p { margin-bottom: 0.21cm; }

 

Até agora discutimos o karatê ensinado por pessoas com conhecimento específico, mas sem conhecimento formal de ed. física que são adquiridos com o diploma do 3ºgrau.

 

Agora vou apresentar o outro lado da moeda.

 

O Karatê aqui em São Paulo, pelo menos nas escolas estaduais, está incluso no programa curricular de Ed. Física do Ensino Fundamental . Ele deve ser ensinado no 1º Bimestre da 7º Série ou 8º ano por mais ou menos 4 semanas ou um total de 8 aulas, em que deve ser divididos entre teoria e prática.

 

Os professores da escola, para o ensino do conteúdo, recebem uma apostila orientadora a respeito da história, estilos, vestimenta, movimentos (kihon, kata e kumite) e benefícios. A apostila sugere algumas etapas: como as aulas devem ser colocadas para os alunos, atividades práticas a serem desenvolvidas e conteúdo a ser ensinado. Informa algumas referências básicas, como o livro: meu modo de vida do sensei Funakoshi; alguns filmes, como karatê kid (1º Versão); e sites, Federação Paulista de Karatê e CBK. O material tem um total de 7 páginas. Também, é disponibilizada uma vídeo aula dada por um acadêmico escolar para complementar a apostila.

 

Acredito que a proposta trata-se de um avanço para a ed. física, ao permitir ao aluno o contato com outras modalidades. No entanto, questiono o material orientador da prática, a falta da prática por parte desse professore e a forma simplificada como o caratê é tratado, afinal estamos falando de uma arte de origem oriental, cultura completamente diferente da nossa, que para ser assimilada e compreendida precisa ser prática.

 

A questão que eu levanto aqui é:

 

  • Seria possível um professor de ed. Fisica com um material básico e sem vivência na modalidade transmitir ensinamentos do que é o Karatê ?

 

Vou tentar disponibilizar o material para conhecimento.

 

Oss!

Comentários

Por Luiz Roberto Nuñes Padilla
em 4 de Março de 2011 às 17:17.

Oportuno o questionamento:

Um Engenheiro pediu reingresso de diplomado na ESEF-UFRGS. Nos anos 80, o curso de Educação Física exigiam alguns testes de aptidão física:

Arremessar por distâncias mínimas uma pelota, com cada uma das mãos;

arrancada/aceleração em 50m;

subir numa corda e

atravessar a piscina, 50 metros, estes até 1 minuto.

O engenheiro, que não sabia nadar, como fizera toda a vida, estudou os melhores livros sobre natação.

Na hora do teste, um dos monitores se jogou na piscina, para o salvar de se afogar...

.:.

No artigo:

"COMPORTAMENTO: O Paradoxo das Artes Marciais" Publicado na última ed. da Revista Fighter:   http://www.fighteronline.com.br/index.php   Pag. 3 a 5

As Artes Marciais são atividades cuja prática provoca intensa mudança da percepção, inalcansável por outra forma

Detalhes em

http://www.padilla.adv.br/desportivo/artesmarciais/karate/

Atenciosamente

Prof. Padilla UFRGS

Por Victor Rogerini
em 23 de Fevereiro de 2011 às 08:53.

Bom dia a todos!

Acredito que lecionar com apenas uma apostila e um vídeo, ainda que fossem inúmeras apostilas e vídeos, seria IMPOSSÍVEL ensinar o Karate de verdade, mas acredito que essas apostilas e o vídeo desde que bem planejadas, ajudem a balizar o professor para a montagem da aula e topicos abordados, no intuito de oferecer uma "ginástica diferente", coloquei entre aspas, porque em 8 aulas, ninguém NUNCA poderá dizer que ENSINOU ou APRENDEU o Karate. Para que uma pessoa consiga pelo menos mostrar alguma coisa do Karate, nesses moldes discutidos das 8 aulas, que seja no mínimo faixa marrom ou preta. O faixa marrom no Dojo que treinei, tinha a função de MONITOR e auxiliava o professor (faixa preta) nas rotinas de aula, ajudando a corrigir BASE, POSTURA, etc.

