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Edição 4116


Cerca de 3,5 milhões de exemplares de periódicos, entre eles, ’A Província de São Paulo’, ficarão em prédio na zona portuária
Um acervo de 3,5 milhões de exemplares de jornais e revistas vai contar os últimos 200 anos da história do Brasil em uma nova unidade da Biblioteca Nacional na zona portuária do Rio. A instituição espera receber recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para organizar uma coleção de peças raras, como edições do Diário Oficial do Império e exemplares dos primeiros periódicos do país.

A verba pedida, cujo montante não foi divulgado, será usada para reformar um prédio que já pertence à biblioteca, mas que precisa passar por adaptações para receber o peso do acervo gigantesco de jornais e revistas.

O objetivo é criar ali uma hemeroteca - nome dado às coleções de periódicos e publicações seriadas. Atualmente, a coleção de jornais e revistas está armazenada em 17  quilômetros de prateleiras, divididas entre o edifício da zona portuária e a sede da biblioteca, na Cinelândia, centro do Rio.

Além de obras impressas no início do século 19, fazem parte da coleção edições de jornais que marcaram a história do país, como A Província de São Paulo (que passou a se chamar O Estado de S. Paulo em 1890), Última Hora e Jornal do Brasil.

"O prédio-sede está com sua capacidade de armazenamento esgotada nos armazéns de obras gerais e de periódicos. Ainda há espaço para novas aquisições somente nas áreas de acervo especial, compostos por obras de iconografia, cartografia, manuscritos e obras raras", afirma Mônica Rizzo, diretora do Centro de Referência e Difusão da Fundação Biblioteca Nacional.

Todos os meses, cerca de 4 mil novos exemplares de periódicos se somam ao acervo - uma vez que os editores são obrigados por lei a enviar uma cópia de suas publicações à Biblioteca Nacional, que é a responsável pela preservação da memória bibliográfica do país. A instituição guarda desde grandes periódicos a jornais de bairro, de cidades do interior, de grupos religiosos, de sindicatos e de comunidades de imigrantes.

Projeto

O financiamento está sendo analisado pelo BNDES e não há previsão para a inauguração do prédio, mas a Biblioteca Nacional já faz planos para a hemeroteca. No novo espaço, o público teria acesso a parte das peças originais, além do material digitalizado ou microfilmado. Desde a década de 1980, a instituição coordena um programa nacional para gravar as páginas de periódicos em microfilme - o que poupa espaço e facilita a preservação do material.

O prédio da região portuária tem 15 mil metros quadrados e foi construído em 1946 para abrigar um armazém de grãos do Ministério da Agricultura. A Biblioteca Nacional adquiriu o edifício na década de 1970, mas ainda não conseguiu realizar as modificações necessárias para que o espaço pudesse abrigar o acervo.
(Bruno Boghossian)
(O Estado de SP, 14/10)

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