UM JOELHAÇO NAS PARTES… ainda sobre a Punga, por MarcoAurelio Haikel   Marco Aurelio Haikel

 

Após compartilhar algumas das experiências sobre a Punga dos Homens afirmo não ser nada fácil no Maranhão fazer, realizar e/ou promover Cultura, pois o poder político faz o que quer e como quer, ouvindo somente, quando ao seu bel prazer.


O saudoso poeta, escritor, dramaturgo, jornalista e amigo, Lauro Leite, certa vez me vendo incomodado com uma situação disse-me: Marco Aurelio, a vanguarda do mundo são os/as artistas, razão pela qual são eles/as, as/os primeiras/os a receberem as porradas, os revezes…

 

A bem da verdade, no Maranhão, em se tratando de Cultura Popular, ninguém que pense que a equipe que precedeu a esta que aí está, bem como à outra e assim sucessivamente… sem exceção suportava críticas? Das com quem tive que lidar, nenhuma! No entanto, elogios… a-d-o-r-a-v-a-m!!!!!


Aqui, quem tece criticas, seja ao funcionário da equipe de som contratada por não querer descer os microfones do palco – quando acima de três a quatro – para a “brincadeira” apresentar melhor passa a ser visto como encrenqueiro. E mesmo o/a servidor/a que ali está para “dar suporte” e mediar conflitos passa a ver o sujeito como “causador de problemas”.
O certo é que essas e outras atitudes incomodam e tais pessoas passam a sofrer perseguição – às vezes surda, o que é pior.


Essa é uma realidade, independente de quem esteja no poder, neste país.


No Maranhão, então… Aqui o jugo perpassa no tempo!


Teve início quando o Brasil era Colônia passando pelo Império e adentrou na República. Nesta, as oligarquias deram o curso do domínio e da submissão começando com Urbano Santos, depois Vitorino e, por último – espero – Sarney.


Nós, do Centro Matroá de Capoeira sofremos com o fato de não aceitarmos calado o que aconteceu por conta da aprovação do Projeto “A Punga dos Homens no Tambor de Crioula”, referente a um edital de 2010, mas aprovado no final de 2011 e executado somente em 2012.


Por falta de visão estratégica e gestão de quem à frente da SECMA, à época, ainda hoje o Matroá está inadimplente, pois o processo sumiu, ou, pelo menos não é encontrado. Isto, sem que nenhuma atitude seja tomada para sanar tal problema, pelo visto somente nas barras da justiça.


O projeto consistia em trazer para São Luís três turmas de Tambor de Crioula, todas, praticantes da Punga dos Homens. Ora, o projeto foi elaborado em 2010, de tal maneira que em 2012, todos os valores previstos para alimentação, hospedagem, pagamento de cachês, filmagem e demais itens previstos estavam defasados. Foi então que pedimos – uma vez que inciaria em uma sexta à noite e terminaria domingo pela manhã – que os valores nos fossem repassados integralmente, pois do contrário haveria prejuízos, vez que os componentes das Turmas eram, em sua maioria trabalhadores rurais e tinham deixado suas roças para cumprirem um acordo, por acreditarem na nossa palavra. Não houve condescendência, sensibilidade técnica, apenas a velha “viseira de burro”, fruto da cultura cartorial e “burrocracia” que vige e assola o país.


Havia um tal de Júnior – não sei bem ao certo, se esse era o nome do sujeito – encarregado de relacionamento com os grupos que tiveram seus projetos aprovados que, digo, o cara só andava no chão porque a gravidade não deixava ele subir.


O pior é que talvez achando que iriam punir-me, não foram ao evento e nem sequer enviaram alguém para saber se de fato estava acontecendo. Tudo isso, em razão de eu ter protestado veementemente em vista da péssima gestão da Superintendência de Cultura Popular, bem como, da falta de tato por parte de certos/as servidores/as, pois obviamente queriam que eu me submetesse ou me comportasse como a um “cordeirinho”.


Ao não abrir mão, a SECMA nos impelia a duas posturas, uma, não cumprir os compromissos acertados com aquela gente que nos recebera tão bem em seus respectivos lugares de origem, nos acolhendo, nos informando e fazendo-nos sabedores de sua ancestralidade. Optamos por pagá-los!


Em consequência, até hoje o Matroá está em dívida com Marcos Gatinho e Alberto Greciano, pelo maravilhoso trabalho que fizeram de filmar todo o evento. Decerto que se não tivessem completamente envolvidos e sabendo de toda a dificuldade por qual passamos poderíamos não ter tido material de relevante conteúdo cultural e salvaguarda.


Após a realização do evento fomos ao Povoado de Miranda do Rosário, junto à Turma de seu Zé Ribeiro e d. Elza, e lá, perante toda a comunidade passamos muito da filmagem realizada e deixamos uma cópia com os mesmos.

 

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