O que confirma a teoria da ginástica do karate, acho que podemos chamá-la assim apenas para ilustração, é a parte dos golpes... você sendo praticante do Karate, sabe que um soco não é apenas o movimento com o braço objetivando acertar o oponente e sim que ele tem toda a dinâmica da energia empregada o ki, do uso do kiai, para que o golpe seja potente o suficiente para que ele seja único.

Atualmente, sou praticante de boxe... eu até tenho um livro técnico de boxe (uso como referência), assisto algumas lutas que são da minha categoris  que é a peso pesado, como forma de estratégia para o combate, para analisar os adversários, os erros que eles costumam cometer como por exemplo baixar a guarda após uma sistemática sequência de golpes, mas com um único objetivo: NOCAUTEAR

Portanto, essa teoria reforça que o Karate pode até ser ensinado por esses professores nesses moldes, mas deveria ser chamado de outro nome, como ginástica marcial com base no Karate ou qualquer coisa do gênero, agora, se quiserem se propor a usar o Karate como disciplina em escolas, que comece então do primeiro ano do primário, na doutrina e construção física e moral do ser, que o professor seja NO MÍNIMO um faixa-preta. Sendo assim, num sistema mais rígido, teríamos menos alunos envolvidos com drogas e criminalidade.

OSS

Por Luciano de Lacerda Gurski
em 23 de Fevereiro de 2011 às 11:08.

Olá Tatiana!

Este é um belo debate. Venho desenvolvendo trabalhos sobre o ensino de lutas na escola.

Já me deparei algumas vezes com esta dúvida, e cheguei a conclusão que o que estamos colocando em cheque é o próprio ensino da educação física, pois se partimos dos 5 conteúdos tradicionalmente aceitos como sendo os conhecimentos que devem ser ensinados na educação física (embora existam concepções que discordem deste recorte), perceberemos que os professores não possuem domínio das danças, das ginásticas, dos esportes... Até mesmo com relação aos jogos nossa formação é muitas vezes duvidosa...

Assim, como deveria ser o ensino de dança na escola, por exemplo? Para cada conteúdo teríamos de ter um especialista?

Penso que de fato não ensinamos a luta em si, como não ensinamos a dança em si, porque nos falta conhecimentos técnicos para tal, além da necessidade de se questionar se seria o papel da escola ensinar essas modalidades.

Uma resposta, a que eu tenho adotado, seria então que não ensinamos a modalidade em si, mas damos oportunidade aos alunos de conhecer um pouco sobre ela, saber de onde vem, porque e onde surgiu, algumas idéias básicas associadas, algumas discussões e reflexões que podem ser feitas a partir desta modalidade (como por exemplo a diéia da esportivização das práticas orientais, a a visão de saúde implicita naquela prática, a apropriação por outras culturas de uma cultura oriental, entre outras...).

Neste sentido a apostila e os vídeos ajudariam bastante. Me preocupa a prática. Para esta a saída seria jgoos e atividades lúdicas nas quais tivessem implícitos alguns princípios da luta, como o equilíbrio, as bases, os rolamentos (quedas), talvez alguma brincadeira que simule o chute ou o soco (como socar uma bexiga no ar), as esquivas, enfim, aproxime dos fundamentos, porém sem a preocupação da eficiência ou da fidelidade com a modalidade, pois não estamos ensinando o Karatê, mas sobre o karatê...

Se defendermos que precisamos de um especialista para as lutas (e são várias as existentes, e não há porque escolher uma em detrimento de outra), teremos de ter um especialista em dança (ou um para cada dança?), outro em ginástica....

Acho que este é um debate que precisa ser aprofundado e qualificado urgentement na educação física escolar..

abraço!

Por Joice Silva
em 24 de Fevereiro de 2011 às 09:54.

Oss a todos os cevnautas da comunidade Karatê.

Tenho acompanhado todas as postagens dos colegas e, fico muito satisfeita em perceber que todos os comentários possuem fundamentação e que no fundo-no-fundo, todos estão certos.

Luciano aborda se é necessário especialistas para cada abordagem da educação física, pois, temos compreensão que a nossa formação não atinge um domínio total dos conteúdos. Concordo plenamente, com essa postura, afinal, precisamos nos lembrar que todos os conteúdos selecionados devem atender antes de tudo aos objetivos traçados no planejamento escolar.

