Resumo

O objetivo deste estudo foi qualificar e analisar a resolução de freqüências por indivíduos com desenvolvimento cognitivo normal e atrasado usando tarefas psicoacústicas adaptativas de discriminação de freqüências. Duas tarefas psicoacústicas foram construídas através de um sistema computacional. A primeira, denominada tarefa Sim-Não (SN), foi desenvolvida para acessar, principalmente, a compreensão de crianças com idades abaixo de 6 anos e com atraso cognitivo. A segunda, denominada tarefa em Dupla Escolha-Forçada (EF), foi administrada em crianças de idade entre 6 e 7 anos e adultos. O procedimento SN foi administrado para todos os grupos investigados neste estudo. Para compor os grupos com desenvolvimento normal, 11 crianças para cada faixa etária, 5,6 e 7 anos, respectivamente, foram selecionadas de escolas comuns pré e primário da cidade de Rio Claro, Estado de São Paulo. Vinte e cinco indivíduos portadores de deficiência mental leve ou com atraso escolar, com idade mental média de 6 anos e 1 mês e idade cronológica média de 12 anos e 9 meses, foram selecionados de instituições de ensino especial da mesma cidade. Treze adultos também foram selecionados. Cada sujeito de cada grupo foi submetido a um treinamento nas tarefas SN e EF. Após os sujeitos alcançarem um desempenho em torno de 71% de respostas corretas, estes foram submetidos à sessão experimental. Frequências-teste de 1000 e 2000 hertz foram investigadas. Os resultados na tarefa SN, os quais foram baseados no Limiar Diferencial de Freqüência (LDF), para os grupos de 5,6,7 anos e adultos na frequência-teste 1000 hertz, foram os seguintes: 38.58, 14.76, 14.44 e 6.19 hertz, respectivamente. Estes valores foram alcançados baseados no critério de 71% de respostas corretas. O grupo com atraso cognitivo mostrou LDFs iguais a 31.56 hertz para a frequência-teste 1000 hertz e 42.29 hertz para a frequências-teste 2000 hertz. Os resultados na tarefa EF foram os seguintes: grupos de 6,7 anos e adultos, LDF na frequência-teste 1000 hertz: 25.88, 12.76 e 7.30 hertz; 2000 hertz: 39.62, 24.76 e 7.21 hertz, respectivamente. Os valores de LDF caíram conforme a idade e estado cognitivo na maioria das condições. Porém, a variabilidade permaneceu alta independentemente. A razão alta entre desvio-padrão e média, deveu-se às diferenças individuais dentro dos grupos com idade mais jovem e com atraso cognitivo, tais como: falhas atencionais, conceituais e de motivação. Por outro lado, nos grupos de crianças mais velhas e adultos, a variabilidade deveu-se à incerteza sobre o sinal, cuja distribuição ficou perto do ruído. A ANOVA conduzida entre os grupos na tarefa SN, mostrou níveis estatisticamente significantes na diferença entre as médias para os 0.01. Na análise através das médiasfatores idade e LDF a 50 e 71%, em separadamente, nem todas as comparações foram diferentes ao nível estatístico. Não foram encontradas diferenças entre as frequências-teste e entre os grupos de 6 e 7 anos na tarefa SN em qualquer condição. A ANOVA para a tarefa EF comparativamente com SN, resultou em diferenças para todos os aspectos: idade, LDF, frequência-teste e tipo de tarefa. Comparações de médias aos pares acusaram algumas diferenças estatísticas para alguns dos aspectos. As conclusões deduzidas dos dados foram as seguintes: 1) a discriminação de freqüências para sons não-verbais pode ser alcançada nas idades entre 5 e 7 anos e com atraso cognitivo, a partir de tarefas adaptativas SN. 2) A tarefa EF é mais apropriada para crianças mais velhas do que 6 anos. 3) As características atencionais de crianças com atraso cognitivo são atípicas se comparadas com as de 5 anos. 4) Ainda, o critério de idade mental não é um bom indicador para comparações idade relacionada com base no desenvolvimento. 5) Finalmente, devido à variabilidade alta e estável ao longo dos grupos, a incerteza devido às diferenças conceituais e de atenção parece se substituída sutilmente pela incerteza decorrente do desempenho sobre sinais próximos à distribuição do ruído.

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