Histórias da Capoeira

Parte de A arte da capoeira . páginas 33 - 77

Resumo

Fornecendo elementos para a história do Brasil, a história do jogo da Capoeira se fez presente em todos os períodos, desde a colônia. Inúmeros memorialistas e cronistas de costumes fixaram a imagem de capoeiras célebres e suas peripécias. À época do Brasil colonial, a presença da Capoeira já se encontrava de tal forma sedimentada na sociedade que os capoeiras passaram a formar uma classe. Premidos pelas circunstâncias, faziam usos variados da habilidade que a arte lhes conferia. Com o emprego de diversos instrumentos de ataque e defesa, passaram a prestar serviços aos membros das classes dominantes, que deles se serviam para a execução de crimes que garantiam a continuidade no poder. O cronista Luiz Edmundo fez interessante registro do capoeira dessa época, em ‘O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis’, retratando o Capoeira Carioca: “De volta, pelo caminho que vai à vala, penetramos a rua dos Ourives, das de maior concorrência na cidade. 'À porta do estanco de tabaco está um homem diante de um frade nédio e rubicundo. Mostra um vasto capote de mil dobras, onde a sua figura escanifrada mergulha e desaparece deixando ver apenas, de fora, além de dois canelos finos, de ave pernalta, uma vasta, uma hirsuta cabeleira, onde naufraga em ondas tumultuosas alto feltro espanhol.