Tenho à minha frente o livro do J. R. Martins - ANTIGA E SAUDOSA SÃO LUIS DO MARANHÃO (uma viagem ao passado), São Luís: UniCEUMA, 2010. O autor é tio da Denise Martins de Araújo, da Viva Água...

Primeiro, devo relatar a dificuldade de se conseguir o exemplar. Li que seria lançado num sábado, durante o Campeonato das AABBs de Veteranos, evento nacional que aconteceu em São Luis. e que estaria, desde esse dia, à disposição em algumas livrarias de São Luis. Na segunda, já o procurei, e nada! Na terça, quarta, (quinta foi feriado), na sexta e nada! No sábado, disseram-me que só por encomenda!!!! Encomendei e na terça já o tinha em mãos. Acabei de ler... e como costumo fazer, fiz minhas anotações e destaques. Os quais trago aqui e, claro, se referem à História/memória dos Esportes no/do Maranhão, que serão incorporados ao Atlas do Esporte no Maranhão www.atlasesportebrasil.org.br/maranhão. Em vermelho, trago as referencias do Atlas:

JORDOA - " Em frente ao Colégio Daniel de la Touche, funcionou um hipódoromo fundado pelo banqueiro João Batista Prado, onde em pista de areia e grama, eram disputadaos páreos até mesmo com equipes argentinas (segundo o jornalista Nonato Masson)" (p. 59). Não traz a data de fundação ou de funcionamento...

(DO ATLAS) - 1893JANEIRO - ao lado da Estrada João Paulo - Anil, é instalado o "Prado Maranhense". Doze anos haviam se passado, e voltava-se a desenvolver novamente o turfe em Maranhão. Localizado em um grande sítio onde haveria de ser construído o Quartel do 24º BC.  A área pertencera a Virgílio Cantanhede. O ato não contou com a presença de grande público, pois a população estava desconfiada, dado ao fracasso do "Racing Club Maranhense", além do que, havia a deficiência do transporte, feito por meio de bonde puxado a burro, até aquele longínquo bairro. Embora a praça de esportes estivesse incompleta, o público que compareceu gostou do espetáculo. Haviam sido instalados dois pavilhões, destinados à diretoria e aos juizes, com arquibancadas para os espectadores. Nos baixos de um deles, havia um botequim e a casa de apostas. A raia tinha a forma mais ou menos oval. Os dirigentes prometiam melhorar a pista de corrida, tornando-a plana, na medida do possível, eliminando as subidas e descidas, o que era inconveniente para as corridas. Além do que, a raia era arenosa, o que dificultava a própria corrida dos animais. O "Prado Maranhense" não estava dotado dos mesmos requisitos do "Racing Club Maranhense", mas os cavalos eram bons e a disposição dos dirigentes era a melhor possível. Havia a esperança de que o novo empreendimento lograsse êxito absoluto e fosse permanente, pois havia um constante intercâmbio com o Pará, onde o turfe havia se desenvolvido, com o "Jockey Club Paraense", e os "sportmen" M. Teles - "Americano" - e M. Joaquim - "Adamastor" haviam adquiridos bons cavalos daquele estado (MARTINS, 1989, p. 210).

(DO ATLAS) - Assim, a 8 de janeiro, daquele ano de 1893, a inauguração teve seu início as 2 horas da tarde, com cinco páreos: Suburbano, para 850 metros, com prêmios de 150$000, 30$000 e 15$000 para os classificados do primeiro ao terceiro lugares.  Tomaram parte, nessa prova de abertura, os animais "Júpiter", um russo de procedência maranhense, com seu "jockey" trajando uniforme azul e branco, de propriedade de J. Vasconcelos; "Talabarte", cavalo "cardão", também maranhense, também propriedade de J. Vasconcelos, com o "jockey" também vestido de azul e branco. Os outros animais - "Bocacio", "rosilho" maranhense, com seu condutor trajando azul; "Marujo", "Metralha", e "Pensador", todos bons corredores, consagrados com grandes vitórias e pertencentes a J. Braga e J. Mata. O segundo páreo - "Ensaio", na distância de 900 metros - pagou prêmios de 120$000 a 12$000, tendo tomado parte os animais "Zéfiro", "Zig", e "Pacotilha", sendo registrada a participação, também de "Tentador" e "Condor". O terceiro páreo - "28 de Julho" - em homenagem à adesão do à Independência, foi corrido no percurso de 1.600 metros, com prêmios de 300$000 a 30$000, tomando parte "Júpiter" - primeiro colocado -; "Baioneta" - segundo lugar -; e "Danúbio" em terceiro. Esses animais pertenciam a J. Lobão e M. Braga. Participaram, ainda, "Talabarte", "Ventania", e "Mosquito". O quarto páreo - "Velocidade", corrido na distância de 1.000 metros - com prêmios de 140$000 a 14$000, dele participando apenas "Zéfiro", "Zig" e "Pacotilha", com a vitória do primeiro. O quinto e último páreo, denominado "Prado Maranhense", teve a distância de 2.000 metros, pagando prêmios de 3.000$000 a 300$000. Participaram: "Vulcano", "Adamastor", "Americano", "Júpiter", e "Danúbio". Os três primeiros: "Vulcano", "Adamastor", "Americano", eram animais de mais ou menos sangue de "cavalo de raça". Contrariando as expectativas, foi decepcionante. A Casa de Apostas movimentou 760$000, com nada menos de 152 "poules" deixando de ser vendidas, por desinteresse dos apostadores. 

