Pessoal, continua rendendo na comunidade cevcafé o Projeto de Lei do Deputatado Federal do Paraná Ratinho Junior, que propõe que só uma das torcidas tenham acesso ao estado em dia de jogo.O Prof João Freire já está em busca de um titulo de eleitor do Paraná, na procura de mais algum ratinho ;-). Confira o tema "Projeto de Lei: Torcida só prum lado" http://cev.org.br/comunidade/cevcafe/

Comentários

Por Silvio Ricardo da Silva
em 10 de Fevereiro de 2010 às 15:57.

No ano passado essa história surgiu aqui em BH como o codinome “termo de ajustamento de conduta”. Nós do GEFUT nos mobilizamos e junto com outros grupos resolvemos refutar essa “idéia de gabinete”.

A questão da violência no futebol é muito mais complexa e não é com uma medida simplória como essa que as coisas se resolverão. Quando se fala de futebol e violência no Brasil, coloca-se este esporte como se fosse ele o gerador da violência, quando na realidade não passa de apenas mais uma esfera da sociedade onde a violência cotidiana se expressa. “Pérolas” como essa preocupam-se prioritariamente com a segurança dos torcedores dentro do estádio. No entanto, as manchetes de jornais nos últimos anos raramente trazem notícias de brigas dentro dos estádios; a maior parte das confusões ocorre de fato fora deles, muitas vezes a quilômetros de distância. Pesquisas conduzidas pelo Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas (GEFuT), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com torcedores freqüentadores do Mineirão nos anos de 2006 e de 2007 mostraram que a sensação de segurança que eles têm dentro do estádio é muito grande e que o momento de maior insegurança para eles na realidade é a saída do jogo, nas imediações do Mineirão e nas vias de acesso ao estádio. Por que preocupar-se justamente com o local onde os torcedores se sentem mais seguros? Não seria essa uma forma de camuflar os reais problemas que contribuem para a violência no futebol?

Qual é a mensagem que estão passando com uma medida como essa? Ao invés de tentarmos aprender a lidar com as diferenças e coexistirmos, o melhor é “exterminar” o outro, eliminar o diferente, não ter que conviver com ele? Como um país que será a sede da Copa do Mundo daqui a quatro pode dar um exemplo de intolerância tão absurdo? A Copa do Mundo que transmite (ou tenta transmitir) a imagem de povos unidos e em harmonia terá como sede um país que não consegue sequer comportar torcidas de dois times ao mesmo tempo?

O investimento a ser feito é na educação dos torcedores e não em ações coercitivas que acabam por afastá-lo daquilo que lhe é muito caro, estar ao lado do seu time. Quais escolas já levaram seus alunos a refletirem em suas aulas a questão do torcer? Quais os esclarecimentos são dados ao torcedor sobre seus direitos e deveres? Quando os torcedores serão ouvidos para saberem aquilo que desejam e propõem para o futebol?

Saudações

Silvio Ricardo da Silva


Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.