Pessoal,

Segue informação socilizada pelo professor Laércio.

Abraço,

Evando

 

Cevnautas,

Consegui colar a nota abaixo porque é d'O Público, de Portugal. Os jornalões brazucas resolveram não permitir esse tipo de difusão.

A reportagem entrevistando o Presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física - SPEF, Nuno Ferro, pode servir para o Brasil. Fiquei com saudade das APEFs.

Laércio (Sòcio da SPEF nº 1453)

Educação Física nas escolas, o elo mais fraco
Alexandra Prado Coelho 03/01/2015 - 10:09

Os professores de Educação Física estão indignados com o que consideram ser o desinvestimento do Governo nesta disciplina. E perguntam: se em todo o lado ouvimos falar da importância de praticar actividade física e combater o sedentarismo, porque é que nas escolas assistimos exactamente ao oposto?

Revistas, jornais, livros, programas de televisão, em todo o lado a mesma mensagem: combater o sedentarismo é fundamental para a saúde, é importante deixar o sofá e praticar actividade física, fazer ginástica, jogar futebol, correr, ou, pelo menos, andar. Então, interrogam-se os professores de Educação Física (EF), se é uma opinião aparentemente tão consensual, porque é que assistimos a um desinvestimento cada vez maior nesta disciplina nas escolas?

Um desinvestimento que, diz Nuno Ferro, presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física (SPEF), “começou claramente na actual legislatura”. O “primeiro sinal”, explica, surgiu com o decreto-lei 139 de 2012, que reduz a carga horária da EF no 3.º ciclo (do 7.º ao 9.º anos, em que passou a fazer parte de uma área de Expressões e Tecnologias) e no secundário (do 9.º ao 12.º, em que passou de 180 minutos semanais para 150).

O “segundo sinal” foi o facto de, de acordo com o mesmo decreto-lei, a EF deixar de contar para a nota final do aluno e para a média de acesso ao ensino superior. “Os alunos que estão numa aula que conta para a avaliação têm uma postura completamente diferente da que têm se souberem que não vai contar para nada”, sublinha Nuno Ferro. “E não nos foi dado um único argumento que sustente esta medida. A única coisa que nos foi dita foi que se pretendia tirar de cima dos professores de EF essa responsabilidade. Mas o nosso trabalho como professores, seja de EF, de Português ou de Matemática, é assumir o que representamos na vida dos alunos e agirmos em conformidade com o que eles fazem nas nossas aulas.”

O responsável da SPEF acredita que por trás da medida está a ideia de que uma má nota a EF poderia baixar a média de um aluno excelente a todas as outras disciplinas e pôr em causa o seu acesso à universidade. Mas, afirma, trata-se de um argumento que “não é fundamentado”. E explica porquê: “Pedimos a várias escolas para fazerem o levantamento daquilo que eram os efeitos da nota de EF e verificámos que a percentagem de alunos prejudicados na sua média final por causa dela é de 2 a 2,5%. Sendo que a nota de EF beneficiava os alunos em cerca de 46% dos casos. Trata-se de um estudo feito em 2012 em escolas da região de Lisboa, às quais pedimos esses dados, que o Ministério da Educação não tem.”

Além disso, Nuno Ferro argumenta que “não é possível a um aluno de 19 e 20 noutras disciplinas ser fraco a EF se a tiver, como está previsto pela lei, desde o 1.º ao 12.º ano”. Isto porque “a exigência classificativa da EF não tem nada a ver com criar talentos desportivos”, explica. “O que nós queremos é criar nos alunos o desenvolvimento de uma capacidade de desempenho motora que lhes permita, de forma ecléctica, abarcar várias áreas, da desportiva às actividades de exploração da natureza, passando pelas rítmicas e expressivas.”

E o que é, afinal, valorizado por um professor de EF? “As mesmas características que fazem um bom aluno em qualquer disciplina: tem que ser um aluno que cumpra, que seja aplicado e que procure o seu desenvolvimento. Um aluno que só lá vai mostrar aquilo que já sabe não satisfaz as exigências da EF.” Ou seja, “aquela ideia de que um aluno que é muito bom no futebol no clube da terra só por isso vai ter boa nota não é verdade, porque ele tem que ser bom também a dançar, por exemplo.”

Trabalho de equipa
A EF pretende também desenvolver o trabalho em equipa. “O aluno que pensa que é tão bom que pode pegar na bola e fintar todos, está a ter um comportamento que não é valorizado. A finta é tão importante como a capacidade de cooperar com os outros, o ter espírito de equipa, ajudar o outro, e a até a capacidade de demonstrar dificuldades perante os outros.”

Um problema que começa a aparecer com mais frequência, continua Nuno Ferro, é os alunos chegarem ao 3.º ciclo ou ao secundário sem a tal formação básica que deviam ter tido desde o 1.º ano. “Um dos grandes males de que padece a nossa área prende-se com a forma como é dada a EF no 1.º ciclo, que ainda funciona muito na lógica de ser apenas um professor que lecciona tudo. As áreas de expressão podiam ser dadas por um professor coadjuvante, mas em muitos casos nunca surgiram condições para que houvesse esses professores. É claramente uma área em défice, o que faz com que, por hipótese, possa haver miúdos entre os 6 e os 10 anos que não têm acesso a qualquer tipo de actividade física organizada, o que é um elemento muito negativo para todo o percurso deles.”

É muito importante começar cedo, insiste. “No fim do pré-escolar e início do 1.º ciclo os miúdos estão em idades críticas para alguns dos padrões motores fundamentais, que são a base para que possam ser pessoas fisicamente bem educadas. Começarmos esse processo de educação motora no 2.º ciclo é tarde. Apanhamos miúdos que já perderam muito do que eram as suas possibilidades, e vão estar sempre com algum atraso em relação aos que começaram no 1.º ciclo.”

FONTE com fotos e links: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/educacao-fisica-nas-escolas-o-elo-mais-fraco-1681012

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