunda é a utilização destes conhecimentos pelas entidades. Muitos dirigentes não acreditam nestas ferramentas por falta de conhecimento ou resistência a mudanças, pois uma gestão eficiente passa por transparência, qualidade, custos e publicidade. Aí está um dos maiores campos para nossa área. Quando tivermos gestores capacitados, criativos e dinâmicos em altos escalões teremos uma revolução na gestão esportiva.

O principal exemplo deste choque de gestão é a CBV, que publica seus balanços, faz um planejamento estratégico focado,  realiza auditoria interna e externa, além de capacitar os profissionais envolvidos. Eles aplicam as normas ISO 9000 e princípios do PMI. O COB está utilizando diversos profissionais de outras áreas na gestão de projetos das Olimpíadas.

Vou deixar um pensamento: Já pensou utilizar o gerenciamento de projetos e as boas práticas de gestão na preparação de atletas!!

Ótima iniciativa joão, grande abraço!!!

Por Erik ávila
em 17 de Agosto de 2012 às 09:23.

Além do problema da falta dos profissionais nesta área, existe o problema da falta de cursos e eventos que formam esses profissionais. Vemos a existência de um curso da FGV/FIFA que cobra do aluno R$11 mil reais, um absurdo de caro! Vale? Até pode valer, mas como formar "profissionais" neste nível?

A idéia do Rodrigo é perfeita, a utilização dos profissionais pelas próprias empresas é o caminho correto, utiliza-se "as pratas da casa" inicialmente.

Vamos fomentar mais as idéias sobre o assunto.

[]´s

Erik Ávila

Por Daiany França Saldanha
em 17 de Agosto de 2012 às 09:57.

Olá João, Rodrigo e Erik.

Muito oportuno esse debate. Trabalho com gestão do esporte e, particularmente, gerenciamento de projetos é a minha paixão. Mas de fato é uma área que requer conhecimentos e habilidades especificas, como bem colocou cada um de vocês. É mais do que escrever bem, como muitos imaginam.

Vou contribuir relatando uma experiência. Trabalho numa entidade pública, ligada ao municipio de Fortaleza. Vejam bem, o local que deveria tratar com exímio seus programas e projetos esportivos da cidade, desde a concepção até o controle e  relatórios, parece não se preocupar com isso e, "simplesmente", deixa o barco sem remo, indo em direção a correnteza. Assim, só pode cair no precipício. Dentro da prefeitura tive também a oportunidade de contribuir com outras duas entidades, numa os projetos que fiz ou contribui foram ignorados, visto que o coordenador era incompetente e para não transparecer tal fato preferiu ofuscar minha inteligência e esforço; noutro local o projeto que preparei, e que exigiu noites e noites de estudo, nunca recebeu nenhum parecer... Trabalhar com projetos, além de tudo, é trabalhar com pessoas, ou seja, com vaidades. Em todos os casos acima preferi me abster, pois entendi que seria prejudicial a minha carreira. Então, resolvi prestar consultoria nessa área.

Mas eu acredito que a gestão de projetos ainda vá receber seu devido valor e que, profissionais como nós, terão a felicidade de ver acontecer, no devido tempo, as etapas, os processos, os planejamentos, como devem ser. Mas até aqui quem manda são os conchavos políticos...

 

Satisfação falar com vocês.

Abraços!

 

Att,

Daiany França

http://consultoradoesporte.blogspot.com/

Por Roberto Affonso Pimentel
em 17 de Agosto de 2012 às 15:52.

Professores e Administradores,

É bom para o país que os jovens se especializem na administração e gerenciamento de projetos. Imagino que, no futuro, venhamos a necessitar deles. Por enquanto, sabemos todos como funciona nesse lindo país tropical. A partir das ONGs, muitos ex-atletas medalhistas enveredaram pelo ramo para garantir uma aposentadoria tranquila. Têm apoio dos cartolas ainda em exercício e, sem qualquer instrução específica, conseguem enganar o povo arvorando-se salvadores da pátria, que retiram as crianças das ruas, das drogas e que aprendem a respeitar, estudar, exaltando o esporte como a úniva salvação. Conseguem apoio da mídia e pronto, estamos em um mar de rosas.

Tenho um projeto sério, ímpar, já experimentado na prática de muitos anos (teve início em 1974), que até hoje labuto para que seja patrocinado e nada consigo. Imagino que se um ex-medalhista qualquer copiá-lo e apresentar a alguma entidade terá apoio, pois conseguirão tê-lo sob suas rédeas. Contudo, sou obstinado e não desisto. Poderão ver em http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/  

Se aparecer algum candidato para auxiliar na sua gestãor estarei disponível para conversar, pois acredito se tratar de uma experiência edificante para um jovem com MBA. Aliás, desde  a candidatura do Rio para sediar as Olimpíadas que a Fundação criou seu curso e muitos colegas de EF se mostraram interessados. Não sei se chegarm a cursar ou mesmo concluir. Além disso, soube que nos cursos de técnica de voleibol da CBV para o alto nível a matéria é ventilada.


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