Resumo

Historicamente a Educação Física, assim como os demais componentes curriculares, vem contribuindo com a manutenção das estruturas de marginalização e opressão das instituições escolares, que não consideram a diversidade manifestada pela comunidade a que serve. Entendendo que as pessoas se educam ao longo de sua existência, relacionando seus saberes oriundos de diversas experiências para dar significando e sentido aos novos aprendizados, nos comprometemos neste estudo com o desenvolvimento de uma Educação Física que contraponha a educação bancária atualmente vigente. Este trabalho buscou organizar, realizar e investigar uma intervenção pedagógica pautada nos referenciais da Motricidade Humana e Pedagogia Dialógica em aulas de Educação Física Escolar com vista a responder a seguinte questão orientadora: Quais são as possibilidades de contribuição e desenvolvimento de uma práxis dialógica na Educação Física Escolar? E tendo como objetivo compreender os processos educativos desencadeados pela mesma, a fim de contribuir com a construção de uma práxis pedagógica em Educação Física. A intervenção teve o diálogo como elemento central e foi constituída de: investigação temática da qual participaram 34 crianças de uma turma de 4º ano do ensino fundamental, os respectivos pais, mães ou responsáveis, as funcionárias da escola bem como o professor de Educação Física e a professora da turma em questão; desenvolvimentos de atividades nas aulas regulares de Educação Física da turma, organizadas a partir dos temas geradores elencados. A investigação dessa intervenção pautouse em referenciais da pesquisa qualitativa e, para sua realização, foram utilizados registros em diários de campo e também entrevistas com as crianças participantes e com o professor de Educação Física da turma. Os dados foram analisados com inspiração na fenomenologia existencial, seguindo as fases: Identificação das unidades de significados, Organização das categorias e a construção dos resultados. Da citada análise emergiram as seguintes categorias: a) Convivência em diálogo, que trata dos momentos de diálogos durante a intervenção que buscavam o estabelecimento da Convivência entre as crianças da turma nas situações de aula, principalmente, nas quais surgiam atitudes de discriminação; b) Construção da autonomia em diálogo, que aborda situações registradas que possibilitaram uma compreensão sobre as condições que influenciam no processo de desenvolvimento da autonomia das crianças durante as aulas; c) Comunidade escolar em diálogo, que nos permite compreender as relações que se estabelecem entre as diversas pessoas que compõem a comunidade escolar, bem como tais relações podem contribuir para os processos educativos que se desenvolvem na escola. Nas considerações elencamos algumas das contribuições e limitações que observamos no processo de intervenção e acreditamos que estas podem fornecer subsídios para pensar e repensar a Educação Física e também a escola, a fim de desenvolver práticas pedagógicas que possibilitem o desenvolvimento de uma educação cada vez mais libertadora.

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