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Edição 4302

Somente 4% dos brasileiros visitam museus

A Associação Brasileira de Centros e Museus da Ciência (ABCMC) apresenta proposta de programa com 19 metas de popularização da ciência para os próximos 12 anos.
Em recente pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, 96% da população diz nunca ter visitado espaços científicos culturais como museus, planetários ou observatórios. Sabe-se também que o ensino fundamental e médio no Brasil não têm estimulado o aluno ao conhecimento científico. Como despertar este espírito, a curiosidade e o envolvimento com um aprendizado transformador? Estas questões foram discutidas na mesa-redonda "Conquistando Novos Públicos: Projeto Ciência Móvel", realizada no dia 14 de julho, na 63a Reunião da SBPC, em Goiânia.

Para José Ribamar Ferreira, diretor tesoureiro da Associação Brasileira de Centros e Museus da Ciência (ABCMC), o movimento de popularização da Ciência se desenvolveu no País com a implantação de políticas públicas. "Temos 200 espaços de divulgação científica atualmente no Brasil, mas estão concentrados nas áreas urbanas. O processo de democratização veio somente com o edital dos projetos Ciência Móvel, do Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2004. Hoje, eles totalizam 20 e estão em todas as regiões do país, de modo itinerante, com caráter permanente, equipe própria, diversidade temática e atividades lúdico-interativas", disse Ferreira.

Um destes projetos é o Ciência Móvel: Vida e Saúde para Todos, do Museu da Vida na Fiocruz (RJ) que promove a saúde, a preservação do patrimônio histórico-científico e do meio ambiente. Ele leva objetos interativos, como tubos musicais, espelhos sonoros, modelos tridimensionais de ouvido, modelo de microscopia, visualização de insetos, além de planetário móvel, vídeos científicos, exposições e contação de histórias para a região sudeste do País. O Projeto Caravana da Ciência, da Fundação Centro de Ciências e Ensino à Distância do Rio de Janeiro (CECIERJ) é outro exemplo e se insere neste estado. Segundo Natasha Von Held, responsável pelo projeto, ele já atendeu 120 mil pessoas, em 25 municípios fluminenses, desmistificando a ciência, despertando vocações e promovendo a inclusão social.

Em Campinas, vinculado ao Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, foi criado o projeto Oficina Desafio, com equipe de monitores multidisciplinares, que atende 80 alunos a cada visita. O que se pretende é colocar uma questão para que os alunos criem, inventem ou desenvolvam uma solução em grupo. Com apoio do CNPq, Finep, SBPC, ABCMC e Ministério da Ciência e Tecnologia, de 2006 a 2010, o projeto atendeu 372 mil pessoas, gerando um subprojeto chamado Grande Desafio, proposto às escolas. Para Adriana Rossi "é gratificante ver os olhos das crianças brilharem nestas atividades".

Já o Experimentoteca Móvel nasceu no Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB) com uma unidade móvel, mediadores, equipamentos e um planetário móvel. O público-alvo deste projeto são os alunos, professores e comunidades que estão em risco social, nas cidades satélites aos quais são apresentados cerca de 80 experimentos, a maioria de Física. Cássio Laranjeiras, do Instituto de Física, explicou que ações como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia popularizam a Ciência, mas concentram-se no plano piloto do DF; já as unidades móveis podem levar estes conhecimentos ao público do entorno. Para ele, o projeto de popularização da ciência só se dará mesmo na escola, pela educação formal. "O que acontece é que a nossa escola ensina, mas não estuda e acaba fazendo um simulacro da educação científica. O Ciência Móvel deve auxiliar a escola num processo de resgate da educação científica e não ser alternativa a ele", afirmou Laranjeiras.

Após oito anos do lançamento do edital do Ciência Móvel e visando aprimorar a proposta, a ABCMC apresentou o Programa Nacional POP Ciência 2022, que será discutido com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O programa apresenta 19 metas de popularização da ciência para os próximos 12 anos, entre as quais criação de lei federal para o desenvolvimento da popularização da ciência, meta de mínimo de 25% da população brasileira com acesso a espaços científicos, destinação de 5% dos fundos setoriais para a área, implantação de um museu de ciências em cada estado, de 100 novos espaços de popularização e 40 projetos Ciência Móvel.

O texto da proposta está disponível no site www.abcmc.org.br.
(Renata Oliveira - Jornal da Ciência)

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