Pessoal,

Desejo a todos um excelente 2015!!!!

Espero que possamos ampliar o número membros e potencializar nossas discussões/ provocações por aqui.

Divulgue nossa comunidade aos colegas da área!!!!

Para iniciar o ano, colo um texto do Professor João Batista Freire, retirado do Blog que ele tem aqui no CEV.

Abraço,

Evando

 

BLOG DO JOÃO FREIRE

O conhecimento, para ser de boa qualidade e fiel à verdade, não precisa ser científico, mas, se quisermos que seja científico, temos que seguir as regras da ciência. Para ser científica, a produção do conhecimento precisa ter rigor e método na investigação e dar provas de suas afirmações. Dar prova não significa afirmar a verdade, mas sim oferecer argumentos para serem provados, para serem apreciados, no sentido de passarem por uma verificação crítica, para que o conhecimento produzido possa mostrar ser capaz de resistir às críticas.

Quando fazemos ciência, investigamos um fenômeno que resiste à compreensão. Por exemplo, durante milhares e milhares de anos as pessoas constataram que a água congelava quando a temperatura caía muito. Para muitos, isso era perturbador, gerando inúmeras explicações. A ciência, quando fundada, não se contentou em apenas constatar o fato e aceitar explicações superficiais; investigou com método e rigor o fenômeno e saiu-se com argumentos provados e resistentes, até hoje aceitos.

Dizer que as provas científicas devem ser matemáticas, necessariamente, é inaceitável. Dizer que as provas matemáticas são fortes, é sensato. Prova científica pode ser qualquer argumento poderoso, em qualquer linguagem. A linguagem matemática tem se mostrado extremamente poderosa para demonstrar fenômenos complexos, daí sua importância. Porém, teorias científicas importantíssimas como a psicanalítica ou a da seleção natural, esgrimidas por Freud e Darwin, foram apresentadas com argumentos tão fortes que resistem até hoje às provas.

A ciência é objetiva no sentido de não aceitar tergiversações. Se eu afirmo que tal procedimento pedagógico é poderoso e alfabetiza melhor que outro, é preciso provar isso com argumentos dificilmente refutáveis. Terei que decidir sobre o método de investigação e não me afastar de minha afirmação científica. Os críticos de minha teoria deverão se ater exclusivamente à minha afirmação e ser rigorosos quanto às exigências de minhas provas. Os cuidados quanto à aplicação do método e procedimentos de pesquisa não serão tomados para satisfazer uma banca examinadora, mas para permitir que o fenômeno seja cuidadosamente estudado. Caso o procedimento pedagógico em questão não se mostre capaz de alfabetizar melhor que outro, reconhecer isso também será científico.

Ciência exige não só rigor, exige também curiosidade, audácia, coragem, porque se trata de entrar no campo do desconhecido. Trata-se também de ousar, muitas vezes, contrariar ordens estabelecidas, conceitos aceitos há muito tempo. As grandes descobertas da ciência não foram feitas por pessoas exatamente conformadas com as coisas tal como estavam estabelecidas. Basta ver o exemplo daqueles que confrontaram a explicação religiosa de todas as coisas. Ser cientista, naquele tempo, significava arriscar a vida. Hoje é comum, nas universidades, que ser cientista signifique ser burocrata a serviço de uma ideologia produtivista estéril.

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