Resumo

No Brasil, a profissão de treinador esportivo é regulamentada pela Lei n. 9.696 (BRASIL, 1998), que exige a formação de Bacharel em Educação Física ou Esporte para atuação na área, destacando o papel inicial da Universidade. Contudo, diversos estudos apontam que os conhecimentos adquiridos durante a graduação não são suficientes para atuação profissional, sendo necessária a busca por conhecimentos em outros contextos. Haja vista que os recursos humanos são os elementos mais importantes de qualquer organização, os treinadores deveriam ser encarados como um capital valioso dentro de uma organização esportiva (CHELLADURAI; KERWIN, 2017). Dessa forma, ao incentivar o aprimoramento profissional dos treinadores, as organizações estariam investindo em melhores resultados esportivos ou sociais (no caso de treinadores de crianças e adolescentes, que assumem um papel educacional e acabam por formar não só atletas, mas cidadãos). Nesse sentido, a efetividade do trabalho do treinador esportivo é apoiada por um conjunto de conhecimentos e competências que extrapola o domínio dos conteúdos específicos da sua área de intervenção (conhecimentos profissionais), incluindo sua capacidade de se relacionar com outras pessoas envolvidas no contexto esportivo - atletas, pais, dirigentes (conhecimentos interpessoais), e sua habilidade de assumir uma atitude reflexiva acerca de sua função (conhecimentos intrapessoais) (CÔTÉ; GILBERT, 2009). O objetivo do presente estudo é, reconhecer as competências necessárias aos treinadores de voleibol de categorias de base de São Paulo, baseado na “tríade do conhecimento do treinador” proposta pelos autores Côté e Gilbert (2009) e, verificar se as organizações oferecem aos treinadores condições de trabalho condizentes com o que é esperado da figura do treinador com base nos estudos que buscam identificar os fatores que levam sistemas esportivos ao sucesso (DIGEL, 2002a, 2002b e 2005; GREEN; HOULIHAN, 2005; DE BOSSCHER et al., 2008; BÖHME; BASTOS, 2016). O universo do presente estudo é composto por treinadores de voleibol feminino das categorias de base do Estado de São Paulo. Foram consideradas apenas as equipes femininas inscritas nas competições organizadas pela Federação Paulista de Voleibol (FPV) durante o ano de 2019. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada que obteve aprovação prévia do Comitê de Ética. Espera-se que este estudo contribua para os conhecimentos da área de gestão esportiva e formação do treinador. Visando fornecer informações relevantes no nível organizacional. Levando em conta, entre outros aspectos, a análise dos recursos disponíveis, das condições específicas da organização e da modalidade e das relações de trabalho.

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