Eu gostaria de saber mais informações a respeito dessa escola que propõe karatê como conteúdo para as 7as séries/8°ano. Esse meu interesse é decorrente do que eu venho propondo em minhas aulas aos alunos de 1° e 2° anos do Ensino Médio. Juntamente com a turma foi selecionado os conteúdos Futebol e Lutas para serem desenvolvidos na I Unidade/I Bimestre, e, uma das intenções é demostrar a grande diferença entre Lutar e Brigar, afinal, os jogos de futebol sempre apresentam manifestações de brigas bem diferentes das lutas. Mas, não me atendo ao Futebol, não coloco nenhuma Luta como foco, mesmo com a minha especialidade em Karatê, pois tenho noção de que a nossa função como professores de educação física é oferecer a maior gama de vivências da cultura corporal de movimento, e, principalmente, tratando-se das lutas, não concordo em focar em apenas uma modalidade de luta.

A realidade da escola pública ajuda a corroborar o que eu proponho como aula de lutas. Os alunos não se interessam pelas aulas, pois, os professores anteriores apenas "davam a bola" (palavra dos próprios alunos), restringindo a aula apenas ao "babá", sem orientação. Além disso, a mudança de professores é intensa e não existe uma sequência pedagógica coerente. Cada professor faz o que quer pois, sabe  que seu contrato é temporário e não vê a necessidade de atuar corretamente. 

O conteúdo de lutas deve ser explorado demostrando a diferença entre as artes marciais, a sua filosofia, a história, as próprias contradições, entre outros. A vivência prática deve ser realizada com bastante cuidado por parte dos professores, substituir e criar possibilidades diferentes da luta real podem ser um grande atrativo. É necessário saber quais os pontos que são desenvolvidos com as lutas e utilizar de jogos para que os alunos percebam como as lutas acontecem. Costumo utilizar brincadeiras como a guerra de polegares, cabo de guerra, esgrima com jornal e tinta, pique bandeira ou caça bandeira, jogos de equilibrio, entre outros. O importante não é focar em apenas uma luta mas, dar conceitos gerais valorizando os ganhos psicossociais e filosóficos.

Vale, ainda, salientar que a luta pode ser explorada em turmas mais velhas levando a discussão para o enfoque das lutas sociais.

OSS

Por Joziane Teixeira Santos
em 24 de Fevereiro de 2011 às 18:22.

Oss!

Gostaria de parabenizar a todos pela iniciativa de discussão dessa arte. Fico muito feliz em poder através deste, expôr conhecimentos, experiências, dúvidas, enfim, me aproximar mais de pessoas que trabalham e sonham projetos que melhorem a educação do País.

Eu sou profissional de Educação Física em Nanuque-MG, e em 2010 tive a oportunidade de incluir dentro dos planejamentos de aula uma nova proposta: Oportunizar o conhecimento do Karatê para crianças na escola. Confesso que deu certo, galera! Trabalhei com crianças do 1º ao 5º ano: histórico, hierarquia, valores, filosofia, equilíbrio, coordenação motora, bases, rolamentos, defesa pessoal. Confesso que antes de começar esta novidade, fiquei um pouco receiosa, devido ao preconceito até mesmo de alguns colegas de trabalho que achavam que eu iria ensinar os alunos a darem "porrada" em seus colegas. Mas como a aceitação dos alunos durante as aulas foi surpreendente e o resultado dos trabalhos no decorrer do ano foram um sucesso, acabei ficando bem tranquila e orgulhosa do meu trabalho.

Apresentamos o Karatê em feiras de cultura, desfilamos no 7 de setembro, e em vários momentos de festividades da escola, estávamos presente, fazendo demonstrações e recebendo elogios dos demais professores, pais de alunos e comunidade escolar.

Os materiais que utilizei foram filmes e documentários de karatê e outras lutas, explorando também a diversidade das artes marciais.

Em relação ao debate, creio que para se ensinar o karatê, assim como a dança, o futebol, o profissional não precisa ser especialista no assunto, mas deve sim buscar conhecimento em diversas fontes, filmes, apostilas, livros e sempre "trocar figurinhas" com os demais colegas de profissão, mantendo-se atualizado.

Um abraço!

Oss!


Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.