Aprendemos com Erich Fromm na década de 70, no Brasil, na sua obra Psicanálise da sociedade contemporânea que “a atitude alienada com relação ao consumo não apenas existe no nosso modo de adquirir e consumir mercadorias, mas determina, além disso, o emprego do tempo livre. Que podemos esperar? Se um homem trabalha sem verdadeira relação com o que está fazendo, se compra e consome mercadorias de um modo abstrato e alienado, como pode usar o seu tempo livre de um modo ativo e significativo?” Em O medo à liberdade, encontramos a constatação de que “a dificuldade especial de reconhecer até que ponto nossos desejos – e igualmente nossos pensamentos e sentimentos – não são realmente nossos, mas foram inculcados de fora, está estreitamente vinculada ao problema da autoridade e da liberdade. [...] Basicamente o eu do indivíduo é enfraquecido, de modo que ele se sente impotente e extremamente inseguro. Vive em um mundo com o qual perdeu qualquer relacionamento autêntico e em que todos e tudo se tornaram instrumentalizados, onde ele se tornou parte da máquina feita por suas mãos. Ele pensa, sente e deseja o que acredita que deve pensar, sentir e desejar”. Que conhecimento temos produzido capaz de contribuir para as políticas públicas de educação, saúde e lazer tratem a questão da ressignificação da vivência do lazer para o desenvolvimento humano? Precisamos encontrar novos caminhos. Nosso reencontro com a Psicanálise a partir de Freud, Reich e Jung tem nos conduzido por trilhas epistemológicas, metodológicas e ontológicas que parecem bem provocativas para os estudos do corpo, da corporeidade e do lazer. Os desejos do lazer encontram no terreno fértil da Psicanálise muitas possibilidades para novas configurações educativas e terapêuticas. Abrimos esta discussão para compartilhar questões que julgamos relevantes para o futuro de políticas públicas para o lazer e para outros campos da vida humana que o lazer se faz presença desejante de bem viver a vida com sentido autopóiético.

Comentários

Por Christianne Luce Gomes
em 18 de Janeiro de 2010 às 15:18.

Oi Katia,

eu particularmente nao tenho conhecimentos sobre o lazer na perspectiva da psicanalise, mas gostaria de sugerir um contato com o prof. Rodrigo Elizalde, que eh psicanalista (do Chile) e esta em intercambio docente na UFMG, trabalhando nas atividades de pesquisa do Grupo OTIUM - Lazer, Brasil & America Latina.

Nao estou certa se vc o conheceu, me parece que sim (ENAREL DE 2008). O email dele eh roelizalde@gmail.com. Quem sabe ele aceita o convite de se inscrever no CEV e trocar ideias sobre o tema neste espaco? Fica a sugestao, pois sempre estamos em busca de interlocutores sobre os temas que nos mobilizam. Abracos, Chris.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 20 de Janeiro de 2010 às 08:10.

Chris,

Agradeço o contato disponibilizado e vamos procurar trazer algumas ideias da abordagem psicanalítica para o debate sobre o lazer. Um grande abraço, Katia

Por Rodrigo Elizalde
em 23 de Janeiro de 2010 às 09:57.

Oi Katia e Chris.

Eu falo portuñol e no escribo portugues beim... voy a escribir en español, es más facil y más claro así.

Me interesó la propuesta de ser incluido, invitado, en este grupo de diálogo...

me pregunto,  por donde partir y comenzar?  Creo que lo primero es volver al origen y a algunas preguntas primeras ...

qué es ser humano? ...  cuál es la importancia del "lazer" para el ser humano? 

pueden ser estas unas preguntas iniciales por donde abrir un diálogo   :)

Un fuerte abrazo, Rodrigo

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 25 de Janeiro de 2010 às 11:37.

Prezado Rodrigo,

Sinta-se acolhido por este grupo que tem interesse em dialogar sobre as questões do Lazer e da Recreação. Que importância tem o lazer para o ser humano? Uma questão fundamental que deveria estar sempre nas pautas das nossas discussões. Os contextos socioculturais mudam, as sociedades evoluem, mas a questão do significado do lazer para o humano deveria continuar provocando as  reflexões de pesquisadores e profissionais que atuam na área da alegria de viver... Poderemos adentrar por esta trilha para descobrirmos novas belezas que nos encantam e que nos impulsionam a buscar a alegria de viver a vida com sentido. Apostamos no sentido ludopoiético do lazer para as nossas vidas. Um grande abraço, Katia


Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.