Resumo

Este artigo demonstra as conexões entre imaginar nações e imaginar infâncias e defende um exame mais crítico dos papéis e das significações mudáveis das lembranças de infância em narrativas autobiográficas, assim como do crescente uso, no mundo inteiro, de memórias de infância para a construção do eu moderno. O vínculo entre o eu da criança e o eu do adulto é o corpo enquanto repositório de memórias e sistema de ação, e o exame profundo e contínuo das experiências de infância é geralmente considerado como uma parte central e natural da representação da pessoa adulta. Logo, as reminiscências de infância costumam desempenhar um papel importante nas narrativas de vida em termos de quantidade, intensidade, e centralidade, embora, ao mesmo tempo, tenham recebido pouca atenção teórica até agora. A meu ver, esses fatos fornecem a chave para a análise cultural do presente estágio da modernidade. Distingo as infâncias textuais das infâncias vividas e discuto o tipo de informação sobre uma infância vivida que as histórias de vida podem fornecer. Em particular, pergunto se as histórias de vida contadas por adultos podem nos ajudar a entender as experiências da infância do "ponto de vista da criança". A diferença entre o eu que narra e o eu que era atinge o seu auge quando as pessoas narram suas experiências da infância. É neste sentido que as lembranças da infância podem ser consideradas como "infâncias imaginadas". A discussão junta insights de muitas disciplinas e implicações para as teorias social e literária.