(DO ATLAS) - Para MARTINS (1989), "o maranhense parecia satisfeito com a inauguração do "Prado Maranhense". Eram decorridos 12 anos, mas o hipodrismo voltava a ser difundido em terras do Maranhão e na sua capital". A programação, convenientemente organizada, passou a despertar o interesse do maranhense, que comparecia aos domingos, constituindo-se em "um poderoso antídoto contra o ’apleen’ que arruinava a existência de uma São Luís triste e abatida" : "... distintos personagens assistiam às corridas porque havia confiabilidade no empreendimento. Homens conhecidos, identificados no seio da coletividade ludovicence como os Drs. Casemiro Dias Pereira Júnior, Antenor Coelho de Sousa, Antônio Cardoso Pereira, Antônio Batista Nogueira, José B. da Costa Rodrigues, Antônio Xavier de Carvalho, Antônio Jovita Vinhais, Manoel da Silva Sardinha, Cláudio Serra de Moraes Rêgo,  Comendador Bento Frazão Raposo, José Viana Vaz, Augusto Olímpio Viveiro de Castro, Manoel José Ribeiro da Cunha, Desembargador Francisco da Cunha Machado, Alfredo Alexandre de J. Ferreira, Acrísio Tavares, todos eles muito cooperaram e participaram nas principais posições das  provas, ocupando as funções de "juízes de chegada", "de saída", "inspetor geral de raia", "juízes de raia", "juízes de arquibancada", "juízes de pesagem", etc." (MARTINS, 1989, p. 212-213).      

(DO ATLAS) - Além dos cavalos que participaram nos páreos da inauguração, outros passaram a compor as disputas, como "Nhonhô", de J. Brito; "Alabamba", de J. Elídio; "Netuno", de F. Viana; "Americano", de M. Teles; "Adamastor", de M. Joaquim; "Humaitá", de B. Raposo, "Medalha", "Republicano", "Locomotiva", "Gatuno", "Tupy", "Píndaro", "Manzanares", "Pery", "Manguares", "Miguel", e "Ormon".

(DO ATLAS) MAIO - decorridas umas dez programações, foi realizada a última corrida a 28 de maio de 1893 ... era mais uma tentativa frustada nas atividades dessa modalidade.

MONTANHA RUSSA " Ao lado daquela artéria, onde hoje se encontram as instalações do Clube Casino Maranhense, existiu a primeira quadra de tênis da cidade, construída pela The Western Telegraph Company, para uso de seus funcionários do alto escalão." (p. 80-81). Cláudio Vaz dos Santos lembra-se dessa quadra, em suas memórias. Não há a data de construção e nem até quanfo funciounou, mas em 1935 ainda existia.

(DO ATLAS) 1911 – fundação do Casino Maranhense, pelos ex-sócios do Euterpe, que continuou com a promoção de festas dançantes, palestras e as competições de  bilhar e do tênis de mesa (ping-pong). que passa a oferecer as mesmas atividades esportivas, dentre elas, o Tênis, praticado, provavelmente, na “quadra dos Ingleses”, conforme lembra Cláudio Vaz dos Santos -  o Cláudio Alemão – nascido na Rua Montanha Russa, em 1935; lembra que, quando garoto e começa a praticar esportes, num campo existente na hoje Av. Beira-Mar, refere-se à “quadra de tênis dos Ingleses”, em entrevista ao autor sobre a vida do Prof. Dimas.

(DO ATLAS) DÉCADA DE 50 – “No Maranhão, a prática do tênis também foi iniciada pelos ingleses, entre os anos de 1955 e 1960. Eles trabalhavam na antiga Agência Telegráfica dos Correios, em São Luís. O Clube Jaguarema, no bairro do Anil, que atualmente está em estado de abandono, foi um dos primeiros locais onde partidas de tênis começaram a ser disputadas.”

