Trago, para conhecimento dos listeiros, especialmente os que não acessam o fecebook,  o interessante ponto de vista lá publicado. A partir dos três motivos pelos quais o futebol tornou-se um sucesso, e apontando a diferença para a lutas, o licenciado em Educação Física, Bacharel e Especialista em Direito, 4º dan de TaeKwonDo e Assessor Jurídico do Sindiplam, Antônio Augusto Bonatto Barcellos fala com conhecimento direto do que acontece  Espanha, onde se encontra, desde o final de 2011, ultimando o Mestrado em Salamanca.

 

CLUBISMO vs. MILHÕES

  A decadência do Futebol  
AUTOR: Antônio Augusto Bonatto Barcellos - OAB/RS 77.245  
Alguns resultados futebolísticos das últimas semanas têm levado muitos a refletir sobre o que falta em alguns clubes e equipes de futebol para atuar bem, vencer e convencer. O caso mais recente e emblemático é o do Real Madrid, o clube mais rico do mundo, com a maior (ou uma das maiores) folha salarial do mundo, foi desclassificado da Copa dos Campeões da UEFA, não venceu a Liga Espanhola e da Uefa e foi derrotado, em casa, pelo Atlético de Madrid. E todos se perguntam qual o problema…   O futebol é o esporte mais querido e praticado no mundo principalmente por três fatores, e aqui faço referência ao professor Padilla, pioneiro da inserção do direito desportivo como disciplina acadêmica, são eles: o clubismo, a simplicidade e universalidade das regras e a imprevisibilidade dos resultados. Pois é justamente sobre o clubismo que trataremos.   Outros esportes interessantíssimos não reúnem todas essas três qualidades juntas. Em muitos deles, citando exemplos de esportes que envolvem milhões como o tênis e o MMA há um grande problema – os ídolos são efêmeros. Os esportes individuais não proporcionam que alguém esteja competindo em alto nível por muitos anos, quando muito 15, 20 anos e nada mais. Os clubes, por outro lado fornecem uma possibilidade de identificação duradoura, de um alinhamento do indivíduo com um grupo e estabilização das relações por usar um pouco a definição de Stuart Hall. Ainda assim, para que nos definamos, haverá de definir quem são os outros, a definição por exclusão.   O professor Alberto Monteiro comenta em sua tese doutoral e também em classe que uma das maiores buscas do homem é a procura da transcendência. Segundo ele os clássicos já pareciam conhecer essa necessidade e imortalizaram frases como “chegue a ser o que és” (Píndaro) e “conhece-te a ti mesmo” (Inscrição do Oráculo de Delfos). As civilizações grega e romana também deveriam saber que o esporte é um dos meios de transcender, de ir “mais além” (plus ultra) e se nota a importância do esporte para aqueles grupos humanos.   Os protagonistas do futebol hoje em dia, jogadores e treinadores, não conseguem e não devem se identificar com clube algum. A globalização, as transferências milionárias, a alta rotatividade e o “profissionalismo” fizeram com que os jogadores e treinadores rodem o mundo, vestindo as mais diferentes camisetas, falando outras línguas e interagindo com diferentes culturas. No entanto, essa efemeridade e rotatividade acabam por não permitir a identificação dos jogadores com a equipe, com a torcida, com as regionalidades. É o mesmo para um jogador jogar no clube “A” ou “B”, todos são profissionais. Essa ausência de alinhamento entre clube e jogadores também acaba por afastar os torcedores, que não se sentem representados e nem alinhados com a “esquadra” que veste a camisa de seu clube.   No futebol, que neste ponto mostra uma de suas maiores virtudes, nem sempre ganha a equipe mais rica, com os melhores salários e melhor estrutura. A transcendência é fundamental para qualquer ser humano que queira fazer mais, ir mais além, superar-se e não é diferente no esporte. E para concluir, por mais, paradoxal que possa parecer, o clubismo está em decadência e com ele, o futebol. Os mesmos mecanismos que o trouxeram o esporte bretão ao esplendor dos milhões, podem encaminhar-lhe à uma dura decadência.  
Antônio Augusto Bonatto Barcellos,   Salamanca, 26 de Maio de 2013.

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Comentários

Por Edison Yamazaki
em 27 de Maio de 2013 às 04:49.

O Barcellos tem razão quando fala sobre o encanto que o futebol nos trás. Imprevisibilidade, simplicidade e universalidade das regras e o clubismo. Mas acho que mesmo com jogadores sem muita identificação com os clubes que defendem, o futebol não entrará em decadência por causa disso.

Os torcedores mudam e os clubes também. Hoje em dia ninguém em sã consciência espera que um atleta fique por muito tempo no mesmo clube. Simplesmente porque é interessante a renovação e todos sabem disso. Além do mais, a própria torcida não permite que um jogador se indentifique com o clube, porque nos primeiros erros eles já começam a criticar.

O aspecto econômico influi na decisão para um jogador mudar de clube, mas a rotina de lidar com esses mesmos torcedores também leva o atleta a querer mudar de ares. Neymar disse: "cansei, está na hora de mudar de ares". Como se vê, não foi motivo econômico que o fez sair do Santos.

Por tudo isso, acho que a decadência do futebol, se vier,  não virá porque os atletas entram e saem, mas por razões extra-campo como o amadorismo dos dirigentes e a falta de investimento nas estruturas de base.

Por Cristiano Ferreira Nunes
em 27 de Maio de 2013 às 13:19.

 Importante salientar que o clubismo talvez esteja acabando decorrente de uma má gestão, que leva o clube de futebol a sua extinção.

Já quando se trata de atletas, com certeza, estamos em um mundo em que o valor fala mais alto que a paixão. Mas há de se observar que, atletas de renome, que se tornam ídolos para as torcidas, são fatores de grande arrecadação e, principalmente, arrebanham inúmeros novos torcedores, fazendo com que o clubismo, paixão advinda do ser, passada de geração a geração, nção se extinga, uma vez que esta paixão do torcedor, passa a ser espelhada nas atitudes dos craques que defendem seu clube, mesmo que por pouco tempo, pois, além de estarem defendendo aquele brasão, estão defendendo uma melhor condição profissional futura.

 Externando o que foi dito acima, temos como exemplo o jovem Moicano da Vila, vendido por uma fortuna para um clube Catalão, fez com que o clube que lhe deu origem triplicasse sua receita com um crescente número de torcedores, assim como a venda de materiais esportivos. Observa-se que estamos falando apenas de um atleta que tem estampado o símbolo do clube em seu peito, adorado pelos torcedores mesmo deixando-nos.

Fato este que aconteceu com um certo "fenômeno", que passou a ser adorado por dois clubes, grandes rivais, que tiveram um mesmo ídolo. 

Não obstante a isto, o futebol, por sua magia, está cada vez mais ascendente, o que é visível a cada apresentação de um atleta contratado, sendo um "deus"  para aquele que está ali, assistindo ao espetáculo, com um único intuito, a vitória, que não é a de seu clube do coração, e sim, a sua própria. 

Com isto, tenho como um ponto de vista que o clubismo flutua como a bolsa de valores, variando entre derrotas e vitórias, porém, nunca tornando-se inexistente.

 


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