PRAÇA DO MERCADO CENTRAL - "ali, no quarteirão compreendido  entre a Rua da cruz e Rua de São João, funcionou o Gasõmetro da cidade". (p. 89). Martins localiza precisamente, neste e em outros trechos, onde ficava o gasômetro; foi um dos locais em que se praticdava o futebol, lá pelas décadas de 1910/20. Berço de muitos times da "Liga dos Pés Descalços". Mais adiante, às p. 162, ao referir-se à TRAVESSA PANARÉ afirma que ’ser possivel que esta travessa tenha sido anteriormente denominada Travessa do Gasômetro (de localização exata desconhecida), já que naaquele quarteirão funcionava a empresa distribuidora de gás para iluminação pública da cidade".

(DO ATLAS) 1915SETEMBRO - outra partida de futebol fora disputada no dia 19 de setembro, desta vez entre os times do BRAZIL FOOT-BALL CLUB 0 x 1 SÃO LUIZ FOOT-BALL CLUB, no campo da Fabril, por uma grande quantidade de espectadores, que muito aplaudiram os dois times. (O JORNAL, 20 de setembro de 1915). O Brazil Foot-Ball Club tinha seu campo no Gasômetro - hoje, Mercado Central.

PRAIA DA TRINDADE - também conhecida como Praça do Armazém. "Em tempos remotos havia no local uma cabine pública que atendia a banhistas" (p. 92).

(DO ATLAS) 1851 - A primeira notícia que se tem sobre natação em Maranhão, praticada por brancos, data de 1851 e se refere a banho de mar na Praia do Cajú – hoje, Av. Baira-Mar. José Ferreira do Vale, morador da casa de número 1, oferecia “um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 Rs por pessoa”. (Correio d’Anúncios, ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851).

PRAIA DO JANIPAPEIRO - "... mas era bastante usada para banhos, principalmente por estudantes gazeteiros" (p. 95).

(DO ATLAS) DÉCADA DE 1920 - Piscina, para natação, foi a construída – provavelmente – nos meados dos anos de 1920, no Genipapeiro e servia de local de recreação para os jovens esportistas da época, como Simão Félix, um dos construtores. Depois, só na década de 50, em algumas casas particulares.

Em outro de seus escritos, referindo-se aos banhos de mar, Martins fala dos banhos nessa praia:

(DO ATLAS) "Como se pode depreender, não era qualquer um que podia  gozar das delícias de um banho de mar. Para a garotada agitada das  proximidades da Fonte do Ribeirão, essas dificuldades eram superadas quando se aventuravam até as croas em frente à Praia do Caju  para jogar bola. Para alcançá-las, forçosamente tinham que nadar. Isso acontecia com a maré baixa, ocasião em que era mais fácil cruzar o canal de navegação. Alguns que ainda não dominavam as técnicas da natação aprendiam à força, quando eram arremessados da amurada da avenida ao mar. Ao sinal de afogamento, eram socorridos pelos melhores nadadores do grupo. Isso se repetia à exaustão até que o peralta superasse suas deficiências.   Havia também aqueles que se aventuravam na travessia do Rio Anil, em maré alta, da Praia do Jenipapeiro até à margem em frente ao Asilo de Mendicidade, no São Francisco. Naquelas imediações diziam haver muito tubarão, pois o Matadouro Municipal funcionava um pouco mais à frente, depois da Camboa, de onde despejavam no rio os restos inaproveitáveis do gado abatido.

(DO ATLAS) A Praia do Jenipapeiro, cujo acesso se dava pela rua do mesmo nome – continuação da Rua das Hortas, onde existiu pequeno túnel ferroviário – era um local pedregoso, impróprio ao banho, onde ancoravam pequenas embarcações que faziam o trajeto até Vinhais. In SÃO LUIS ERA ASSIM (minha terra tem palmeiras, já nem tantos sabiás) RELEMBRANDO LANCHAS E O MEARIM. Brasília, Equipe, 2007 (Capitulo XV, p. 67-69).

QUINTA DO BARÃO - "... existiu uma nascente da qual jorrava abundante e límpida água, aproveitada pelos irmãos maristas para irrigação de verduras, principalmente o agrião. Utilizando antigos alicerces de pedras nuas ali existentes, improvisaram um tanque para banho recreativo dos alunos" (p. 97).

(DO ATLAS) 1869 - é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes – desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869). Será a mesma fonte?

(DO ATLAS) 1920 - Amintas Guterres, que jogou no Luso, Sírio e MAC costumava jogar bola com seus colegas do Liceu, inclusive Newton Bello, num campo existente na Quinta do Barão lá pelos anos de 1920, quando tinha 12 anos de idade.

(DO ATLAS) 1949/50 - realizadas as primeiras provas de natação que se tem notícia em São Luís, num tanque que abastecia a Fábrica Santa Isabel; esse tanque, medindo 30 m de comprimento, por 10 m. de largura e três de fundo, servia como piscina; Gedeão Pereira de Matos, em suas memórias, afirma que, acostumado com as travessias da baia de São José, nadar em provas de 30, 60, ou 90 metros, era fácil; Gedeão destacou-se na natação nesta época. 

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